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janeiro 16, 2019

O Ódio que você Semeia por Angie Thomas

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501116130
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 378
Classificação: Muito Bom
Onde Comprar.
Sinopse: Durante o dia, Starr estuda numa escola cara, com colegas brancos e ricos. No fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia. Ainda muito nova, Starr aprendeu com os pais como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo.  Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas, Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.

O Ódio que você Semeia foi a minha última leitura em 2018, e apesar de sempre ter sido um livro bem comentado na época do lançamento, a obra da autora Angie Thomas até então não tinha chamado muito minha atenção. Em partes porque sempre fico com o meu pé atrás com livros que aparentemente se tornam “unanimidade” e principalmente porque não sentia que era um bom momento para uma leitura mais densa por assim dizer. Só que verdade seja dita, foi justamente dessa densidade, de algo que me causasse um impacto profundo durante a leitura, que mais senti falta.

Starr e sua família vivem no gueto dominado por gangues rivais e alvo constante da opressão policial. Os pais de Starr desde de muito cedo a ensinaram como uma pessoa negra deve comportar na frente de um policial e até então a adolescente leva uma vida normal, apesar de muitas vezes sentir que vive em mundos completamente diferentes. O mundo no gueto pobre e violento e o mundo perfeito de sua escola cara, com seus colegas brancos e ricos. Porém, o que Starr não podia imaginar é que seus mundos estavam prestes a se chocar.

Em uma noite ao voltar de uma festa com seu amigo de infância Khalil eles são parados por um policial. Embora Starr sinta que tudo acontece em câmera lenta, a verdade é que tudo foi rápido demais. Um movimento brusco, uma suposição errada e tiros atingem Khalil. Seu melhor amigo está morto e a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu naqueles poucos minutos é ela.

Agora Starr vai precisar decidir se continua vivendo paralelamente em seus mundos distintos, ou fará justiça a Khalil. Entre vencer o medo e encontrar sua voz a jovem acaba descobrindo que o preconceito usa várias máscaras e que é sempre mais fácil fazer suposições do que encarar os fatos.  Fatos esses que só serão exposto se ela tiver coragem e fazer com que todos escutem a sua voz. Mas, será que ela está disposta a pagar o preço por isso?

O Ódio que você Semeia aborda um tema atual, e não falo somente no que diz ao racismo inter-racial, mas no preconceito como um todo, especialmente levando em conta a grande onda de intolerância de todo o gênero e tipo pelo qual o mundo passa. A história de Angie Thomas é ambientada Estados Unidos, mas infelizmente ela não é tão distante assim do que acontece em algumas regiões aqui do Brasil. Só que uma parte de mim, sentiu que ficou faltando um aprofundamento maior nos problemas sociais enfrentados por Starr e sua comunidade no desenvolvimento da narrativa.

Não estou dizendo que a narrativa é superficial, pelo contrário para o público adolescente ao qual é destinado, O Ódio que você Semeia cumpre o seu papel e entrega uma mensagem importante. Porém, para o público mais adulto alguns elementos da obra podem acabar parecendo soltos e irrelevantes na abordagem do tema principal da história.

Para começar em diversos momentos senti que a autora focava mais a narrativa no cotidiano familiar e dramas pessoais da protagonista, do que abordava os problemas causados pela violência tanto policial como das gangues dentro da comunidade. De verdade, senti falta de algo que realmente me chocasse e levasse as lágrimas durante a leitura. Acredito que se a autora tivesse explorado outros núcleos como o da família do próprio Khalil, por exemplo, e os efeitos que a morte precoce do personagem causou a narrativa teria funcionado melhor comigo.

Isso não quer dizer que eu não gostei da Starr, a verdade é que em muitas situações tive dificuldade de me conectar com a personagem, pois parecia que ela própria não se sentia "confortável na própria pele”. Eu não conseguia ver o sentido dela ser uma pessoa diferente no gueto e na escola e principalmente esconder coisas importantes do Chris, seu namorado. Claro que durante o desenvolvimento da história é visível o amadurecimento que a personagem tem. Starr precisou enfrentar o próprio medo e de certo modo sair de sua zona de conforto para fazer a sua voz ser ouvida na multidão. E isso sem dúvidas, faz dela uma grande personagem.

Gostei bastante dos personagens secundários em especial da mãe da Starr, Lisa e do irmão mais velho dela, o Seven. Na verdade, embora Starr seja a grande protagonista da história, Angie Thomas construiu uma narrativa em que cada personagem desenvolve um papel-chave, até mesmo aqueles com participações menores. Por esse motivo, volto a dizer que a autora poderia ter intercalado a narrativa por outros pontos de vista e não centralizado tudo na Starr. Outro ponto é que achei o final corrido e abrupto, como se a autora estivesse com “pressa” se terminar a história.

O Ódio que você Semeia traz uma reflexão importante sobre a forma como nós nos comportamos e pregamos como sociedade, em especial para aqueles que são pais. Porque a criança em si ela é livre de preconceitos seja de raça, credo ou orientação sexual. Quem muitas vezes incute o pré-conceito em uma criança é a família e o pior é que muitas vezes nem percebemos o quanto comentários “banais” que fazemos em nosso dia a dia são preconceituosos.

Com uma linguagem simples, fluida e envolvente, O Ódio que você Semeia é um lembrete que embora muita coisa no mundo tenha evoluído, ainda não conseguimos acabar com alguns dos nossos maiores problemas: o preconceito.

 “Logo cedo, eu aprendi que as pessoas comentem erros, e você tem que decidir se os erros são maiores do que seu amor por elas.”

Mesmo não tendo correspondido às minhas expectativas como leitora, acredito que O Ódio que você Semeia é uma leitura atual e válida tanto aqui no Brasil, como em outro lugar do mundo. Pois, a intolerância e a falta de respeito e amor ao próximo estão cada vez mais fortes em nossa sociedade.

E as únicas pessoas que podem mudar essa triste realidade somos nós mesmos, seja nos policiando diariamente em relação aos nossos ações, comentários e pensamentos, mas principalmente na forma como educamos as nossas crianças. Afinal o ódio que semeamos cedo ou tarde se volta contra a gente.

Comentários via Facebook

17 comentários:

  1. Oi, Ane!
    Pena que não cumpriu suas expectativas, ainda que tenha sido uma leitura boa.
    Acho que a autora talvez não tenha se aprofundado tanto no tema e realmente nos problemas que ele causam por ser uma leitura YA.
    Aí seria pesado demais.
    Eu quero ler, mas nunca tive a oportunidade.
    E, como você, geralmente eu deixo a hype passar antes de ler.
    Quero conhecer mais a Starr, apesar dos pontos negativos que você citou.

    Beijooos

    www.casosacasoselivros.com

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  2. Oiii Ane

    Na época em que li esse livro, gostei demais, mas já sabia que teria uma abordagem YA e acho que já esperava por certos temas não ganharem aprofundamento necessário e outros ganharem destaque sem ser tão fundamentais, ainda assim acho que a mensagem e impacto que passa consegue convencer o leitor, trazer reflexão acerca do racismo e do preconceito. Entre as leituras YA que fiz acho que esse é um dos mais bacanas, por ser mais realista e cru que muitos outros juvenis

    beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  3. apesar das ressalvas pertinentes confesso que estou curiosa para ler, a trama além de atual é intrigante
    http://felicidadeemlivros.blogspot.com.br/

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  4. Oi Ane, sua linda, tudo bem?
    Também estava esperando por cenas fortes e emocionantes nesse livro. Já vi alguns filmes e até séries que retratam esse assunto, por isso queria que fosse melhor desenvolvido. Mas como você também acho a leitura super válida e não desisti dela, mas irei com menos expectativas. Adorei sua resenha.
    beijinhos.
    cila.
    https://cantinhoparaleitura.blogspot.com/

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  5. Oi Ane,
    Estou doida para assistir e ler, acho que assistir vai primeiro.
    Eu acho a premissa muito interessante, mas uma pena que tenha essas ressalvas da construção.
    Atualmente, eu me policio bastante antes de me expressar e não me arrependo.

    até mais,
    Canto Cultzíneo

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  6. Oi Ane, tudo bem?
    Compreendo totalmente o fato de você ter ressalvas, porque o livro foi super comentado e dizem que tem essa mensagem importante. Porém, uma narrativa superficial acaba tirando um pouco o impacto, né?
    Por outro lado, é bacana que obras mais adolescentes abordem esse tipo de coisa porque, ainda que de modo leve, podem levar os jovens leitores a refletir.
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  7. Amei sua resenha, vi comentários extremamente positivos sobre esse livro, tanto que estou doida para ler. Uma pena ele não ter te surpreendido, apesar de ter sido uma boa leitura.

    www.kailagarcia.com

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  8. Olá, Ane.
    Eu nunca me dou bem também com leituras que todo mundo elogia, por isso espero passar bastante tempo para ler. Eu quero ler esse livro, mas não sei quando vou conseguir ler ele porque ainda teria que comprar e estou me segurando esse ano hehe. Mas já vou ler ele sem muitas expectativas para não correr o risco de me decepcionar.

    Prefácio

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  9. Oi Ane.
    Desde do lançamento estou com muita vontade de fazer essa leitura, mas confesso que prefiro deixar passar o "burburinho" primeiro, gostei das suas ressalvas.
    Beijos

    Divagando Palavras
    www.divagandopalavras.com

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  10. Oi Ane,
    Eu acho que comigo aconteceu aquele famoso 'o menos é mais', sabe?
    Acho que esperava algo tão 'fora da realidade' que quando eu li, achei que o menos foi mais impactante e difícil. Eu demorei demais para concluir pq ficava pensando o quanto aquilo poderia ser real e fiquei bem abalada.
    Não é um livro favorito, mas tem seu destaque.
    beijos
    http://estante-da-ale.blogspot.com/

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  11. Oi, Ane!
    Eu gostei muito desse livro. Claramente tem seus defeitos, mas acho que ele é uma leitura muito essencial na nossa realidade.
    Beijos
    Balaio de Babados
    Concorra a quatro livros e mais um kit de marcadores no instagram

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  12. Oi Ane,

    Quero muito conferir o livro, mas estou esperando o momento certo para pegá-lo, uma pena ele ser superficial em certos aspectos, vendo todos os comentários na internet achei que o livro seria muito profundo e muito mais marcante.
    Espero que eu goste da leitura.
    Bjs e um bom fim de semana!
    Diário dos Livros
    Siga o Instagram

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  13. Oie!
    Acho que a sua resenha é uma das primeiras que eu leio que não é tão positiva. Ainda não li o livro e queria muito, mas não sei quando eu irei ter oportunidade. Acho que é uma boa indicação para os adolescentes lerem durante a escola, deve trazer ensinações incríveis. Uma pena que tenha te desapontado um pouco :(
    Beijos
    Our Constellations

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  14. Oi Ane,
    Li esse livro no finalzinho do ano passado e gostei.
    Achei que a autora soube abordar o assunto da maneira certa e conseguindo mostrar a evolução da star.
    Mas confesso que também esperava ter sido mais impactado. Fiquei pensando se o filme não é capaz de ter esse efeito, você chegou a assistir?
    Abraço,
    Alê
    www.alemdacontracapa.blogspot.com

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  15. Olá, Ane!

    Eu já tinha vista umas duas resenhas desse livro. Fiquei bem curiosa para saber como a trama se desenrola. Também prefiro que, se tratando de assuntos mais sérios, abordem com mais profundidade o lado social ou psicológico, desde que não seja muito parado, porque acabo por ter dificuldades na leitura.

    A sociedade em si é muito preconceituosa. São gerações e gerações ensinando as mesma coisa sem se policiar com coisa tão óbvias, ao não que você seja o "alvo". Não é só a família que ensona. Aprendemos enquanto vivemos. Tudo o que vemos, tocamos, escutamos e quando interagimos, estamos aprendendo algo e ensinando. Somos cercados de informações irrelevantes que, por serem tão fúteis, mas persistentes acabam por se tornar parte de quem somos, se permitimos.

    Parabéns pela leitura.

    Abraços.

    Ruby W.

    newsfallenbooks.com
    Instagram: @blogfallenbooks

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  16. Oi, Ane

    Talvez essa falta de profundidade seja mais do gênero mesmo. É um livro para um público mais jovem, então acredito que a abordagem tem que ser compatível. Não que adolescentes não sejam capazes de ler algo profundo, mas dentro do gênero a abordagem é outra mesmo.
    Eu coloquei o livro no meu desafio "19 para 2019" e em dado momento ele será lido. Vamos ver se também vou sentir o mesmo que você quanto ao desenvolvimento dos dramas mais, digamos, relevantes da história.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  17. Olá Ariane,

    Essa é a primeira resenha que eu leio desse livro, vi muito divulgação e fiquei curioso, apesar das sua ressalvas eu quero ler...bjs.


    https://devoradordeletras.blogspot.com/

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