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fevereiro 28, 2021

Cidade do Fogo Celestial por Cassandra Clare

| Arquivado em: RESENHAS


F
az quase sete anos desde que iniciei a leitura da série, Os Instrumentos Mortais e agora ao finalizá-la sinto um misto de dever cumprido e saudades. Ao longo de seis livros acompanhei a jornada e a evolução tanto dos personagens como também da escrita da autora, Cassandra Clare e Cidade do Fogo Celestial fecha uma saga, ao mesmo tempo em que cria e reforça as conexões entre sua história, com as outras que se passam no mesmo universo.

Ao finalizar a leitura de Cidade das Almas Perdidas, minhas expectativas estavam altíssimas com o último livro da série. Em partes elas foram atendidas, porém não nego que senti que a autora fez muito “rodeio” e com isso alguns pontos e personagens que podiam ter agregado mais a narrativa, acabaram ficando “esquecidos”.


ISBN: 9788501092731
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2014
Número de páginas: 532
Classificação: Ótimo
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Sinopse: Os Instrumentos Mortais – Livro 06
ERCHOMAI, Sebastian disse. Estou chegando.
Escuridão retorna ao mundo dos Caçadores de Sombras. Enquanto seu povo se estilhaça, Clary, Jace, Simon e seus amigos devem se unir para lutar com o pior Nephilim que eles já encararam: o próprio irmão de Clary. Ninguém no mundo pode detê-lo deve a jornada deles para outro mundo ser a resposta? Vidas serão perdidas, amor será sacrificado, e o mundo mudará no sexto e último capítulo da saga Os Instrumentos Mortais.

Essa resenha pode conter spoilers dos livros anteriores, por isso se você não quiser correr o risco pode pular três parágrafos.


A Clave nunca se viu diante de um inimigo tão astuto e temível com Sebastian Morgenstern.  De posse de sua criação o Cálice Infernal, ele segue espalhando o terror ao invadir os Institutos e transformando Caçadores de Sombras em seres maligno, os Crepusculares. Enquanto isso os nephilins que conseguem escapar se refugiam em Alicante, na esperança de que as torres demoníacas e as demais barreiras que protegem a cidade sejam fortes o suficiente para manter o filho de Valentim e seus seguidores afastados.

Quando Luke, Jocelyn, Magnus e Raphael são sequestrados para serem usados como moeda de troca, Clary e Jace sabem que não podem ficar de braços cruzados esperando que a Clave decida se vai ou não ceder às exigências de Sebastian.  Junto com Alec, Isabelle e Simon eles partem em uma jornada arriscada para um dos territórios do Inferno, o Edom. O grupo sabe que essa pode ser uma missão sem volta, mas eles têm a esperança de encontrar alguma forma de derrotar Sebastian em seu próprio domínio.

Traída e acuada a Clave sabe que é apenas uma questão de tempo, para guerra começar derrubando as barreiras que os protege. E dessa vez o inimigo não vai ser um demônio ou uma criatura a qual, eles foram treinados para derrotar. Será outro Shadowhunter, alguém que outrora os amava e que agora só tem um único desejo, - destruí-los. No Edom, Clary e Jace jogam a sua última carta contra Sebastian sem ter certeza se vão conseguir salvar aqueles que amam, o mundo e a si mesmos.

Como o capítulo final de uma série extensa, Cidade do Fogo Celestial apresenta um bom desfecho, mas confesso que esperava um “pouco mais”. A narrativa começa com um ritmo bastante lento e mesmo entendendo, a importância da autora interligar as diversas histórias que se passam no mundo que criou, senti que em muitos momentos os personagens de TIM acabaram sendo “deixados de lado”, por conta do espaço que a Cassandra deu aos personagens da série, Os Artifícios das Trevas.

Entendo que o cenário principal da história mudou de Nova Iorque para Alicante e o Edom, mas muitas situações que pediam para ser mais bem trabalhadas pela importância que desenpenham na narrativa, foram tratadas de forma rápida e superficial, como se a autora quisesse resolver logo um problema. 

Um bom exemplo disso é a Maia que teve um ótimo desenvolvimento no livro anterior, mas que em Cidade do Fogo Celestial apesar de desempenhar um papel relevante, acabou tendo sua participação reduzida por conta dos novos personagens.

Outro ponto que senti falta, foi da autora explorar mais a relação de Sebastian com a Jocelyn. Afinal, depois de tantos anos ressentimentos e arrependimentos, seria bem interessante ter visto mais interações entre mãe e filho. Inclusive porque como comentei em minha resenha anterior é muito perceptível que do modo “torto” dele, tudo o que Sebastian busca é amor.

Não há como negar que Sebastian é de fato um vilão, V maiúsculo. Ele é cruel, sádico e está disposto a literalmente trazer o apocalipse ao mundo para conseguir o que deseja. Adorei ver a ascenção do Sebastian na história, principalmente porque ele conquista seu o seu lugar por mérito próprio, ou seja, sem precisar se apoiar no legado deixado por Valentim.

Uma das coisas mais gratificantes de acompanhar em Os Instrumentos Mortais é a evolução da escrita da autora como também, o amadurecimento dos personagens. Não é segredo para ninguém que acompanha o blog, que não sou muito fã do casal protagonista da saga. No primeiro arco da história, todo drama envolvendo o relacionamento de Jace e Clary chegava a ser exasperante em especial, porque era nítido que os demais personagens tinham um potencial incrível para torna a narrativa mais instigante.

Cassandra Clare conseguiu corrigir isso na reta final da série. O casal protagonista continua tendo atitudes um tanto inconsequentes, mas não há como negar o quão corajosos Jace e Clary são. O Simon teve um crescimento imenso e ao menos em minha opinião, ele é um dos grandes heróis da história. Ele passou por tanta coisa e ao final se sacrificou para salvar seus amigos. Foi lindo acompanhar sua trajetória e isso, fez com que o meu carinho por ele aumentasse ainda mais.

Os irmãos Lightwoods também conquistaram mais visibilidade e relevância na construção da narrativa. A Isabelle foi sem dúvida uma das melhores surpresas que tive, pois na adaptação da Netflix os roteiristas em muitos episódios davam preferência por mostrar o lado mais “sexy” da personagem do que o conjunto de qualidades que fazem dela uma shadowhunter tão maravilhosa. Izzy desabrochou nos últimos livros e ao abrir o seu coração para o amor, ela demonstra de um modo muito bonito que a fragilidade também é parte daquilo que nos torna forte e mais humanos.

Admito que ao final de Cidade das Almas Perdidas, fiquei um pouco decepcionada com as atitudes do Alec. O caminho tomando pelo relacionamento dele com Magnus, deixou meu coração em pedaços e por esse motivo, foi tão recompensador ver como o Alec cresceu e aprendeu com as suas ações. Novamente vemos Magnus baixar a guarda como acontece em Princesa Mecânica e revelar não só os seus sentimentos mais profundos, mas seus medos também. Assim como Simon, ele está disposto a fazer grandes sacrifícios por quem ama e isso, faz dele um personagem ainda mais incrível.

Acho que não preciso falar o quanto amei as referências a trilogia As Peças Infernais e rever personagens tão queridos. Meu deu um quentinho gostoso no coração, mesmo já sabendo como algumas coisas aconteceram.

“— Somos todos parte do que lembramos. Guardamos em nós as esperanças e os medos daqueles que nos amam. Contanto que exista amor e lembrança, não existirá perda de fato.”

Cidade do Fogo Celestial deixa bem claro o quanto a Clave é falha como instituição e que, por mais que alguns membros se esforcem para diminuir o espaço que separa os nephilins dos membros do Submundo, o preconceito é algo que já está enraizado. Acredito até que esse será um dos pontos que a autora aborda com mais profundidade na trilogia Os Artifícios das Trevas, já que as pontas soltas que ela deixa aqui servem como ligação para a história de Emma Carstairs e Julian Blackthorn.

No geral a leitura da série
Os Instrumentos Mortais foi de altos e baixos, mas que ao final conseguiu entregar aquilo que prometeu. Sei que essa não é uma despedida definitiva do universo maravilhoso criado pela Cassandra Clare, mas não pretendo dar continuidade em Os Artifícios das Trevas agora. Na verdade, pretendo retornar ao mundo dos Shadowhunters, só quando a saudade apertar. Dessa forma, quando me reencontrar com personagens tão queridos estarei prepara para embarcar em uma nova, maravilhosa e imprevisível aventura. 


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