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setembro 04, 2019

Vergonha por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

A expressão: “Nunca julgue um livro pela capa”, é bem aplicada quando o assunto é o último romance da Brittainy C. Cherry publicado no Brasil, pela editora Record. Vergonha possui uma estrutura narrativa já bastante conhecida para os leitores da autora, porém confesso que assim como a aconteceu em No Ritmo do Amor, fiquei novamente com a sensação que a Brittainy acabou “pecando” um pouco pelo excesso. 

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.

ISBN: 9788501302854
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2019
Número de páginas: 420
Classificação: Muito bom
Sinopse: Um amor inesperado que surge de forma inusitada e arrebata a vida de Grace Harris. Grace Harris está perdida e sozinha em sua casa em Atlanta depois que o homem que ela pensou que ficaria a seu lado pelo resto da vida traiu sua confiança, partiu seu coração e saiu de casa, deixando seu casamento em suspenso. Grace resolve, então, passar o verão com a família em Chester, sua cidade natal, para respirar, dar um tempo de tudo. Sua vida está uma bagunça e o que ela precisa no momento é de um pouco de gentileza e compaixão. Por incrível que pareça, Grace encontra isso na pessoa mais improvável de todas: Jackson Emery, a ovelha negra da cidade. Conhecido como a erva daninha de Chester, ele é sinônimo de encrenca, e não faz nada para mudar essa imagem. Tendo perdido na infância o que havia de mais valioso na vida, Jackson se tornou um homem amargurado e não dá a mínima para o que pensam dele. Os caminhos de Grace e Jackson acabam se cruzando de um jeito inusitado e a tristeza profunda que carregam atrai os dois como ímã. Ambos sabem que não foram feitos um para o outro, mas, como tudo vai acabar mesmo com o fim do verão, resolvem deixar rolar e se entregar a uma diversão passageira. Porém, o que Grace não imaginava é que seu coração, já destroçado, seria obrigado a aprender que certos relacionamentos são capazes de causar dores muito profundas, e que é sempre preciso fazer uma escolha.

Pela sinopse fica claro que aqui vamos encontrar aquela velha história clichê, em que a boa moça se envolve com o bad boy da cidade e os dois acabam se apaixonando perdidamente. E por mais batida que essa fórmula possa parecer, ela continua funcionando bem, uma vez que é impossível durante a leitura de Vergonha não torcer por um: “E foram felizes para sempre” de Grace e Jackson.

Grace é o retrato da aparente perfeição. Ela é a boa filha, a boa esposa, tudo em sua vida é previsível e "perfeito", até que ela descobre que o seu marido é infiel. Sozinha e de coração partido, ela resolve voltar para sua cidade natal e passar o verão com a família e assim ter tempo para se curar e decidir qual será o rumo de sua história, agora que ela não tem mais o “homem da sua vida” ao seu lado.

Jackson é o total oposto de Grace. O jovem e seu pai são vistos como párias da pequena cidade. Aquelas pessoas que todo mundo quer que fique a quilômetros de distância de suas vidas de comercial de margarina. Só que por detrás de todo o comportamento hostil de Jackson existe um passado doloroso, que vamos descobrindo no decorrer da narrativa. Assim como, o que levou o seu pai a atual situação em que vive.

Quando Grace e Jackson se encontram ambos sabem que não tem nada em comum. Mas de alguma forma, a tristeza e a desilusão que os dois carregam em seus corações os tornam perfeitos um para o outro. Porém, é claro que essa união não será bem vista por muitas pessoas, especialmente por Loretta, a mãe de Grace. E quando os segredos sombrios são revelados, Grace e Jackson precisam decidir entre o passado que os maltratou ou o futuro que pode os curar.

Indo direto ao ponto o que mais me incomodou em Vergonha é o fato dos personagens serem terrivelmente estereotipados. A Grace é “boazinha” demais, enquanto o Jackson é "cruel" demais. E por mais que a autora busque justificar o jeito: “Não estou nem aí para o que pensam de mim” do protagonista, em muitos momentos a agressividade dele não é justificada. E antes que vocês me achem uma insensível, admito que meu coração em vários momentos ficou em pedaços pela criança que o Jackson foi e pelo adulto que ele acabou se tornando. Só que de verdade, eu não consigo entender o fato de um pessoa tratar mal, alguém que está apenas tentando ajudá-lo.

Esse exagero na caracterização dos personagens não ficou só no protagonistas, já que Loretta por exemplo, lembra aquelas vilãs amarguradas de novela mexicana. E tal como o Jackson, ela também tem seus motivos para ser assim. A Brittainy foi bem o oito ou oitenta. Se um personagem é “bom”, ele é altruísta demais e se ele é “mal”, ele será mesquinho demais. O único parênteses sobre isso que eu abro aqui é em relação ao Mike, pai do Jackson. Acho que a apesar de não ter se aprofundado tanto na questão do alcoolismo, a autora consegue passar um panorama geral do estrago que essa doença causa da vida da pessoa e de todos que estão a sua volta.

Só que mesmo com as minhas ressalvas, Vergonha foi uma leitura que prendeu a minha atenção do começo ao fim. A autora soube como fazer críticas pertinentes a uma sociedade que se esconde atrás da máscara do politicamente correto. O que muitos podem considerar como “hipocrisia religiosa”, ao meu ver soou mais como um lembrete que a realidade, especialmente dentro do meio familiar é muitas vezes bem diferente daquela que nós enxergamos do lado de fora.  E por isso não devemos atirar pedras no telhado do vizinho, afinal o nosso telhado também é de vidro.

Confesso que o final não me surpreendeu tanto assim, pois conforme a narrativa avança e os fatos do passado vão sendo revelados, meio que já dá para ter uma noção da direção que a autora vai seguir. Ou seja, foi previsível não de um jeito ruim, apenas não causou o efeito surpresa que talvez a Brittainy esperava causar quando teceu o enredo.

“O amor de verdade significava uma compreensão mútua. Um respeito pelos sonhos, pela esperança, pelos desejos e pelos medos.”

Mesmo que a narrativa de Vergonha, tenha se mostrado envolvente, confesso que infelizmente não consegui me sentir arrebatada pela história. Li diversas resenhas em que as pessoas enaltecem a obra e além de achar essa diversidade de opiniões algo positivo, é muito legal ver como cada leitor vivencia e tem suas próprias impressões sobre o livro. A escrita da Brittainy C. Cherry é fluida e possui uma beleza muito singela, porém o fato de eu não ter criado uma forte conexão com os protagonistas pelos motivos que citei acima, fez com que no geral a história não me cativasse tanto.

Claro, que ao final me vi com sorriso bobo no rosto por Grace e Jackson terem curado seus corações através do amor. O ponto é que eu esperava um toque a mais de leveza e romance aqui e não uma carga dramática tão forte. Talvez, essa que vos escreve tenha lido Vergonha, na época “errada” de sua vida.  E antes que eu me esqueça, o Tuck é o melhor personagem.

dezembro 13, 2018

No Ritmo do Amor por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501113399
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 336
Classificação: Bom
Sinopse: A linda e encantadora Jasmine Greene nasceu para brilhar. Cantora nata, ela cresceu sabendo que tinha vindo ao mundo para ser famosa, pois sua mãe — uma artista frustrada que concentrava na filha todas as suas expectativas — não a deixava se esquecer disso um minuto sequer. A vida da jovem de 16 anos se resume a estúdios, aulas de dança e canto e a inúmeros testes para ser o grande nome da música pop. Ela não tem tempo nem de ir à escola, é educada em casa e sofre com a rotina atribulada. Para Jasmine, o pior de tudo é não poder cantar soul, sua paixão. Mas ela não reclama, porque, na verdade, seu maior sonho é fazer com que a mãe tenha orgulho dela. Elliott Adams é uma alma atormentada. Para ele, cada dia é uma batalha a ser vencida. O rapaz tímido, humilde e franzino sofre bullying na escola por causa de sua aparência e por ser gago. Mas ele é mais forte do que imagina e encontrou em seu saxofone uma válvula de escape. Tira todas as suas forças dos acordes de Duke Ellington, Charlie Parker e Ella Fitzgerald, seus maiores ídolos. Quando Jasmine finalmente consegue a permissão da mãe para frequentar a escola pela primeira vez na vida, sente que ganhou na loteria. Adora estar cercada de pessoas da sua idade, que vivem os mesmos dilemas e questionamentos... ela só odeia ver o garoto mais encantador que já conheceu na vida sofrer na mão dos valentões e fará tudo o que estiver ao seu alcance para mostrar a Elliott que ele não está sozinho. Aos poucos, esses dois jovens sofredores irão descobrir que têm muito mais em comum do que o amor pela música. Mas será que vão superar as reviravoltas que o destino preparou para eles?

Nada como um bom romance água com açúcar para deixar nosso coração mais quentinho. E se tem uma autora que sabe como escrever histórias que nos deixam com um sorriso bobo no rosto, essa é a Brittainy C. Cherry. No Ritmo do Amor, possui todos os ingredientes que um bom fã de romance adora encontrar nos livros do gênero. Porém, o excesso de clichês e a falta de personagens bem desenvolvidos, fazem com que o livro tenha uma narrativa carregada de exageros e superficial.

Jasmine Greene passou a vida toda sendo preparada para o estrelato. Mesmo com a rotina puxada de aula de canto, dança e testes ela nunca se queixou da vida que tinha, afinal o seu maior sonho era que sua mãe se orgulhe dela. Depois de anos sendo educada em casa, Jasmine finalmente recebe a permissão para frequentar as aulas em um colégio como uma adolescente comum. Logo ela se torna uma das garotas mais populares atraindo a atenção de todos, incluindo a do tímido Elliott Adams.

Elliott ao contrário de Jasmine não é nada popular. Franzino e taxado como o esquisito do colégio, o humilde garoto é vítima constante de bullying, não somente por conta de sua aparência mas por ser gago. Só que o que poucas pessoas sabem que Elliott é um exímio saxofonistas, que tira de cada nota a força que precisa para superar seus dias difíceis no colégio. Quando Jasmine e Elliott se conhecem uma conexão quase que instantânea surge entre eles. Mas como duas pessoas tão diferentes podem ter tanto em comum?

Entre notas e melodias de jazz e soul, Jasmine e Elliott vão compondo a própria canção ao mesmo tempo em que a amizade juvenil dá espaço para o amor. Só que a vida tinha outros planos para os dois e uma mudança abrupta seguida de uma tragédia vai transformar suas vidas e seu relacionamento para sempre.

Em meu ponto de vista a grande falha em No Ritmo do Amor é o excesso de clichês que a narrativa possui. Fiquei com a sensação que a Brittainy C. Cherry quis dar a história um peso dramático trabalhando diversos elementos como: bullying, narcisismo materno, abuso sexual e violência, só que ao invés de se aprofundar nesses temas ela trabalhou tudo de modo muito apressado e vago. O que deixou a narrativa destoante em muitos momentos.

Jasmine é uma personagem que infelizmente não diz para o que veio na história. Desde o princípio é visível ver como ela permite que a mãe manipule cada aspecto de sua vida. Em diversas situações a garota age como se fosse somente uma “bonequinha de luxo” deixando com que a mãe e outras pessoas assumirem as rédeas de sua vida. De verdade eu estava esperando a grande reviravolta da personagem na história, pois em muitos momentos era perceptível que a autora estava preparando uma “grande mudança”. Só que o problema é que quando isso aconteceu, novamente foi de forma apressada e vaga. E sendo bem sincera, eu ao menos não consegui enxergar nenhuma evolução na personagem.

Gostei do Elliot e lamento muito, o fraco desenvolvimento do personagem e a forma com que as histórias que giram em torno dele foram mal aproveitadas. A trajetória dele tem toda uma base comovente e um acontecimento trágico que muda a sua vida para sempre. Porém, o modo como a autora descaracterizou a personalidade do personagem após esse acontecimento vez com a história ficasse meio sem sentido. O que é realmente um pena.

Brittainy C. Cherry é uma das minhas autoras favoritas, mas confesso que senti que em No Ritmo do Amor, ela “perdeu a mão” na hora de colocar suas ideias no papel. A história ficou tão exagerada e carregada de dramas que os personagens chegam a ser irritantes. O que sempre amei nos protagonistas da autora é o quão fortes e determinados eles são, mesmo nos piores momentos. Mas aqui, suas inseguranças deles chegam ao cúmulo do absurdo que só faz com que algumas situações forçadas e “ridículas”.

O que mais gostei em No Ritmo do Amor foi dos personagens secundários. TJ e Ray são aqueles personagens que se fossem pessoas reais eu ia querer guardar em um potinho de tão precisos. Laura a mãe de Elliot também é uma personagem incrível e que apesar de ter ganhado mais destaque no final da história, conseguiu me comover e me encantar com o seu imenso amor e bondade.

Ao final da leitura de No Ritmo do Amor, fiquei “satisfeita” o que encontrei, mas não nego que uma parte de mim ficou bem desapontada. Espero ter mais sorte com os próximos livros da autora.

“Você é a música em um mundo mudo, e meu coração bate porque você está aqui.”

Apesar de pecar em vários aspectos e ter sérios problemas em seu desenvolvimento, não posso negar que a escrita de Brittainy C. Cherry conseguiu me envolver e emocionar em alguns momentos. No Ritmo do Amor pode até não ser o melhor livro da autora, mas sem sombra de dúvidas mesmo com seus exageros entrega o que promete, - o típico romance água com açúcar.

novembro 01, 2018

Tudo Aquilo que nos Separa por Rosie Walsh

 | Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501113771
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 336
Classificação: Ótimo.
Sinopse: Imagine a seguinte situação: você conhece um homem, vocês passam sete dias maravilhosos juntos, e você fica apaixonada. E o que é melhor: o sentimento é recíproco. Você nunca teve tanta certeza de algo na vida. Então, quando ele parte numa viagem de férias agendada há muito tempo e promete te ligar para o aeroporto, você não tem nenhum motivo para duvidar disso. Mas ele não liga. Seus amigos dizem que você deve desencanar, que deve esquecer o cara, mas você sabe que eles estão errados. Eles não sabem de nada. Algo de ruim deve ter acontecido, deve haver um motivo sério para explicar o silêncio dele. O que você faz quando finalmente descobre que tem razão? Que existe um motivo ― e que esse motivo é a única coisa que vocês não compartilharam um com o outro? A verdade.

Assim que li a sinopse de Tudo Aquilo que nos Separa da autora Rosie Walsh pensei: “Preciso ler esse livro.”. Porém, por mais instigante que a sinopse se mostre ela não nos prepara para o que vamos encontrar de fato nas páginas desse livro, que sem sombra de dúvidas se revelou uma belíssima surpresa literária.  Com uma sensibilidade incrível, Rosie Walsh nos presenteia com uma narrativa que mescla drama, romance, suspense com personagens tão humanos que nos envolvem em suas histórias logo nos primeiros capítulos.

Há dezenove anos Sarah Mackey tenta superar uma terrível perda, e com todos os danos e consequências emocionais que essa perda causou e ainda causa em sua vida. A dor foi tanta que ela decide deixar para trás a sua família em Gloucestershire na Inglaterra e recomeçar em Los Angeles, longe de tudo e de todos que conhecem o seu passado. E ela consegue de certa forma reconstruir a sua vida. Sarah se casa com Reuben e juntos eles criam uma ONG de palhaços-doutores. Só que por mais que Sarah tenha se afastado de tudo o que lhe causava dor e sofrimento a ferida nunca cicatrizou direito.

Recém divorciada Sarah repete o ritual que faz todos anos, volta ao lugar em que seu mundo desmoronou. Porém, dessa vez é diferente porque Eddie David está lá. O charmoso e misterioso Eddie. Uma atração praticamente instantânea surgir entre eles, e pela primeira vez na vida Sarah consegue esquecer todas as suas dores e viver os sete dias mais incríveis de sua vida. Sarah se apaixonada por Eddie e ele retribui todos os seus sentimentos com a mesma força e intensidade.

Mas, Sarah e Eddie não podem ficar para sempre no refúgio seguro que ambos criaram. Ele está com uma viagem marcada para a Espanha e ela por sua vez tem compromissos em Londres antes de voltar para casa em Los Angeles. Porém, eles sabem que será impossível viver um longe do outro depois dos sete dias mais lindos que passaram juntos. Eles combinam de se encontrar depois de seus compromissos para pensar em uma forma do relacionamento dar certo mesmo com o cada um morando em um continente. Eddie promete ligar para Sarah, mas não liga.

A verdade é que Eddie some do mapa, deixando Sarah desesperada sem saber o que aconteceu com ele. Quando Sarah compartilha seus medos com seus amigos Tommy e Jo os dois acreditam que para Eddie a amiga só foi um caso de verão. Só que Sarah sabe que foi mais que isso e começa uma verdadeira busca por ele. E essa busca vai levá-la a de volta ao passado doloroso que ela infelizmente nunca conseguiu esquecer, reabrindo feridas e transformando a sua vida e todos os envolvidos para sempre.

Tudo que Aquilo que nos Separa possui uma narrativa linear e até certo ponto bem realista. Rosie Walsh traz um retrato fiel e cru de como acontecimentos dolorosos causam consequências que perduram por toda uma vida. E a autora consegue isso sem criar um enredo mirabolante cheio de reviravoltas e momentos chocantes. É tudo muito natural, até mesmo a “pegadinha de mal gosto” do destino que temos aqui.

Sarah e Eddie cada um ao seu modo passaram a vida toda se anulando e abrindo mão da própria felicidade pelo bem daqueles que amam. E essa abnegação e altruísmo os tornam pessoas maravilhosas. Cheias de defeitos é claro como todo o ser humano, mas essa capacidade de se deixar de lado para ver outra pessoa feliz, faz deles pessoas muitos especiais. Afinal, quantas pessoas conhecemos que são capazes de deixar a própria felicidade de lado por amor a outra pessoa?

Outro ponto positivo aqui é que enquanto a autora foi construindo a história de Eddie e Sarah ela também foi desenvolvendo a história dos personagens secundários. Com isso eles deixaram em vários momentos o papel de coadjuvantes para serem os protagonistas na narrativa também. A história do Tommy e da Jo, assim como da Jenni e do Javier desempenham um papel importante no ritmo da narrativa. Isso que não posso deixar de mencionar o peso dramático que a Carole, mão do Eddie traz para a trama. A Carole é aquela personagem que por mais que as atitudes dela parecem “mesquinhas e egoístas”, você não consegue ter raiva dela, porque no fundo se questiona se também não agiria da mesma forma.

Só que infelizmente nem tudo são flores nessa vida literária. Senti que faltou a autora ter explorado melhor a reaproximação de dois personagens na narrativa. Esse ponto em minha opinião era um dos mais importantes na história e passou completamente batido. Além disso, fiquei com a sensação que o final foi corrido demais. Rosie Walsh “pecou” um pouco na ausência de detalhes, detalhes esse que com certeza que fariam toda a diferença e fizeram muita falta no desfecho da obra.

“... é possível passarmos semanas, meses, até anos, apenas empurrando a vida, sem nada acontecer, e de repente, no intervalo de algumas horas, o roteiro de nossa existência ser completamente reescrito.”

Tudo Aquilo que nos Separa é um livro para se ler de coração aberto e estar preparado para tê-lo quebrado em vários pedacinhos. Rosie Walsh escreveu uma história dolorosa e ao mesmo tempo belíssima, sobre perdas, sacrifícios, perdão e amor.

outubro 25, 2018

Correndo Descalça por Amy Harmon.

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.




ISBN: 9788576866879
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 349
Classificação: Ótimo.
Sinopse: Quando Josie Jensen, uma desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade. Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vida e o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade. Profundamente romântico, Correndo Descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.

S
empre li resenhas positivas dos livros da autora Amy Harmon, porém somente com o lançamento de Correndo Descalça tive finalmente a oportunidade de conhecer o estilo de escrita da autora. Não é segredo para ninguém que acompanha o blog a mais tempo que essa blogueira que vos escreve adora um bom drama. E se esse drama vier acompanhado de uma pitadinha de romance é melhor ainda.  E Correndo Descalça é exatamente esse tipo de livro, em que a autora mescla com maestria os dramas do dia a dia com um romance sutil e belo.

Josie Jo Jensen desde muito jovem precisou aprender a lidar com perdas. Aos nove anos depois de perder a sua mãe, ela assume para si a responsabilidade de cuidar do pai e dos irmãos e com isso deixando cedo demais a infância para trás. Por um bom tempo o seu único refúgio são os livros, até que a chegada do casal Sonja e Doc a pequena cidade de Levan traz uma nova e inesperada mudança em sua vida. Com Sonja, Josie descobre uma nova paixão, a música. Josie passa a ter aulas de piano e entre as suas histórias e composições favoritas ela cresce e se torna uma adolescente solitária.

Mas, em uma manhã como outra qualquer, Josie conhece alguém mais deslocado e solitário que ela, Samuel Yates. Samuel é decente dos índios navajos e precisa lidar constantemente com o bullying no colégio e com a desconfiança de alguns moradores da pequena cidade que o vêm como um garoto problema. Uma amizade entre duas pessoas tão diferentes à primeira vista parece totalmente improvável, porém entre clássicos da literatura e da música, Josie passa a compartilhar com Samuel seus sonhos ao mesmo tempo em que ensina para ele o poder das palavras.

E através dessa convivência um sentimento mais forte acaba nascendo entre eles. Só que ambos são muito jovens para viver uma história de amor Samuel decide seguir seu caminho longe de Josie, que por sua vez se vê novamente precisando lidar com novas e dolorosas reviravoltas que a vida lhe reserva.

Anos de passam e quando eles de reencontram, Josie não é nem a sombra da pessoa que Samuel conheceu. Nem mesmo a música que tanto Josie amou no passado parece oferecer algum consolo para a dor que tomou conta de seu coração. E agora é a vez Samuel ensiná-la a ver a vida com outros olhos e principalmente a se permitir a amar e ser amada novamente.

Confesso que comecei a leitura de Correndo Sozinha sem saber muito ao certo o que iria e o que eu queria encontrar. Queria um livro que me emocionasse? Sim. Um livro que me deixasse encantada com um belo romance? Também. Mas, para minha felicidade Correndo Descalça não apenas conseguiu atingir esses dois objetivos, como foi um pouco mais além disso. Pois, conforme a leitura ia avançando, me via cada vez mais envolvida com as pequenas sutilezas contidas na narrativa e principalmente, com a sensibilidade como a autora desenvolveu a narrativa e seus personagens.

Em muitos momentos me identifiquei com a Josie, não só porque assim como ela, eu encontro nos livros e na música um porto seguro, mas pelo fato de ter precisado deixar a infância e até mesmo a adolescência cedo demais para cuidar dos outros. Eu conseguia compreender a solidão “auto imposta” da personagem, e o medo que suas atitudes acabassem por magoar as pessoas que ela ama.

Já com o Samuel eu tive não uma relação de amor e ódio propriamente dita, só que não nego que meus sentimentos pelo personagem em muitos momentos foram bem conflitantes. Tipo, eu conseguia entender a necessidade dele proteger a Josie e mostrar o seu valor, porém às vezes a forma como ela faz isso é muito dura e até mesmo um pouquinho “insensível”. Porém, é justamente a forma como o romance entre ele a Josie foi construído que tornar Correndo Descalça uma leitura tão sensível. Aqui vemos como a amizade simples e descomplicada de adolescência se transforma em um amor que sobrevive há anos de distância.

Os personagens secundários embora não tenham uma participação muito ativa também desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento da narrativa, em especial a Sonja e o pai da Josie. Eles se mantiveram ao lado da Josie nos momentos mais difíceis e cada um ao seu modo a ajudou a sobreviver não só a perda de pessoas queridas, mas de sonhos e oportunidades perdidas.

Gostei bastante como a Amy Harmon trabalhou os temas religião e espiritualidade também. Em nenhum momento isso deixou a narrativa pesada, pelo contrário contribuiu para aumentar ainda mais a sensibilidade do enredo. A minha única ressalva aqui é que senti que o final ficou um pouco “atropelado”, como se autora estivesse com pressa ou não soubesse direito como finalizar a história. 

“Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante.”

Correndo Descalça possui uma história muito sensível e emocionante e que ao mesmo tempo em que nos leva a refletir sobre as nossas dores. Amy Harmon construiu um romance terno e bonito, que apesar de todos os reveses se manteve forte em meio a fragilidade da vida.

julho 23, 2018

Em Outra Vida, Talvez? por Taylor Jenkins Reid.

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501109705
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 322
Classificação: Ótimo
Onde Comprar
Sinopse: Hannah está perdida. Aos 29 anos, ainda não decidiu que rumo dar à sua vida. Depois de uma decepção amorosa, ela volta para Los Angeles, sua cidade natal, pois acha que, com o apoio de Gabby, sua melhor amiga, finalmente vai conseguir colocar a vida nos trilhos. Para comemorar a mudança, nada melhor do que reunir velhos amigos num bar. E lá Hannah reencontra Ethan, seu ex-namorado da adolescência. No fim da noite, tanto ele quanto Gabby lhe oferecem carona. Será que é melhor ir embora com a amiga? Ou ficar até mais tarde com Ethan e aproveitar o restante da noite? Em realidades alternativas, Hannah vive as duas decisões. E, no desenrolar desses universos paralelos, sua vida segue rumos completamente diferentes. Será que tudo o que vivemos está predestinado a acontecer? O quanto disso é apenas sorte? E, o mais importante: será que almas gêmeas realmente existem? Hannah acredita que sim. E, nos dois mundos, ela acha que encontrou a sua.

Assim que li a sinopse de Em Outra Vida, Talvez? da autora Taylor Jenkins Reid fiquei curiosa com a premissa da história. Afinal quem nunca se perguntou como sua vida estaria se tivesse feito outras escolhas? Confesso que eu estava esperando uma comédia clichê totalmente previsível do começo ao fim, porém para minha felicidade fui surpreendida não apenas como uma narrativa deliciosa mas com uma história que podia acontecer com qualquer um de nós de tão dolorosa, divertida e real.

Hannah Martin vive pulando de cidade em cidade tentando se encaixar e encontrar o seu lugar no mundo. Mas, após sofrer a maior decepção amoroso de sua vida, ela resolve voltar para sua cidade natal, Los Angeles. Hannah acredita que com a sua melhor amiga Gabby ao seu lado, ela finalmente vai conseguir encontrar um sentido para vida e colocá-la nos trilhos. E nada melhor do que uma festa de boas-vindas para fazer com que a gente se sinta em casa, não é mesmo?

Então Gabby tem a ideia de reunir os velhos amigos dos tempos de colégio em um bar, incluindo Ethan o ex-namorado de Hannah. Só que no meio da festa Gabby e seu marido Mark precisam voltar para casa mais cedo e Hannah precisa escolher se volta com eles, ou se fica um pouco mais com Ethan. E como tudo na vida tem dois lados, a escolha que Hannah fizer vai mudar a sua vida para sempre.

Não vou dar mais detalhes sobre o enredo por que não quero correr o risco de dar spoilers e estragar a surpresa que vocês terão durante a leitura. Taylor Jenkins Reid construiu uma história leve, mas que ao mesmo tempo aborda um tema que muitas vezes nos assusta por, - escolhas. Adorei o modo como a autora construiu a história mostrando através duas realidades alternativas como cada escolha por menor que seja acaba gerando situações e trazendo pessoas as nossas vidas com o poder de mudá-la para sempre.

A narrativa de Taylor Jenkins Reid é leve e fluida e seus personagens são tão cativantes que é praticamente impossível não se conectar com eles. Confesso que em muitos momentos me identifiquei com a história, especialmente por que às vezes eu fico divagando sobre onde e como estaria se tivesse ido para esquerda ao invés da direita em um determinado momento de minha vida.

Hannah é uma personagem divertida que depois de tantos anos trabalhando em algo que não gosta e pulando de cidade em cidade sem nunca ter encontrado o seu lugar no mundo. Por isso, quando Hannah volta para Los Angeles, é como se ela tivesse uma tela em branco, uma nova chance para recomeçar. E é surpreendente como a autora conduz não somente a história de Hannah, mas de todos os personagens levando em conta as decisões que eles tomam e a forma como elas influenciam o nosso futuro.

Outro ponto que me conquistou na narrativa é a amizade de Hannah e Gabby. É uma tão linda, tão forte que de verdade é impossível ler sem querer se tornar a melhor amiga delas. As duas a sua forma estão passando por momentos complicados na vida, momentos em que tudo parece estar desmoronando e mesmo assim elas permanecem unidades se apoiando em todas as situações. Eu simplesmente adorei a Gabby! Sério ela é uma melhor amiga incrível!

Gostei muito também do Ethan e do Henry (), pois embora ambos possuam personalidades diferentes é visível o quanto eles se importam com a Hannah e desejam que ela seja feliz. Eu sei que a primeira vista parece que é mais um triângulo amoroso, mas posso garantir para vocês que a autora nos surpreende novamente no modo como ela conduz os relacionamentos de Hannah.

Acredito que isso foi justamente o grande diferencial e Em Outra Vida, Talvez?, durante a leitura para essa autora que vos escreve. Pois mesmo que Taylor Jenkins Reid tenha usado alguns elemento presentes na comédias românticas e livros do estilo chick-lit, a autora nos presenteia com uma história que além de divertida nos faz refletir sobre nossa vida e nossas próprias decisões. Sobre as coisas que almejamos e o que de fato fazemos para conquistá-las. Sobre o amor e as várias formas de encontrarmos a pessoa “certa”. Ao final mesmo com os clichês, me vi com um sorriso bobo no rosto e feliz por que cada personagem a sua maneira encontrou o seu, o caminho para a felicidade.

“A diferença entre a vida e a morte pode ser tão simples e desconfortavelmente pequena quanto um passo dado em qualquer uma das duas direções.”

Em Outra Vida, Talvez?, foi uma leitura que me surpreendeu em vários sentidos e me arrisco a dizer que de uma maneira muito simples, foi uma das minhas melhores leituras do ano até o momento. Leve, divertido e cativante! Espero ter oportunidade ler outras obras de Taylor Jenkins Reid.

maio 24, 2018

A Força que nos Atrai por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788501301529
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 308
Classificação:
Sinopse: Série Elementos – Livro 04.
Graham e Lucy não foram feitos um para o outro. Mas é impossível resistir à atração que os une. Graham Russel é um escritor atormentado, com o coração fechado para o mundo. Casado com Jane, um relacionamento sem amor, ele vê sua vida virar de cabeça para baixo quando Talon, sua filha, nasce prematura e corre risco de morte. Abandonado pela esposa, ele agora precisa abrir seu frio coração para o desafio de ser pai solteiro. A única pessoa que se oferece para ajudá-lo é Lucy, a irmã quase desconhecida de Jane. Apaixonada pela vida, falante e intensa, ela é o completo oposto de Graham. Os cuidados com a bebê acabam aproximando os dois, e Lucy aos poucos consegue derreter o gelo no coração de Graham. Juntos, eles descobrirão o amor, mas os fantasmas do passado podem pôr tudo a perder.

Estou há alguns minutos olhando para a tela de meu notebook sem saber ao certo como começar essa resenha. A série Elementos da autora Brittainy C. Cherry terá sempre um lugar especial em meu coração, pois cada uma de suas história me tocou e emocionou de uma forma diferente. E ouso fizer que a autora deixou o melhor para o final, por que A Força que nos Atrai é sem dúvidas, um dos romances mais doces e lindos que já li em minha vida.

Graham Russell é um escritor de inúmeros best-sellers de terror, e assim como as histórias que escreve tem um alma atormentada pelos fantasmas de um passado sombrio. Para o mundo exterior a vida de Graham é perfeita, mas a verdade é que quase tudo em sua vida é uma fraude incluindo que seu casamento por conveniência com Jane.  Quando a bebê do casal, Talon nasce prematura e fica entre a vida e a morte, Jane abandona a família deixando Graham desesperado.

Porém é nesse momento tão conturbado que Lucille, ou Lucy a irmã que Jane sempre fez questão de manter longe de sua vida aparece. Lucy é o extremo oposto da irmã e de Graham, pois enquanto os dois são frios e fechados para o mundo, ela é um espírito livre e vive cada minuto de forma apaixonada. A princípio Graham faz de tudo para mantê-la distante, mas ela não se deixa abalar pelo modo rude dele, ao contrário sem ele perceber Lucy começar a fazer parte do seu dia a dia.

Conforme o tempo passa, o amor por Talon e a convivência faz com que surja uma amizade e um companheirismo até então improvável para alguém como Graham. Afinal, ele é a pessoa que não se permiti a sentir nada, enquanto Lucy sente tudo. E aos poucos a hippie esquisita acaba preenchendo todos os espaços vazios de sua vida e principalmente de seu coração.

E mesmo sabendo que estão apaixonados um pelo outro, tanto Graham como Lucy tem medo de assumirem esse sentimento, pois embora Jane tenha partido a presença dela ainda está entre eles. Mas, será que eles vão conseguir negar o que sentem um pelo outro por muito tempo? Graham e Lucy vão descobrir a força que o verdadeiro amor tem, e que quando ele surgi ninguém consegue nega-lo e fugir dele.

Confesso que ao escolher A Força que nos Atraí para ler em uma noite de sábado, esperava encontrar um romance com uma boa carga dramática e clichê que encontrei nos livros anteriores da autora. Em partes a narrativa possui todos esses elementos, porém o que torna esse livro tão incrível e emocionante é o modo como Brittainy C. Cherry construiu toda a história.

O romance entre Graham e Lucy não é fast, não é aquela paixão rompante que surgiu do dia para noite, e sim um relacionamento que foi construído aos poucos. E acompanhar a trajetória deles e ver como os sentimentos deles se transformam da “necessidade” de ter um apoio por conta da Talon para o amor é lindo. E toda a carga dramática é desenvolvida com muita leveza e suavidade o que nos torna ainda mais próximos dos personagens.

Além disso, Brittainy conseguiu trabalhar muito bem os personagens secundários. Aqui eles não são meros coadjuvantes, mas peças fundamentais para torna a narrativa ainda mais fluida e envolvente. Adorei o Ollie e a Mary, do mesmo modo que fiquei com muita raiva da Mari e principalmente da Jane em alguns momentos. Tudo bem que algumas atitudes egoístas delas são “compreensíveis”, mas no caso da Jane isso não justifica abandonar a filha (...).

As últimas cem páginas li com lágrimas nos olhos, e ao final fiquei com um sorriso bobo no rosto e com o coração mais quentinho. De todos os livros da série, O Ar que Ele Respira até então era o meu favorito, porém depois de ler A Força que nos Atrai isso mudou um pouquinho. É impossível não se apaixonar perdidamente pela história de Graham e Lucy e não desejar para si um relacionamento construído através de uma amizade, que é forte o suficiente para passar por todos os obstáculos que tanto a vida como nós mesmo colocamos em nosso caminho.

“Chegará um momento em que vou decepcioná-la. Não quero que isso aconteça, mas acho que, quando as pessoas se amam, às vezes elas decepcionam umas as outras.”

Fechando a série com chave de ouro, Brittainy C. Cherry ao longo de quatro belas narrativas, nos presenteou com personagens fortes e cativantes que nos encantam com suas histórias de superação e amor. Mas posso esperar para ler o próximo livro da autora ().

Veja Também:

fevereiro 12, 2018

O Silêncio das Águas por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788501109644
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 364
Classificação: Ótimo
Sinopse: Elementos – Livro 03.
Quando a pequena Maggie May presencia uma cena terrível à margem de um rio, sua vida muda por completo. A menina alegre que vive saltitando de um lado para o outro e tem uma paixonite por Brooks Griffin, o melhor amigo de seu irmão, sofre um trauma tão grande que acaba perdendo a voz. Sem saber como lidar com o problema, sua família se vê em uma posição difícil e tenta procurar ajuda, mas nenhum tratamento vai adiante. Ao longo dos anos, Maggie aprende sozinha a conviver com os ataques de pânico e, sem conseguir sair de casa, encontra refúgio nos livros. A única pessoa capaz de compreendê-la é Brooks, que permanece sempre ao seu lado. A cumplicidade na infância se transforma em amizade na adolescência, até que um dia eles não conseguem mais negar o amor que sentem um pelo outro. Mas será que o forte sentimento que os une poderá resistir aos fantasmas do passado e a um acontecimento inesperado, que os forçará a navegar por caminhos diferentes?

Nada é mais gratificante para um leitor do que encontrar um livro que o cativa e emociona do começo ao fim. E foi exatamente este sentimento que esteve presente durante a minha leitura de O Silêncio das Águas, o terceiro livro da série Elementos da autora Brittainy C. Cherry. Esse foi aquele livro que logo nas primeiras páginas aqueceu meu coração, e que ao final meu deixou com um sorriso bobo no rosto.

Maggie May é uma menina alegre que vive atrás do seu irmão Calvin e seu melhor amigo Brooks Griffin. E mesmo que a presença dela seja uma chateação para os garotos, nada pode afastar Maggie de Brooks, - a sua grande paixonite. Porém, após presenciar uma terrível cena, Maggie deixa de ser  menininha que contagia a todos com sua alegria. Algo naquele dia a quebrou por dentro, levanto junto a sua voz.

A sombra do que aconteceu naquele dia se estendeu por anos sobre toda a sua família, que do dia para noite teve que se acostumar com a ausência da voz de Maggie.  Ela própria aprendeu sozinha a lidar com seus ataques de pânicos e ver a vida passar através das janelas do seu quarto, e nas páginas dos livros que lê.  A única pessoa depois de seu pai que parece capaz de ouvir o seu silêncio é Brooks.

Brooks sempre permaneceu ao seu lado e conforme o tempo passou a amizade e a cumplicidade da infância se transformou em algo maior. Mas será que esse sentimento forte o bastante para curar Maggie do trauma que sofreu? Ou a maré da vida os guiará por caminhos diferentes em que ambos ao seu modo vão precisar encontrar a sua voz.

O Silêncio das Águas possui uma narrativa tocante que logo nas primeiras páginas nos conecta com seus personagens. Brittainy C. Cherry escreveu uma história com uma forte carga dramática, porém isso em nenhum momento deixa o enredo “pesado”. Aqui é tudo muito sutil e leve, e talvez por esse motivo emocione tanto.

Uma das coisas que mais me encantou durante a leitura foi ver o modo como à relação de Maggie e Brooks é construída. Aqui não temos aquela paixão ou desejo rompante que surgiu do “nada”. O que torna o relacionamento deles bonito é justamente a amizade que existe e se sobressai à paixão. É aquele tipo de companheirismo que mesmo com as reviravoltas da vida e das decisões “erradas” que muitas vezes tomamos continua existindo.

Maggie é uma personagem incrível e está longe de ser considerada uma garota frágil. E apesar do trauma e das consequências dele a impedirem de viver uma vida “normal”, ela nunca deixou de sonhar e principalmente de apoiar aqueles que ama. O Brooks pode até passar aquela imagem de príncipe encantado perfeitinho, porém a autora soube como explorar as fraquezas do personagem e isso o tornou ainda mais apaixonante ().

Além disso, O Silêncio das Águas é muito mais do que apenas a história de amor entre duas pessoas. Brittainy C. Cherry apresenta aqui de um modo doloroso e real não apenas os impactos que um trauma causa na vida da pessoa e, mas também em que é próximo a ela.  Com maestria a autora mostra como a família de Maggie foi atingida mesmo que indiretamente pelo o que aconteceu naquela tarde fatídica. E por mais que algumas atitudes da mãe de Maggie, Katie e de sua irmã Cheryl tenham me incomodado e até me deixado com raiva em determinados momentos, é impossível não “entender” os motivos que elas tinham para agir daquele modo.

O Ar que Ele Respira, continua sendo o meu livro favorito da série, mas não nego que O Silêncio das Águas ficou ali de mudar isso. Pois a minha única ressalva em relação a ele é que senti que o final além de corrido, deixou um pouco a desejar. Tipo por tudo o que a narrativa abordou e pela forma que autora estava conduzindo a trama, o desfecho embora emocionante ficou “simplista” demais em minha opinião.

“E aqueles que acreditam em você quando nem mesmo você acredita mais são justamente aqueles que você precisa manter por perto.”

O Silêncio das Águas possui um ritmo suave, do tipo que nem percebemos a hora passar de tão envolvente que é a sua história. Brittainy C. Cherry nos presenteia com uma narrativa que fala de amor na sua forma mais sublime. Àquela que navega por águas calmas em alguns dias e tempestuosas em outros, mas que mesmo assim permanece forte.

Veja Também:
O Ar que Ele Respira.  
A Chama Dentro de Nós.

fevereiro 07, 2018

O Príncipe Corvo por Elizabeth Hoyt

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788501109811
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 350
Classificação: Bom
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Sinopse: Trilogia dos Príncipes – Livro 01.
Anna Wren está tendo um dia difícil. Depois de quase ser atropelada por um cavaleiro arrogante, ela volta para casa e descobre que as finanças da família, que não iam bem desde a morte do marido, estão em situação difícil. Em que ela deve fazer o inimaginável. E encontrar um emprego. O conde de Swartingham não sabe o que fazer depois que dois secretários vão embora na calada da noite. Edward de Raaf precisa de alguém que consiga lidar com seu mau humor e comportamento rude. Quando Anna começa a trabalhar para o conde, parece que ambos resolveram seus problemas. Então ela descobre que ele planeja visitar o mais famoso bordel em Londres para atender a suas necessidades “masculinas”. Ora! Anna fica furiosa — e decide satisfazer seus desejos femininos… com o conde como seu desavisado amante. Ao descobrir que o conde de Swartingham visita um bordel para atender suas “necessidades masculinas”, Anna Wren decide satisfazer seus desejos femininos... com o conde como seu amante.

Desde que a Editora Record divulgou o lançamento da Trilogia dos Príncipes da autora Elizabeth Hoyt, essa que vos escreve ficou bastante curiosa. Afinal, não é segredo para ninguém que sou fã de romances de época.  E apesar da história de O Príncipe Corvo não ser ao todo que eu esperava, gostei bastante da forma como autora construiu os personagens.

Anna Wren é uma jovem viúva que precisa desesperadamente de um trabalho para manter a casa onde vive com a sogra e mais uma ajudante. Anna sabe que a sociedade do pequeno vilarejo onde mora, pode não ver com bons olhos uma mulher de sua posição trabalhando fora de casa. Mas entre a opinião dos outros e o pão de cada dia, ela fica com a segunda opção e parte em busca de uma ocupação digna que possa exercer. A oportunidade surge depois que dois dos secretários do temível conde de Swartingham deixam a mansão Ravenhill do dia para noite.

Edward de Raaf é conhecido pelo seu humor nada amigável, porém de alguma forma Anna consegue lidar com o temperamento rude do conde. Tudo parece estar resolvido para ambos os lados. Anna consegue um emprego digno para sustentar a sua casa e Edward um secretário, ou melhor, dizendo secretária competente que não saí correndo por causa dos berros dele. Só que a relação que devia ser apenas profissional, aos poucos com a convivência acaba se transformando em algo mais forte.

O conde de Swartingham sabe que não deve nutrir os pensamentos pecaminosos que vem a sua mente sempre que Anna está por perto. Por isso, ele busca encontrar um “certo alivio” da tentação longe de casa. Mas Anna não fica nada feliz com isso e decide que se o conde vai procurar diversão na cama de alguma dama, que a dama em questão seja ela.  Mas será que uma única noite de amor vai ser o suficiente para aplacar a paixão que surgiu na sombria Ravenhill?

Um dos pontos que mais me chamou a atenção em O Príncipe Corvo é que ao contrário da maioria dos livros do estilo, aqui os protagonistas são mais maduros o que dá a narrativa um tom mais “adulto”, por assim dizer. Além disso, ao apresentar um protagonista que foge completamente do estereótipo de príncipe encantado, Elizabeth Hoyt acaba dando um toque mais real e “humano” para sua história. Gostei muito do modo como à autora desenvolveu a personalidade da Anna. Tipo, ela não está preocupada com o que vão falar dela e age sempre conforme a sua consciência, mesmo que às vezes isso signifique quebrar as regras da sociedade. Anna sabe o que quer, e não está disposta abaixar a cabeça nem mesmo para Edward.

Porém, apesar desses dos pontos positivos, a obra de Elizabeth Hoyt não apresenta nada de muito novo. A narrativa é aquele clichê previsível que em muitos momentos peca por detalhes desnecessários.  Na verdade o que realmente prendeu a minha atenção durante a leitura foram os trechos conto do Príncipe Corvo presentes no começo de cada capítulo. Esse conto, não só dá nome ao livro como desempenha um papel bem interessante na narrativa como um todo.

Como comentei no começo da resenha, ao iniciar a leitura eu esperava uma história e acabei encontrando algo um pouco diferente. Gostei de uns pontos e de outros não gostei tanto assim. No fundo a impressão que fiquei é que a autora tentou fazer uma releitura de A Bela e Fera com uma pegada mais sensual e sombria, que até funcionou bem. Porém deixou aquela incomoda sensação que podia ter sido melhor.

“– Você está sugerindo que estou mentido?
– Ora, sim, docinho, acho que estou. Você parece ter uma facilidade inata para mentir.”

Apesar do enredo clichê e de alguns pontos fracos em seu enredo, O Príncipe Corvo traz um começo promissor para a trilogia de Elizabeth Hoyt. E é importante ter em mente que aqui a narrativa pende mais para o lado erótico do que para o romance gracinha. E talvez, justamente por estar esperando algo mais parecido com os romances de época açucarados é que terminei a leitura um pouquinho “decepcionada”. Mas, faz parte (...).

janeiro 14, 2018

Um Tom Mais Escuro de Magia por V.E. Schwab

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501106667
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 420
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Tons de Magia – Livro 01.
Kell é um dos últimos Viajantes — magos com uma habilidade rara e cobiçada de viajar entre universos paralelos conectados por uma cidade mágica. Existe a Londres Cinza, suja e enfadonha, sem magia alguma e com um rei louco — George III. A Londres Vermelha, onde vida e magia são reverenciadas, e onde Kell foi criado ao lado de Rhy Maresh, o boêmio herdeiro de um império próspero. A Londres Branca: um lugar onde se luta para controlar a magia, e onde a magia reage, drenando a cidade até os ossos. E era uma vez... a Londres Negra. Mas ninguém mais fala sobre ela. Oficialmente, Kell é o Viajante Vermelho, embaixador do império Maresh, encarregado das correspondências mensais entre a realeza de cada Londres. Extra-oficialmente, Kell é um contrabandista, atendendo pessoas dispostas a pagar por mínimos vislumbres de um mundo que nunca verão. É um hobby desafiador com consequências perigosas que Kell agora conhecerá de perto. Fugindo para a Londres Cinza, Kell esbarra com Delilah Bard, uma ladra com grandes aspirações. Primeiro ela o assalta, depois o salva de um inimigo mortal e finalmente obriga Kell a levá-la para outro mundo a fim de experimentar uma aventura de verdade. Magia perigosa está à solta e a traição espreita em cada esquina. Para salvar todos os mundos, Kell e Lila primeiro precisam permanecer vivos.

Desde que Um Tom mais Escuros de Magia, o primeiro livro da trilogia Tons de Magia foi lançando, essa que vos escreve sentiu aquele “chamado” para conhecer a história. Quem acompanha o blog há mais tempo, sabe o quanto eu gosto de fantasias e quanto elas são bem estruturadas e possuem bons personagens, a probabilidade de me tornar fã da trama é ainda maior. E embora a história aqui tenha falhado em alguns detalhes, ainda sim admito que essa já é uma trilogia com um lugarzinho especial em meu coração.

Kell é um dos últimos Antari, magos com a habilidade especial de viajar por universos paralelos interligados por magia. No mundo de Kell, existe três Londres; a Cinzenta, suja e deprimente em que a magia há muito tempo deixou de existir. A Vermelha onde o jovem mago foi criado, onde a magia está presente em cada detalhe. E a Londres Branca onde a luta para controlar o poder da magia corrompeu a todos. Existia também há muito tempo a Londres Negra, mas ninguém gosta de falar sobre ela.

Kell é o embaixador império Maresh, responsável pela troca de correspondências entre as cidades. Porém o jovem Kell tem um hobby perigoso, afinal entre uma correspondência e outra ele também é um dos responsáveis pelo contrabando de artefatos mágicos ou não através dos reinos. E é justamente um pequeno artefato o responsável por desencadear uma série de acontecimentos catastróficos para todas as Londres.

Fugindo de um inimigo mortal e correndo contra o tempo para devolver o artefato maligno ao lugar ao qual pertence, Kell esbarra em Delilah Bard uma ladra que tem grandes aspirações para o seu futuro. E isso inclui não ficar para trás nessa aventura, mesmo que o risco de não sair viva dela seja bem grande.

Já tinha me encantado com a narrativa fluida de Victoria Schwab quando li A Melodia Feroz. O grande diferencial da Victoria em minha opinião é que suas histórias não são do tipo que nos conquistam logo nas primeiras páginas, e sim que conforme a narrativa evolui vai apresentando elementos que tornam a história envolvente.

Particularmente gosto bastante de enredos que tem como plano de fundo, mundos paralelos e realidades alternativas e esses foram os pontos que sem sombra de dúvida mais me chamaram a atenção em Um Tom mais Escuro de Magia.  Porém não nego que apesar de ter gostado bastante do que encontrei por aqui, achei que a autora pecou em pequenos detalhes em especial no desenvolvimento dos personagens.

O Kell apesar de ser um personagem bastante carismático, sofre a síndrome do personagem “bonzinho” demais. Tudo bem que a autora tentou dar um pouco de malícia ao protagonista ao fazer dele um contrabandista, mas toda a postura do Kell durante a narrativa faz dele um personagem um tanto “ingênuo” quando comparado a Delilah. Essa que por sua vez rouba a cena e salva o dia em diversas ocasiões, diga-se de passagem. A única coisa aqui que não engoli direito foi a breve tentativa de romance que surgiu entre os personagens.  Talvez esse seja um dos pontos que a autora trabalhe melhor nos próximos livros, mas confesso que  aqui achei um tanto quanto "forçado".

Já os irmãos Astrid e Athos, governantes da Londres Branca e os grandes vilões desse primeiro livro da trilogia, me soaram caricatos demais.  Porém, o que mais doeu em meu coração que sempre tende a amar os vilões foi ver todo o potencial do Holland, o outro Antari ser “desperdiçando”. É visível o quanto ele é forte e poderoso, e vê-lo transformado em um mero “fantoche” machucou meu coração gelado.

Um Tom mais Escuro de Magia não decepciona quem espera uma boa fantasia. Mesmos com algumas situações bem previsíveis, Victoria Schwab entrega o que promete, além de deixar um bom gancho para a continuação da história. Só que para leitores mais exigentes/ chatos como essa que vos escreve, a sensação ao finalizar o livro é que a história podia ter sido ainda melhor. 

“... mas homens que entram na água afirmando saber nadar não deveriam precisar de salva-vidas.”

Com um começo promissor, Um Tom mais Escuro de Magia mesmo com algumas pequenas falhas possui uma narrativa fluida e envolvente. Estou bem curiosa para descobrir por quais caminhos a magia irá guiar Kell no próximo livro da trilogia, Um Encontro de Sombras

julho 10, 2017

Nossas Horas Mais Felizes por Gong Ji-Young

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501096678
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 280
Classificação:
Sinopse: Yujeong é uma jovem da alta sociedade coreana que, indiferente a tudo e a todos é incapaz de se entender com a própria família, não consegue encontrar um sentido para sua vida. Depois de três tentativas frustradas de suicídio, ela acaba definhando entre o álcool e o desespero. Seus familiares, por outro lado, não se esforçam para entendê-la, a não ser sua tia, a irmã Mônica, com quem sempre teve uma ligação especial. Disposta a fazer o que for preciso para que Yujeong volte a sentir vontade de viver, a freira sugere à sobrinha que as duas façam semanalmente uma visita a um preso no corredor da morte. E então elas conhecem Yunsu, um homem que anseia deixar este mundo por acreditar que só assim conseguirá se redimir de seus pecados. Apesar de sua origem humilde, ele e Yujeong têm algo em comum: um triste passado de abusos físicos e psicológicos. Aos poucos, durante os encontros na prisão, os dois jovens atormentados revelam um ao outro seus segredos mais obscuros e seus traumas do passado, criando uma conexão inesperada, que gradualmente desperta nessas duas pobres almas o desejo de viver. Mas as mãos de Yunsu estão sempre algemadas, os guardas estão constantemente por perto, e Yujeong sabe que aquelas horas felizes juntos podem ser tragicamente curtas.

Confesso que a primeira vista Nossas Horas Mais Felizes da autora sul-coreana Gong Ji-Young foi um livro que não me chamou a atenção. Mas, algo me dizia que eu tinha dar uma chance a ele, que a história contida em suas páginas é aquele tipo de história que precisa ser lida.  Quando comecei a leitura não estava preparada para o que encontrei aqui, pois enquanto Gong Ji-Young ia me surpreendendo com uma belíssima narrativa a cada capítulo, a autora também ia aos poucos quebrando o meu coração junto.

Yujeong cresceu em meio a todo o luxo e conforto que uma pessoa nascida na alta sociedade sul-coreana poderia ter. Porém, após um acontecimento traumático a jovem passou a desejar somente uma coisa todos os dias, - morrer. Depois de sua terceira tentativa de suicídio, sua tia Mônica resolve interferir. A freira faz uma proposta à sobrinha, que ela troque a terapia por um mês de visita a um preso que está no corredor da morte. Yujeong não consegue imaginar como isso pode ajuda-la a deixar de querer morrer, mas como não tem muita escolha acaba aceitando o convite da tia.

O jovem Yunsu acredita que só com sua morte vai conseguir se redimir de todos os pecados. O rapaz é arredio no começo, porém conforme o tempo passada uma estranha amizade entre ele e Yujeong surge. Yujeong e Yunsu percebem que apesar dos caminhos diferentes que suas vidas tomaram, eles têm muito em comum. Ambos carregam feridas em suas almas causadas por anos de abandono, abusos e principalmente falta de amor. 

Mesmo com as poucas horas que tem para conversar durante a  semana, todas as quintas-feiras, essa amizade improvável acaba despertando neles a vontade de viver. Mas não é só isso, uma mudança interna e ainda mais profunda, começa naquela pequena sala no presídio. Mudança essa que transformaria suas vidas  para sempre.

Admito que não está sendo nada fácil escrever essa resenha, pois enquanto estou aqui digitando cada palavra, meus olhos estão sem enchendo de lágrimas novamente.  E fazia muito, mais muito tempo mesmo que uma história não causava esse efeito em mim. Gong Ji-Young construiu uma narrativa tão bela como dolorosa, do tipo que por mais que não concordamos com as atitudes de seus protagonistas torcemos por um “impossível”, o tão sonhado final feliz.

Não nego que em muitos momentos fiquei com raiva da Yujeong. Ficava me perguntando como uma pessoa que tinha tudo e que passou por tanto sofrimento, podia ser tão arrogante e julgar tanto as outras pessoas. Eu entendia a dor dela, e "compreendia" o motivo de sua revolta com a mãe, mas pensava; “Por que ela não transforma todos esses sentimentos negativos e destrutivos em algo bom?”.  Só que ai percebi que estava fazendo o mesmo que a Yujeong fazia com o outros, julgando suas atitudes baseadas só naquilo que eu estava vendo. E quantas vezes no dia a dia eu, você, todo mundo não fazemos isso?

Porém, essa não é apenas a história de Yujeong, essa é a história de Yunsu. Yunsu que passou a vida toda sem conhecer o amor. Yunsu que cresceu acreditando que a violência era a resposta para tudo. Meu coração se partiu inúmeras vezes pela criança que ele foi e pelo adulto que a violência criou. Partiu-se por que existem milhões de Yunsu no mundo, que cruzam nossos caminhos todos os dias e que ignoramos. Por que ao contrário do que muita gente pode pensar a violência não é um “luxo” das classes mais baixas, e às vezes tudo o que uma pessoa precisa é que alguém estenda a mão e lhe diga; “Ok! Vai ficar tudo bem”.

Nossas Horas Mais Felizes possui uma narrativa que nos faz refletir sobre vários pontos de nossas próprias vidas, só que a sua história é muito mais que isso.  Com uma leveza e sensibilidade enorme, Gong Ji-Young nos mostra o quanto o poder do amor é transformador. E não digo o amor romanceado entre um homem e uma mulher. E sim aquele amor que faz você se importar com o outro, que faz você se preocupar com a felicidade e a segurança de alguém, mas do que se preocupa consigo mesmo.  É você querer de alguma forma curar as feridas do outro, apesar das suas feridas ainda estarem sangrando. Foi lindo ver Yujeong e Yunsu descobrindo esse tipo de amor juntos.

Todo ato gera uma consequência e Nossas Horas Mais Felizes nos mostra exatamente isso. Gong Ji-Young nos presenteia com uma narrativa que nos “machuca”, pois nos faz pensar que nossos atos também geram consequências. Que só quem é amado sabe o que é amor. Que só aquele que foi perdoado sabe perdoar. E que perdoar os outros e a si mesmo é algo extremamente difícil.  E acima de tudo, que quando alguém diz que quer ou que merece morrer, essa pessoa está pedindo ajuda, pois ela está sofrendo tanto que não suporta mais viver daquele jeito.

Terminei a leitura de Nossas Horas Mais Felizes em prantos e enquanto escrevo essa resenha meu coração está se partindo em mil pedacinhos novamente. Gong Ji-Young escreveu uma história que vai ficar comigo por muito, mais muito tempo. E que sim, precisa ser lida e conhecida por todos.

“Existia alguma infelicidade que não tivesse uma história por trás? Uma tristeza que não fosse injusta? Dizer que as pessoas eram dignas de pena significava que a justiça tinha virado as costas para elas.”

Queria muito conseguir através dessa resenha, passar para vocês o quanto esse livro lindo e merece de lido. Porém por mais que me esforce nada que eu diga fará jus à profundidade e beleza de sua história (). Por isso peço a cada um de vocês que abra o seu coração e leia, Nossas Horas Mais Felizes.

maio 15, 2017

A Chama Dentro de Nós por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501109484
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 350
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Elementos – Livro 02.
Logan Silverstone e Alyssa Walters não têm nada em comum. Ele passa os dias contando centavos para pagar o aluguel, sofrendo com a rejeição dos pais e tentando encontrar um rumo para sua vida caótica. Ela, por outro lado, parece ter um futuro brilhante pela frente. Um dia, porém, um simples gesto dá origem a uma improvável amizade. Ao longo dos anos, o sentimento que os une se transforma em algo até então desconhecido para os dois. Alyssa e Logan não conseguem resistir à atração que sempre sentiram um pelo outro e finalmente descobrem o amor. Mas uma tragédia promete separá-los para sempre. Ou pelo menos é isso que eles pensam. Seriam as reviravoltas do destino e as feridas do coração capazes de apagar para sempre a chama que há dentro deles.

Adoro quando me percebo que fiquei tão envolvida com uma história que nem vi o tempo e as páginas passarem. E confesso que no caso de A Chama Dentro de Nós, segundo livro da série Elementos da autora Brittainy C. Cherry, acabei “lamentando” um pouco o fato de ter lido o livro rápido demais. Porém, logo nas primeiras páginas a narrativa me conquistou de tal modo que eu precisava seguir em frente. Como uma chama forte que quando acesa não se apaga tão facilmente.

A amizade de Logan Silverstone e Alyssa Walters é um verdadeiro mistério para todos que os conhecem, afinal os dois não tem nada em comum. Logan assim como a sua vida é um verdadeiro caos, e seu futuro parece tudo menos promissor. Já Alyssa nunca soube o que foi passar dificuldades na vida e ao contrário de Logan, ela parece destinada a grandeza. Mas por um daqueles acasos do destino eles acabam se tornando amigos e descobrindo que através das diferenças visíveis, tinham muitas coisas em comum.

Logan é a pessoa que Alyssa procura quando se sente sozinha. Alyssa é a âncora de Logan quando tudo a sua volta parece afundar. Conforme os anos passam os sentimentos mudam e juntos eles descobrem o amor. Tudo ia bem, até que o caos da vida de Logan o leva para o fundo do poço e um desentendimento o afasta de Alyssa. Quando uma série de decisões erradas acaba em tragédia ambos acreditam que é o fim definitivo não só para o amor que sente, mas para amizade que os uniu.

Só que o destino tinha algo a mais reservado para os dois, agora só resta saber se o tempo foi capaz de curar as feridas que o passado doloroso deixou nos dois. Será possível recuperar a amizade e o amor depois de tanto sofrimento? Ou a chama que sempre existiu entre Alyssa e Logan mesmo baixa continua a queimar?

Em muitos aspectos a história de A Chama Dentro de Nós é previsível, porém é o modo como a autora desenvolveu toda a narrativa, que torna o que encontramos aqui tão especial. Esse não é somente mais um romance, e com certeza essa não é uma história que vai aquecer seu coração. Muito pelo contrário, Brittainy C. Cherry vai quebra-lo em mil pedacinhos.

A Chama Dentro de Nós aborda vários temas delicados como: drogas, relacionamentos abusivos, ausência e negligência familiar, transtornos emocionais e pressão social. Esse é aquele livro que em um determinado ponto você vai se perguntar como a autora consegue ser tão “cruel” com seus personagens.  Sério, meu coração se partiu em muitos momentos pelo Logan, até por que embora a história seja sobre ele e  Alyssa, é dele os maiores fardos e dores aqui.

Alyssa é uma personagem cativante que mesmo nos piores momentos consegue de alguma forma manter a esperança e a fé em Logan. Ela não desiste do que existe entre eles, não desisti dele, apesar tudo e todos serem contra isso. A força dela é o que mantém Logan em pé, e ele precisa ficar em pé por ele e por aqueles que ama.  Fiquei arrasada em acompanhar o sofrimento dele e o quão fundo Logan foi na tentativa de se autodestruir. Foi difícil e doloroso ver o caminho que ele percorreu, e a cada capítulo eu torcia para que Logan tivesse uma segunda chance. A chance de ser o que ele sonhou um dia em ser, a chance de finalmente ser livre e feliz.

Os irmãos de Alyssa e Logan que forma o segundo casal da história também desempenham um papel importante na trama. Kellan e Erika protagonizam algumas das cenas mais emocionantes da história. E o modo com a autora conseguiu intercalar duas histórias paralelas tornado-as única e emocionante, foi um dos pontos que mais gostei no desenvolvimento da narrativa em A Chama Dentro de Nós.

Durante a leitura meu coração se partiu várias vezes, por Logan e Alyssa, e por Kellan e Erika. Partiu-se por uma triste realidade que existe fora das páginas e que pode estar acontecendo agora em algum lugar no mundo.  Brittainy C. Cherry por até ter “exagerado” na dose de sofrimento que infligiu aos seus personagens, porém sem sombra de dúvidas ela nos entregou uma história dolorosa e linda, que transborda esperança e principalmente amor.

“Quero suas cicatrizes. As feridas do passado. Eu quero seu caos. Tudo isso já faz parte de meu coração.”

Não se engane com a premissa clichê de A Chama Dentro de Nós, pois mesmo que ela prometa um romance ardente e esse de certa forma exista, Brittainy C. Cherry consegue surpreender com uma narrativa madura e lindamente cruel. Prepare seu coração para passar por momentos solitários e sombrios, onde apenas a chama do verdadeiro amor pode toca-lo e curar todas as feridas que a alma carrega.

Veja Também:
O Ar que Ele Respira. 

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