Sponsor

Mostrando postagens com marcador Editora Seguinte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Editora Seguinte. Mostrar todas as postagens
janeiro 10, 2021

O Código dos Bucaneiros por Caroline Carlson

| Arquivado em: RESENHAS

D
e
uns anos para cá, venha lendo cada vez menos infantojuvenis. Em partes porque conforme o tempo foi passando, o meu gosto literário foi mudando. Além disso, não nego que tenho um pouco de receio da narrativa acabar não me envolver tanto e isso, me levar a abandonar o livro. Mas felizmente, esse não é o caso de O Código dos Bucaneiros da autora Caroline Carlson.

O terceiro livro da trilogia, A Quase Honrosa Liga de Piratas traz uma história que agrada todos os públicos, com sua narrativa leve, bem humorada e nos fala sobre o poder da perseverança diante dos desafios que a vida nos impõe para alcançarmos um objetivo. A escrita da autora é fluida e os personagens, incluindo “vilões” possuem uma personalidade cativante, o que tonar a leitura ainda mais divertida.

Resenha

 
ISBN: 9788555340086
  Editora: Seguinte
  Ano de Lançamento: 2016
  Número de páginas: 320
  Classificação: Muito bom

Sinopse: A Quase Honrosa Liga de Piratas – Livro 3
A filiação da jovem Hilary Westfield à Quase Honrosa Liga de Piratas não durou muito tempo. Depois de descobrir que o líder da organização, o capitão Dentenegro, estava envolvido com um grupo de criminosos que quer dominar o reino, Hilary decidiu se tornar uma pirata autônoma. Contudo, a fiel tripulação que a acompanha em suas aventuras em alto-mar acredita que ela seria a pessoa ideal para combater Dentenegro e assumir a liderança da QHLP, o que leva a garota a desafiar o capitão para uma batalha. O problema é que a disputa nem vai começar se Hilary não conseguir reunir duzentos seguidores para lutar ao seu lado. Assim, a jovem pirata parte numa missão de recrutamento que pode ou não envolver piratas temíveis, damas delicadas mais temíveis ainda… e galinhas.


Pode conter spoiler dos livros anteriores, se você não quiser correr o risco pode pular quatro parágrafos.


A jovem Hilary Westfield já passou por diversos aventuras e provou que uma menina pode ser sim, uma ótima pirata. Porém o que ela não imaginava é que teria pela frente um desafio ainda maior, enfrentar o capitão Dentenegro pela liderança da A Quase Honrosa Liga de Piratas (QHLP).  A verdade é que essa ideia descabida nunca tinha passado por sua cabeça, já que após descobrir os planos corruptos do capitão, o Terror das Terras do Sul como é conhecida, está mais que satisfeita em ser uma pirata autônoma.

Só que a fiel tripulação do Pombo, acredita que Hilary é a pessoa certa para derrotar o traiçoeiro Dentenegro e devolver um pouco da honra a QHLP. Mesmo com medo de fracassar e acabar sendo exilada no Abrigo Pestilento para Piratas Mal-humorados, ela aceita a missão e desafia Dentenegro para a batalha que decidirá quem será o novo líder da QHLP. Mas para que a batalha seja possível, Hilary vai precisar reunir duzentos apoiadores, tarefa essa que será dificultada pelos estratagemas do temível capitão.

Enquanto isso, na Escola da Senhorita Pimm para Damas Delicadas, Claire continua sendo treinada pela Srta. Pimm para se tornar a próxima Encantadora do reino de Augusta. Porém a jovem ainda não tem pleno poder sobre a magia e assim como Hilary, tem uma inimiga de peso para enfrentar, a traiçoeira Filomena.

Será que Hilary e Claire serão capazes de derrotar seus inimigos e salvar a magia do reino? Entre aventuras em mares tempestuosos e emboscadas as duas vão aprender o valor da amizade e a importância de nunca desistir de lutar por seus objetivos.

O Código dos Bucaneiros possui uma narrativa despretensiosa e agradável de se acompanhar. Gosto muito do fato da autora Caroline Carlson, optar por trazer uma aventura diferente a cada livro, ao mesmo tempo que preserva a linha do tempo da história. Sim é necessário ler os livros na sequência, justamente porque aqui os acontecimentos dos livros anteriores não constantemente repetidos ao longo da narrativa, mas servem de base para o enredo. Isso no meu ponto de vista acaba tornando o ritmo da leitura rápido e menos maçante, sem que a essência da obra se perca.

Desde o primeiro livro, O Tesouro da Encantadora a trilogia A Quase Honrosa Liga de Piratas se revelou uma história contagiante em que a escrita da autora, consegue nos transportar para um barco pirata e para todas as emoções vividas por eles em alto-mar. Porém o que mais me conquistou aqui, foi perceber a evolução que cada personagem teve.

Mesmo sendo uma história com um toque cômico, afinal as regras da QHLP são tão sem sentido que é impossível não dar boas risadas durante a leitura, é visível o quanto a Hilary e a Claire amadureceram entre o primeiro livro e o último. Em diversos momentos ambas demonstraram suas fragilidades e o medo de não serem capazes de corresponderem as expectativas e a fé que os outros depositaram nelas. Isso as torna ainda mais próximas de nós leitores, pois todos nós em algum momento de nossas vidas já tivemos medo de decepcionar que amamos.

Os personagens secundários como a carismática Srta. Greyson e os atrapalhados piratas Jasper e Charlie continuam roubando a cena, assim como a fofíssima Gárgula. A inserção de novos personagens contribuiu para dar uma nova dinâmica a história, do mesmo modo que velhos conhecidos como almirante Westfield acabou se revelando um pilantra ainda maior do que Dentenegro. Filomena apesar de não ter tido uma participação tão expressiva, não decepciona no papel e tem um final merecido por todas as suas falcatruas.

“Qualquer pirata pode encontrar um tesouro ou empunhar uma espada, mas quase nenhum tem coragem suficiente para encarar as coisas das quais realmente têm medo.”


Os jornais "sérios" e de mexerico, cartas assim como os bilhetes misteriosos presentes nos livros anteriores, continuam marcando presença e funcionam com um excelente recurso narrativo para deixar o enredo ainda mais divertido.

Os diálogos se mantêm bem construídos e embora a atmosfera da história como um todo preze pela leveza, é perceptível a mensagem que a autora busca passar com ao longo da trilogia é que, independentemente dos obstáculos que tenhamos pela frente com uma boa dose de perseverança e bons amigos podemos vencê-los.

O Código dos Bucaneiros fecha a trilogia A Quase Honrosa Liga de Piratas com chave de ouro. Sem dúvidas Caroline Carlson nos presenteou com a série linda e ideal para quem gosta de leituras singelas para relaxar e dar boas risadas.


Veja Também:

O Tesouro da Encantadora por Caroline Carlson
O Terror das Terras do Sul por Caroline Carlson

outubro 27, 2020

Glória & Ruína por Tracy Banghart

 | Arquivado em: RESENHAS


Glória & Ruína é o livro que fecha a duologia, Graça & Fúria da autora Tracy Banghart lançada em 2018. Confesso que apesar da narrativa da autora ser fluída, o primeiro livro não tinha me empolgado muito. Como cheguei a comentar da minha resenha, a sensação que tive é a autora acabou, “desperdiçando” o potencial da obra ao recorrer a inúmeros clichês de outros livros do gênero.

Não que isso seja de todo ruim, pois até certo ponto a Tracy Banghart consegue entregar o que sua trama promete. Graça & Fúria fala sobre empoderamento feminino e o risco que qualquer sociedade corre, quando mulheres foram  importantes para sua construção são premeditadamente apagadas da história. O problema é entre um trecho e outro a sensação de que, “já vi isso em algum lugar”, fica bem difícil de ignorar.

Mesmo sem grandes surpresas, gostei da forma como autora conduziu o final da duologia. Ao escolher seguir um caminho mais “comedido” por assim dizer, a Tracy opta por desenvolver mais as protagonistas do que o enredo em si.  A narrativa tem seus pontos altos que não nego, me deixaram um pouquinho aflita, mas que infelizmente peca por não conseguir gerar a mescla de emoções que se espera de um livro que aborda um tema tão atual e pesado como o feminicídio.

Resenha


  ISBN: 9788555340888
  Editora: Seguinte
  Ano de Lançamento: 2019
  Número de páginas: 312
  Classificação: Bom

Sinopse: Graça & Fúria - Livro 02
Na continuação de Graça & Fúria, Serina e Nomi Tessaro vão dar início a uma revolução que vai mudar a vida de todas as mulheres de seu país. As irmãs Serina e Nomi Tessaro nunca imaginaram que acabariam em lugares tão distintos: Serina em uma ilha-prisão, Monte Ruína; Nomi no palácio de Bellaqua, como uma graça, à disposição do príncipe herdeiro do reino. Depois de sofrer uma grande traição, Nomi também é mandada para a ilha e, ao chegar lá, para sua surpresa, encontra Serina à frente de uma rebelião das prisioneiras contra os guardas.

A própria sinopse já entrega um pouco do que vamos encontrar aqui, por isso não vou entrar em muitos detalhes sobre a história, mas compartilhar com vocês as impressões que tive durante a leitura.


Glória e & Ruína possui um ritmo ágil o que torna o livro fácil e rápido de ler. Tracy Banghart não quis deixar para resolver tudo nas páginas finais e a cada capítulo, mesmo não sendo algo espetacular, acontece algo que dá a narrativa um toque interessante de tensão e surpresa. A autora realmente conseguiu me manter presa na história e cada vez mais curiosa com o seu desfecho.

Os capítulos continuam sendo intercalados entre as irmãs, Serina e Nomi e, talvez pelo fato da Nomi ter se revelado um total “desgosto” no livro anterior, continuei achando as partes narradas pela Serina mais relevantes.  Serina foi criada para ser delicada e submissa, uma perfeita graça para o rei e ver a guerreira e líder que ela se torna para as mulheres na ilha-prisão de Monte Ruína dá um misto de orgulho e ao mesmo tempo de compaixão pela personagem.

Serina sofreu muito, tanto física como emocionalmente e os capítulos narrados por ela, conseguem transmitir todo esse sofrimento e principalmente a evolução que a personagem tem na história. Já o mesmo, não pode ser dito de sua irmã Nomi. Claro que a Nomi passa por maus momentos, porém nenhum deles se compara ao que Serina precisa enfrentar, sem falar que tudo o que deu errado para Nomi, foi por causa das escolhas erradas e impulsivas dela.

Infelizmente, não consegui perceber nenhuma mudança significativa na personagem do primeiro livro para cá. Nomi continua a ter atitudes egoístas, infantis e prepotentes e sendo bem sincera, não senti que o arrependimento demonstrado por ela era lá, muito verdadeiro.

Tracy Banghart buscou focar esse segundo livro no núcleo de Monte Ruína, que além de ter uma ambientação impecável, realmente nos transporta para dentro da história. Outro ponto positivo, é que isso abriu espaço para que as personagens secundárias conquistassem um destaque enorme no enredo, sendo responsáveis por cena e diálogos marcantes. A Maris que no primeiro livro já tinha tido um papel importante, aqui teve um desenvolvimento maior e junto com a  Âmbar e Anika, é uma das peças importantes para revolução.

Os príncipes Malachi e Asa passaram grande parte da narrativa um tanto apagados, mas isso não diminui o peso de suas participações no enredo. Malachi foi criado para ser o rei e mesmo que em alguns momentos, possa parecer rude e arrogante é perceptível que ele fará o possível para fazer de Viridia um lugar melhor para as mulheres.  Já o Asa o pouco que aparece consegue completamente detestável e de verdade, fiquei um bastante decepcionada com o final “brando” que o personagem teve.

Resenha
© Ariane Gisele Reis.

“— Porque é difícil esperar muito de si mesma quando o resto do mundo não acha que você é capaz."

Apesar de ter gostado da narrativa como um todo, não nego que esperava que alguns pontos tivessem um desenvolvimento melhor, em especial o que envolvia o Asa e o Malachi. Gostaria de ter visto um acerto de conta entre os irmãos ou que uma batalha mais feroz pelo governo do Viridia tivesse acontecido.

Adorei as interações entre a Serina e o Val, pois o modo como o romance entre eles foi construído consegue fugir de todos os clichês previsíveis. Val não esconde a admiração e o orgulho que ele tem por Serina e após ter conquistado a confiança dela, o relacionamento deles tem bases sólidas de respeito e carinho mútuos.  Do outro lado, não senti a mesma química entre a Nomi e o Malachi. Na verdade, achei que as coisas para ela foram “fáceis demais” e que no mínimo a personagem devia ter terminado sozinha por tudo que aprontou.

A duologia Graça & Fúria  traz um debate importante sobre igualdade de gênero e o quanto a mulher em muitas culturas machistas ainda é vista apenas com um objeto ou alguém totalmente submissa à autoridade de um homem, seja ele: pai, irmão, marido ou rei. Mesmo que no geral o obra seja clichê e até um pouco previsível, Tracy Banghart foi feliz ao exaltar a força, a vontade e o poder feminino na transformação da sociedade.
 
Veja Também:
Graça & Fúria

outubro 06, 2020

O Timbre por Neal Shusterman

| Arquivado em: RESENHAS

De todos os lançamentos literários previstos para esse ano sem dúvidas, O Timbre era um dos mais esperados por mim. Com uma narrativa inteligente e permeada de críticas nem sempre sutis a sociedade atual Neal Shusterman construiu ao longo da trilogia Scythe, uma história complexa e ao mesmo tempo marcante.

Confesso que demorei para escrever a resenha do último livro da trilogia, porque ainda não sabia como me sentia em relação ao final. De modo geral, O Timbre oferece uma conclusão satisfatória para a história. Porém a forma como isso acontece, chega a ser um tanto “confusa”, principalmente porque segue uma direção diferente do que vinha sido traçada nos livros anteriores. Gostei em partes do que encontrei aqui, mas admito que fiquei sim um pouco decepcionada.

Resenha

 
 
  ISBN: 9799999989014
  Editora: Seguinte
  Ano de Lançamento: 2020
  Número de páginas: 597
  Classificação: Bom
Sinopse: Trilogia Scythe - Livro 03.
A humanidade alcançou um mundo ideal, em que não há fome, doenças, guerras, miséria… nem mesmo a morte. Mas, mesmo com todo o esforço da inteligência artificial da Nimbo-Cúmulo, parece que alguns problemas humanos, como a corrupção e a sede de poder, são igualmente imortais. Desde que o ceifador Goddard começou a ganhar seguidores da nova ordem, entusiastas do prazer de matar, a Nimbo-Cúmulo decidiu se silenciar, deixando o mundo cada vez mais de volta às mãos dos humanos. Depois de três anos desde que Citra e Rowan desapareceram e Perdura afundou, parece que não existe mais nada no caminho de Goddard rumo à dominação absoluta da Ceifa — e do mundo. Mas reverberações da Grande Ressonância ainda estremecem o planeta, e uma pergunta permanece: será que sobrou alguém capaz de detê-lo? A resposta talvez esteja na nova e misteriosa tríade de tonistas: o Tom, o Timbre e a Trovoada.

Atenção! Essa resenha pode conter spoilers dos livros anteriores. Para quem não quiser correr o risco pode pular cinco parágrafos.


O jovens Citra Terranova e Rowan Damisch, não faziam ideia do quanto a suas vidas estavam prestes a mudar, após o encontro com o ceifador Faraday. Recrutados como aprendizes, ambos passaram por meses de treinamento para aprender a matar ao mesmo tempo que se viam cada vez mais envolvidos nas conspirações da Ceifa.

Citra instruída pela ceifadora Curie, passou no teste do Conclave e se tornou a Honorável Ceifadora Anastássia. Já Rowan não teve a mesma sorte. Depois de meses tendo sanguinário Goddard como professor, ele acabou se rebelando contra a Ceifa. Rowan então vestiu o manto negro proibido pela ordem e ao assassinar os ceifadores corruptos sobre a alcunha de Ceifador Lucifer, o aprendiz vira inimigo sendo caçado por aqueles que o treinaram.

Em uma sociedade perfeita governada pela inteligência artificial da Nimbo-Cúmulo, a Ceifa faz suas próprias leis. Mas isso não quer dizer, a Nimbo esteja completamente cega para os atos cruéis cometidos pelos portadores da morte. Quando uma tragédia sem precedentes acontece, a Nimbo se cala e o mundo está novamente nas mãos dos humanos, que depois de anos sendo diariamente guiados agora estão totalmente perdidos e com medo.

Mas ainda há uma esperança. Greyson ou Timbre como passa a ser chamado pelos Tonistas, uma religião em que seus fiéis vivem como nos tempos antes da Nimbo-Cúmulo controlar nosso mundo, é o único com quem a inteligência artificial continua se comunicando. Esse fato, logo se torna conhecido por todos e Greyson acaba se transformando numa espécie de “novo profeta”. Porém o que ninguém esperava, que o fanatismo de alguns seguidores gerasse atos violentos e a uma guerra civil, tudo em nome de Vossa Sonoridade.

Em meio ao caos instaurado a Nimbo-Cúmulo mesmo silenciosa e distante, trabalha em um plano para dar a humanidade uma nova chance de ter um futuro seguro e pacífico. Quando duas figuras importantes emergem das profundezas, as peças do quebra-cabeça finalmente começam a fazer sentido e a população passa a enxergar uma luz no fim do túnel.

A escrita de Neal Shusterman é fantástica e a trilogia Scythe sempre terá um lugar especial em meu coração de leitora. Só que muita coisa em O Timbre,  podia ter sido condensada já que não acrescentaram em nada na conclusão da obra. O fato da narrativa possuir três linhas de tempo diferente em que a cada momento um personagem é o narrador, causou uma certa confusão há princípio, pois passa a sensação que são várias histórias acontecendo ao mesmo tempo.

Outro ponto é que além dos personagens já existentes, o autor inseriu novos personagens que pouco contribuem com a evolução do enredo. O Rowan por exemplo, é um dos casos mais tristes de potencial desperdiçado que já vi em uma trilogia. Em A Nuvem a sua participação já tinha sido apagada, aqui ela foi quase inexistente. A Citra até consegue se destacar em O Timbre, mas de alguma forma o carisma e o peso do papel que ela tinha, acabaram se perdendo em meio tantas tramas paralelas.

A sensação que tenho é que o autor tentou dar voz a todos os personagens e com isso, acabou silenciando figuras importantes como o Faraday e até mesmo o Goddard, que no final se revelou um vilão caricato e que só enfraquece a cada capítulo. Gostei da trajetória do Greyson na história e sinto que entre A Nuvem e O Timbre, ele acabou se tornando junto com a Nimbo-Cúmulo um dos grandes protagonistas da trilogia e talvez, por esse motivo acredito que ele merecia mais.

Resenha
© Ariane Gisele Reis.


“— O que em nós faz com que busquemos propósitos tão elevados, mas destruamos os alicerces? Por que sempre sabotamos nossos próprios sonhos? ”

Talvez o excesso de expectativas tenha prejudicado a minha interação com a história. Mas como não criar expectativas, depois de esperar tanto tempo por esse livro? Acredito que o meu maior problema com O Timbre foi, o modo “fácil” e conveniente como as coisas se resolveram. Não tem como, não ficar decepcionada ao ler um livro de quase 600 páginas em tudo se resolve em quatro, e que deixou mais perguntas do que de fato deu respostas.

O Timbre possui bons elementos, a narrativa mesmo que arrastada em alguns pontos consegue ser envolvente. Em muitos momentos o autor nos leva a refletir sobre como as decisões de hoje, vão impactar no futuro da humanidade e que a nossas tentativas de alcançar a perfeição só mostram o quanto somos imperfeitos.

Ao abordar um tema tão complexo com a fragilidade da vida, Neal Shusterman escreveu uma obra instigante e cheia de nuances interessantes, mas que do meu ponto de vista podia ter tido um final mais digno, harmonioso e condizente com os livros anteriores. Porém às vezes a intenção do autor era justamente criar uma grande dissonância. Quem sabe?


Veja Também:

março 20, 2019

Romance Tóxico por Heather Demetrios

| Arquivado em: RESENHAS.

Lançado no final de 2018 pela editora Seguinte, Romance Tóxico da autora Heather Demetrios aborda um tema que embora seja atual, nós como sociedade ainda encontramos certa dificuldade de falar sobre ele. Afinal, para muitas pessoas o relacionamento abusivo é somente o físico, quando na verdade o abuso psicológico mesmo sendo silencioso e não deixando marcas aparentes no corpo, é tão perigoso quanto.

Heather Demetrios apresenta uma história franca, em que a cada capítulo ficamos mais envolvidos pela história de Grace e Gavin.  O modo como que a autora construiu a narrativa chega é pouco angustiante, porque conforme a história avança paira no ar a sensação que algo de muito ruim está para acontecer. Por esse motivo, Romance Tóxico é um livro para se ler em “doses homeopáticas”, pois além de obviamente não se tratar de uma história feliz a sua narrativa contém alguns gatilhos como: suicídio, abuso doméstico, físico, sexual e psicológico.





ISBN: 978-8555340796
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento:  2018
Número de páginas: 416
Classificação: Ótimo 
Sinopse: Uma história contemporânea, comovente e incrivelmente honesta sobre como encontrar forças para se libertar de relacionamentos tóxicos. Grace quer sair de casa. Ela se sente sufocada pelo padrasto agressivo e pela mãe obsessiva, que a faz esfregar o chão até toda a poeira (que só ela enxerga) sumir. Quer ir embora da cidadezinha onde mora, na Califórnia, pequena demais para seus sonhos. Quer fugir da vida que leva e se tornar uma artista em Paris, uma diretora de teatro em Nova York… qualquer futuro que seja distante do medo e da solidão que sente. Então ela se aproxima de Gavin: charmoso, talentoso e adorado por todos da escola. Quando os dois se apaixonam, Grace tem certeza de que aquele romance é bom demais para ser verdade. Mas as suas amigas enxergam um outro lado do garoto — controlador e perigoso —, que, com o tempo, vai transformar o relacionamento dos dois em uma prisão da qual Grace será incapaz de escapar sozinha.

Um dos pontos que mais me chamou a atenção em Romance Tóxico foi a forma como a autora construiu a história. Desde o começo fica muito claro que esse é um romance abusivo, uma vez que logo na primeira página a Grace começa a narrar os fatos que há levaram a se envolver com o Gavin. E o mais interessante aqui é que a autora usou como recurso uma linguagem mais direta, se referindo ao Gavin não como ele e sim como você.  A impressão que eu tive durante a leitura foi que a Grace estava realmente contando para o Gavin o quanto o relacionamento deles foi prejudicial. O quanto as atitudes dele a machucaram.

A protagonista já passa por uma relação de abuso dentro de casa. Grace é tratada como empregada por seu padrasto agressivo e por sua mãe omissa. O grande desejo de Grace é se formar no ensino médio e ir para bem longe da opressão em que vive, porque ela consegue ver como a relação de sua mãe como o Gigante, apelido dado ao padrasto, é tóxica.

A Grace consegue enxergar que a origem de todo abuso emocional e psicológico cometido por sua mãe é o relacionamento dela com Gigante. Porém a própria Grace, não consegue ver os primeiros sinais no comportamento de Gavin, e que ela mesma está entrando em um relacionamento abusivo.  Até porque, Gavin não se torna um namorado perigoso e controlador do dia para noite.

No começo ele é carismático e gentil e trata a Grace com todo amor e carinho que ela não encontra na própria família. Então a Grace acaba vendo no Gavin o príncipe encantado que veio resgatá-la dos abusos que ela sofre em casa. Ela realmente acredita que os dois são almas gêmeas e que vão passar o resto da vida juntos, e com isso a personagem acaba aceitando todas as condições e regras que o namorado cria para o relacionamento. Em sua ingenuidade, Grace acaba aceitando tudo o que Gavin tem para dar para ela.

Heather Demetrios em momento algum tenta amenizar ou justificar as atitudes do Gavin. E é angustiante acompanhar o desenvolvimento da história e perceber que ao mesmo tempo que a Grace começa a ter consciência de como aquilo tudo é errado e que a sua situação é similar à da mãe, ela está tão afundada no amor do Gavin, na relação de codependência dele que não consegue enxergar uma saída, um modo de terminar o relacionamento dos dois.

Porém, apesar de Romance Tóxico ter se mostrado uma leitura relevante e envolvente, infelizmente senti que a autora “pecou” em alguns pontos no desenvolvimento total da obra. Claro que o foco aqui é o relacionamento da Grace com o Gavin, mas em minha opinião faltou a Heather Demetrios ter dado um aprofundamento maior na questão familiar da protagonista. Até porque no meu ponto de vista, esse foi um dos fatores que contribui para que a Grace se torna-se uma “presa fácil” para o Gavin. E o modo como a autora resolve esse arco da história foi muito "simplista" e não condizente como toda a carga emocional que isso trouxe para a narrativa.

Também senti que os personagens secundários, apesar de desempenharem um papel importante na história como um todo foram pouco explorados. Senti que eles foram usados mais como um recurso narrativo, pontos de ligação e não como se de fato eles fossem peças importantes dentro da história. Gostei bastante das amigas da Grace, a Nat e a Lys, mas personagens como a Beth e até mesmo o pai biológico da protagonistas me passaram a sensação de terem sido somente “jogados na obra”, sem ter uma função que justificasse a participação deles na história.

Outro ponto é que senti o final um pouco corrido. Como mencionei no começo da resenha, a cada capítulo a autora nos faz acreditar que o pior está para acontecer. E realmente conforme a leitura avança às manipulações do Gavin vão se tornando mais assustadoras e perigosas. Só que infelizmente eu terminei o livro sentindo que faltou alguma coisa. Acho que no meu caso, a autora foi gerando tanta expectativa e ao final tudo se resolve de uma maneira tão "fácil" e simples, que isso me deixou um pouco decepcionada.

“Quando se é uma garota boba e apaixonada, é quase impossível ver os sinais de alerta. É muito fácil fingir que eles não existem, que tudo é perfeito.”

Em Romance Tóxico, Heather Demetrios traz uma história atual e relevante que serve de alerta que o abuso não está somente no tapa ou empurram, mas está nas palavras ríspidas em crises de ciúmes que parecem bobas e até mesmo “bonitinhas”, só que na verdade são formas de controle. E o mais importante, é que precisamos aprender a amar a nós mesmos

março 05, 2019

Graça & Fúria por Tracy Banghart

| Arquivado em: RESENHAS.

Graça & Fúria da autora Travy Banghart foi sem sombra de dúvidas um dos lançamentos mais comentados de 2018.  Li diversas resenhas positivas que me deixaram bem curiosa para conhecer a história. Porém, embora seja perceptível todo o potencial que a obra possui, a mesma escorrega em uma sucessão de clichês que já vimos em outras séries do gênero.





ISBN: 9788555340703
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 304
Classificação: Bom
Sinopse: Graça & Fúria – Livro 01:
Duas irmãs lutam para mudar o próprio destino no primeiro volume de uma série de fantasia repleta de romance, ação e intrigas políticas. Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças — jovens que viveriam ao seu dispor. Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo herdeiro. Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres. Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real — mas é Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes. Agora, Serina e Nomi estão presas a destinos que nunca desejaram — e farão de tudo para se reencontrar.

A premissa de Graça & Fúria nos promete uma história de força e empoderamento feminino, algo que em partes é entregue ao leitor. Os capítulos são curtos e intercalados entre a Serina e a Nomi o que dá a narrativa certo dinamismo e um bom ritmo. A escrita da Travy Banghart é leve e conseguiu me deixar bastante envolvida com a história durante boa parte da leitura. Os “problemas” começaram a partir do momento em que a sensação do; “Já vi isso antes” foi ficando mais forte.

Fazendo uma comparação bem simples, Graça & Fúria é uma mescla de A Seleção com A Rainha Vermelha. E de verdade é impossível ler alguns trechos do livro e automaticamente não se lembrar da história da autora Victoria Aveyard. Tanto que chega em um determinado ponto que você lê já sabendo exatamente o que vai acontecer. E isso foi uma das coisas que mais me incomodou na obra. Travy Banghart não apresenta nenhum bom elemento surpresa, ao ponto que no momento em que acontece a grande reviravolta da história ela soa como rasa, pois estava “óbvio” que era aquilo que ia acontecer.

Em minha opinião o ponto alto do livro foi a construção e a inversão de papéis das irmãs Tessaro durante o desenvolvimento da narrativa.  Serina passou grande parte de sua vida sendo preparada para ser uma das graças do rei. Tudo nela é delicadeza e submissão, e ver a personagem descobrindo a sua força e poder foi algo bem interessante de se acompanhar, especialmente porque o modo como a personagem é apresentada me fez acreditar que ela possuía todas as características que normalmente geram uma implicância minha com protagonistas do gênero.

O mesmo não posso falar da Nomi, afinal se pudesse definir a personagem em uma só palavra seria, desgosto. Fico me perguntando até quando os autores vão continuar confundido comportamentos impulsivos com rebeldia.  Por ser totalmente o oposto da irmã e contra a forma como as mulheres são tratadas em Viridia era esperado que Nomi fosse uma pessoa mais madura e bem, - inteligente. Só que infelizmente com a Nomi, eu senti uma decepção atrás da outra. Enquanto lia as partes narradas por ela me perguntava onde estava o tal espírito rebelde, já que a única coisa que encontrei foi uma sucessão de atitudes imaturas e precipitadas.

Gostei muito do fato da autora ter dado aos personagens secundários certo protagonismo na construção da narrativa. Estou bem curiosa para ver como a relação da Serina e do Val será desenvolvida no próximo livro da série, do mesmo modo que espero que a Maris ganhe um espaço maior na obra, já que é visível que a personagem possui um bom potencial para ser explorado. Além disso, é impossível você não sentir a força das mulheres que a ilha de Monte Ruína forjou. A Oráculo e a Petrel são personagens incríveis e ao seu modo inspiradoras.

Ainda não tenho a minha opinião totalmente formada sobre os dois príncipes o Malachi e o Asa, até porque o triângulo amoroso que a autora inseriu aqui me deixou bastante irritada. E não por causa do triângulo amoroso Malachi, Nomi e Asa propriamente dito, mas sim porque me remeteu muito A Rainha Vermelha. De verdade esse foi o núcleo que mais me incomodou no desenvolvimento todo de Graça & Fúria, pois tudo nele é clichê e terrivelmente previsível.

 “– Vocês devem ser tão fortes quanto essa prisão, tão fortes quando a pedra e o oceano que as cercam. Vocês são concreto e arame farpado. Vocês são feitas de ferro.”

Como leitora acredito muito no potencial da série Graça & Fúria, já que a bandeira principal levantada pela autora na obra é a igualdade de gêneros e o modo como muitas sociedades ainda enxergam a mulher como um "ser inferior” aos homens. Como um livro introdutório, apesar das diversas derrapadas Graça & Fúria funciona bem. Agora só resta saber se autora vai dar voz própria a sua história ou vai continuar investindo nos clichês do gênero.

fevereiro 17, 2019

O Dueto Sombrio por Victoria Schwab

| Arquivado em: RESENHAS.







ISBN: 9788555340666
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 448
Classificação: Bom.
Sinopse:  Monstros da Violência – Livro 02.
Na sequência final de A Melodia Feroz, Kate Harker precisa voltar para Veracidade e se unir ao sunai August Flynn para enfrentar um ser que se alimenta do caos.  Kate Harker não tem medo do escuro. Ela é uma caçadora de monstros — e muito boa nisso. August Flynn é um monstro que tinha medo de nunca se tornar humano, mas agora sabe que não pode escapar do seu destino. Como um sunai, ele tem uma missão — e vai cumprir seu papel, não importam as consequências. Quase seis meses depois de Kate e August se conhecerem, a guerra entre monstros e humanos continua — e os monstros estão ganhando. Em Veracidade, August transformou-se no líder que nunca quis ser; em Prosperidade, Kate se tornou uma assassina de monstros implacável. Quando uma nova criatura surge — uma que força suas vítimas a cometer atos violentos —, Kate precisa voltar para sua antiga casa, e lá encontra um cenário pior do que esperava. Agora, ela vai ter de encarar um monstro que acreditava estar morto, um garoto que costumava conhecer muito bem, e o demônio que vive dentro de si mesma.

Com uma distopia original cheia de ação e excelentes reviravoltas, A Melodia Feroz da autora, Victoria Schwab me surpreendeu tanto, que acabou sendo uma das minhas melhores leitura de 2017. Por esse motivo, acredito que não preciso dizer o quanto essa blogueira que vos escreve, estava com as expectativas bem altas em relação ao último livro da duologia Monstros da Violência, O Dueto Sombrio. Porém, como vocês vão perceber ao longo da resenha, essa foi uma leitura um pouco “complicada”.

Essa resenha pode conter spoilers do livro anterior, então se você não quiser correr o risco pode pular três parágrafos.

Seis meses se passaram desde que Kate Harker fugiu de Veracidade e de seus monstros. Porém, aparece que onde quer que a garota vá, os monstros a seguem. Quando os monstros começam a surgir em Prosperidade, ela sabe que é a única capaz de combatê-los e por isso decide caçá-los. Porém, por mais que Kate tente seguir em frente os fantasmas de seu passado estão sempre à espreita, nas sombras de sua própria consciência.

Já em Veracidade, os monstros controlam o lado norte da cidade e os habitantes que antes viviam no luxo e pagavam pela proteção de Collum Harker, se vêm obrigados a migrar para o lado sul da cidade para sobreviver. Do lado sul está August Flynn, o monstro sunai que sempre desejou ser humano, que perdeu uma parte de si mesmo e precisou assumir o lugar que antes era do seu irmão Leo como comandante da FTF. Assim como Kate, ele se tornou um caçador, mais não de monstros e sim de almas pecadoras.

Quando um novo monstro que se alimenta da própria violência surgi, Kate sabe está na hora de voltar para casa, para Veracidade. Porém a garota não fazia ideia do caos estava a sua espera. O lado norte está dominado por monstros comandados por um velho inimigo que ela acreditava estar morto e por um monstro que ela mesma criou. Do lado sul, Kate é vista como inimiga e mesmo que August seu velho amigo ainda confie nela, algo entre eles também parece ter se quebrado.  A batalha final se aproxima, e Kate e August se unem novamente para derrotar os monstros já conhecidos e a nova ameaça. Mas, até quando Kate será capaz de conter o monstro que ela está se tornando?

Essa é a minha quarta tentativa de escrever a resenha de O Dueto Sombrio, tamanho é o meu conflito de sentimentos em relação ao que eu encontrei aqui. Sinceramente quanto mais eu penso no rumo que a Victoria Schwab deu para história, mas chego à conclusão que teria sido melhor a autora ter parado em A Melodia Feroz, já que de certo modo ela tinha dado um desfecho mais conclusivo no livro anterior. Que fique claro que não estou dizendo que O Dueto Sombrio é um livro ruim. Eu gostei em partes da história, porém não nego que esperava algo mais consistente e principalmente uma resolução mais completa do mundo que a autora criou.  Porém, isso não aconteceu, tanto que quando eu terminei o livro fiquei: “Tá, então só é isso?”.

Um dos momentos mais esperados por mim, era o reencontro da Kate e do August, especialmente porque eu estava bem curiosa para ver como seria a dinâmica entre eles depois das escolhas que tiveram que fazer no passado para sobreviver. A Kate começa a história aparentando estar bem mais madura e mais consciente dos seus atos, algo que até metade do livro estava me agradando bastante. Mas, depois de um ponto em diante, ela volta a agir de modo impulsivo e até mesmo arrogante o que em minha opinião desconstrói completamente qualquer evolução que a personagem vinha tendo desde o livro anterior.

Já o August mesmo que há princípio eu tenha sentido uma certa “antipatia” por ele, conseguiu me conquistar por ser um personagem complexo e cheio de peculiaridades que o tornam um protagonista mais interessante do que a Kate. Aqui é visível que ele não está confortável em sua nova posição como comandante da FTF e que ele ainda sofre muito pelos os acontecimentos que o levaram a estar nessa situação.  Só que a forma que ele demonstra essa insatisfação, essa tristeza é tão apática que conforme a narrativa ia avançando, mais frustrada eu ficava em perceber que ele estava meio que no “automático” perdendo a cada capítulo as qualidades que tinham me cativado nele.

Gostei bastante da inserção de novos personagens em O Dueto Sombrio, pois eles contribuem para deixar o ritmo da narrativa mais gostoso de acompanhar. Para começar mesmo que sua participação possa ser considerada “pequena”, eu adorei o novo sunai que surgiu na história, o Soro. Ele possui uma personalidade muito concisa e determinada, ao mesmo tempo que é um enigma. Além disso, Soro não tenta ir contra a sua monstruosidade, pelo contrário esse lado é totalmente abraçado e isso em várias situações faz dele incrivelmente humano.

Só que apesar de ter acertado com a inclusão de Soro na história, Victoria Schwab falhou na construção da malchai Alice e na tentativa de transformar Sloan em um dos grandes vilões da história.  Claro que a união dos dois é potencialmente perigosa, mas as ações deles são previsíveis e óbvias que desde do começo já fica claro qual é objetivo final deles o que por consequência tira um pouco do “efeito” surpresa da narrativa. Mas, o que realmente me incomodou foi o desenvolvimento, ou melhor dizendo a falta do desenvolvimento que o nova ameaça que surgiu aqui.

Tipo esse monstro é super poderoso, afinal ele tem o poder de colocar as pessoas umas contra as outras fazendo com que elas tenham atitudes de extrema violência que do que ele se alimenta. Só que o modo como tudo se resolve é tão rápido e fácil que sinceramente em minha visão a única utilidade que esse monstro teve na história em si, foi fazer Kate voltar para casa. Ou seja, esse monstro além de não cumprir a promessa de ser o grande destaque de O Dueto Sombrio, não tem nenhuma participação “efetiva” no desenrolar do enredo que justifique a presença dele assim como o grau de importância atribuído a ele. 

O que mais tinha me chamado a atenção em A Melodia Feroz foi o mundo que a Victoria Schwab criou, e por ser o último livro, eu espera respostas. E não teve absolutamente nenhuma resposta aqui. Com exceção de um personagem que teve o seu final bem definido e condizente com a sua trajetória na história o resto ficou vago demais. De verdade a sensação que eu tive é que voltamos à estaca zero. Ficou faltando aquele epílogo onde temos um vislumbre do que aconteceu com os personagens algum tempo depois. Sei que alguns de vocês estão pensando: ”Ane acho que você estava com expectativas demais.”, e sim eu esperava que o livro entregasse uma história melhor ou pelo mesmo nível do livro anterior, e fato da história ter terminado do jeito que terminou me deixou extremamente frustrada.

“– Você está errado. – disse Kate, virando as costas para ele. – Existe um tipo de mentira que até você pode dizer. Sabe qual é? – Ela encarou o olhar dele na porta de aço. – O tipo que se conta para si mesmo.”

Apesar de não ter atingido todas as minhas expectativas, gostei de algumas coisas que encontrei durante a leitura de O Dueto Sombrio. A escrita da Victoria Schwab é fantástica e realmente nos transporta para dentro das páginas do livro fazendo o que a gente fique completamente envolvido com a história. A minha sugestão para quem leu A Melodia Feroz e ainda está em dúvida, se lê ou não o último livro da duologia é ir como menos sede ao pote. Assim quem sabe, você evita frustrações e acaba curtindo melhor a leitura.
 

dezembro 10, 2018

A Nuvem por Neal Shusterman

| Arquivado em: RESENHAS.





ISBN: 9788555340543
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 496
Classificação: Ótimo
Sinopse: Scythe – Livro 02.
No segundo volume da série Scythe, a Ceifa está mais corrompida do que nunca, e cabe a Citra e Rowan descobrir como impedir que os ceifadores que não seguem os mandamentos da instituição acabem com o futuro da humanidade. Em um mundo perfeito em que a humanidade venceu a morte, tudo é regulado pela incorruptível Nimbo Cúmulo, uma evolução da nuvem de dados. Mas a perfeição não se aplica aos ceifadores, os humanos responsáveis por controlar o crescimento populacional. Quem é morto por eles não pode ser revivido, e seus critérios para matar parecem cada vez mais imorais. Até a chegada do ceifador Lúcifer, que promete eliminar todos os que não seguem os mandamentos da Ceifa. E como a Nimbo Cúmulo não pode interferir nas questões dos ceifadores, resta a ela observar. Enquanto isso, Citra e Rowan também estão preocupados com o destino da Ceifa. Um ano depois de terem sido escolhidos como aprendizes, os dois acreditam que podem melhorar a instituição de maneiras diferentes. Citra pretende inspirar jovens ceifadores ao matar com compaixão e piedade, enquanto Rowan assume uma nova identidade e passa a investigar ceifadores corruptos. Mas talvez as mudanças da Ceifa dependam mais da Nimbo Cúmulo do que deles. Será que a nuvem irá quebrar suas regras e intervir, ou apenas verá seu mundo perfeito desmoronar?

Sempre que me perguntam qual foi o melhor livro que li em 2017, a minha resposta é: O Ceifador, primeiro livro da trilogia Scythe do autor Neal Shusterman. O Ceifador foi uma leitura marcante de várias formas, desde a sua narrativa inteligente e instigante com várias críticas a nossa sociedade. Por conta disso essa blogueira que vos escreve estava ao mesmo tempo ansiosa e receosa com A Nuvem, segundo livro da trilogia. Para minha felicidade embora não tenha me “impactado” tanto como a leitura do primeiro livro, A Nuvem se revelou uma leitura deliciosa e ao mesmo tempo cheia de boas surpresas.

Para quem não quiser correr o risco de spoilers pular quatro parágrafos.

Meses após o último Conclave da Ceifa os acontecimentos daquele dia ainda repercutem entre os Ceifadores. Citra Terranova não é mais uma aprendiz e sim a Honorável Ceifadora Anastássia, enquanto Rowan Damisch trabalha nas sombras com seu manto negro eliminando com a próprias mãos a corrupção que ele viu tão de perto correr os preceitos da Ceifa.

Observando tudo e a todos está a Nimbo Cúmulo, a inteligência artificial que governa o planeta, garantindo que toda a população viva em paz e tendo o necessário para sua sobrevivência. Só que a Nimbo Cúmulo não está feliz com que anda vendo acontecer dentro da Ceifa, porém por conta das leis que ela mesma criou não pode interferir diretamente na organização. Mas se ela, agir por meio de outra pessoa?

Greyson Tolliver é um adolescente solitário que vê a Nimbo Cúmulo como a sua única família. Ao ser recrutado para uma missão especial de forma indireta pela Nimbo, o jovem tem a sua pacata rotina virada de ponta cabeça. Marcado como infrator e fiel aos seus laços com a inteligência que governa o planeta, Greyson mergulha cada vez mais fundo no mar de intrigas e conspirações da Ceifa e com isso, colocando a sua própria vida em risco. Mas os planos de quem a Nimbo Cúmulo está tentando frustrar?

Enquanto o jovem Greyson trabalha nas sombras fazendo o que pode para impedir o pior, o retorno de um velho inimigo fará com que Citra e Rowan unam forças para salvar não apenas a Ceifa mais toda humanidade. Porém, será que a jovem ceifadora e um criminoso foragido vão ser capazes de destruir os terríveis planos que estão em andamento? Tinham os fundadores da Ceifa criado um plano de emergência para quando tudo estivesse ruindo? Em meio a intrigas políticas e jogos de poder, o mundo pacífico que a humanidade conquistou pode estar prestes a entrar em declínio outra vez.
 
Confesso que uma parte de mim esperava mais de A Nuvem. Embora a leitura ao final tenha causado o impacto desejado pelo autor e me deixado bem curiosa para saber o rumo que a história irá tomar no terceiro e último livro, não nego que eu esperava “um pouco mais”. Afinal, apesar A Nuvem sendo um ótimo livro, sua narrativa infelizmente não conseguiu manter o mesmo fôlego de O Ceifador.

Aqui vários elementos que funcionaram brilhantemente no primeiro livro acabaram não funcionando tão bem. Em muitos momentos tive a sensação que a narrativa meio que se “arrastava” fazendo com que o desenvolvimento da história ficasse mais lento. Outro ponto é que senti no caso do Rowan o personagem prometeu muito, mas entregou muito pouco tendo até, ao mesmo em minha opinião uma participação um tanto quanto apática.

Por outro lado foi gratificante ver a evolução da Citra na história. Apesar de suas ações terem a transformando em alvo tanto de admiração como de maquinações políticas, a jovem Ceifadora desempenha seu papel com compaixão sendo fiel aos preceitos mais antigos da Ceifa. O mais interessante nessa evolução da Citra é perceber que mesmo assumindo com maestria o seu novo papel no mundo, a jovem não perdeu a sua essência questionadora e obstinada. Citra continua fazem o que acredita ser o certo, mesmo quando todas as circunstâncias estão contra ela.

Gostei muito da inserção do Greyson na narrativa, pois isso trouxe a narrativa uma perspectiva diferente e interessante. Se em O Ceifador só tínhamos uma visão no mundo controlado pela Nimbo Cúmulo do ponto vista dos ceifadores, em A Nuvem é possível conhecer essa nova realidade pelo ponto de vista de uma “pessoa comum”. Além disso, o Greyson é aquele tipo de personagem bastante enigmático não tanto por sua personalidade e sim por que não fica muito claro, o papel que ele tem ou terá na história.

Em A Nuvem, Neal Shusterman deu um foco mais político a narrativa e com isso tornando a participação da Nimbo Cúmulo bem mais expressiva. Se no primeiro livro ela desempenha um papel mais de narradora, aqui ela ganhou ares de protagonista. Admito que os meus sentimentos em relação a Nimbo são bem conflitantes, porque ao mesmo tempo que vejo muita compaixão e sabedoria nela, vejo algo obscuro e bem assustador.

“Um chefe de Estado arrogante permite todas as formas de ódio desde que alimentem a sua ambição. E a triste verdade é que as pessoas engolem isso. A sociedade se devora e apodrece. A permissividade é o cadáver inchado da liberdade.”

A Nuvem pode não ter me arrebatado tanto como O Ceifador, mas está longe de ter sido uma decepção. Neal Shusterman soube como surpreender nos momentos certos, tornando a leitura um misto de sentimentos que iam da descrença ao choque. Em várias situações eu me vi dizendo: “- *palavrão*! Não posso acreditar que isso está acontecendo!”. Foram momentos que me deixaram de queixo no chão e coração partido. Mal posso esperar para ver o que Neal Shusterman reservou para o final da trilogia. 

Veja Também:

julho 11, 2018

Reinado Imortal por Morgan Rhodes

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788555340536
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 424
Classificação: Muito Bom
Sinopse: A Queda dos Reinos – Livro 06.
No último volume da série épica A Queda dos Reinos, grandes inimigos precisam se tornar aliados para salvar Mítica da ira dos deuses elementares. Os cristais da Tétrade foram reunidos e os deuses elementares que estavam aprisionados neles foram libertados, mas seu poder e magia não podem ser contidos por ninguém. Saindo do controle de humanos e imortais, os deuses se uniram e planejam destruir todos os reinos, começando por Mítica. Enquanto Jonas continua ignorando o destino que o liga a Lucia, a feiticeira está preocupada em encontrar maneiras de proteger sua filha — mesmo que isso signifique enfrentar sozinha Kyan, o deus do fogo. Amara também está disposta a encarar os deuses elementares. Apesar de ter voltado para o Império Kraeshiano, não desistiu de se tornar a mais poderosa dos reinos. Ao lado da avó, pretende conquistar Mítica só para si. Magnus e Cleo terão seus sentimentos testados mais uma vez. Com os inimigos se aproximando e uma magia maligna tomando conta dos territórios de Mítica, eles precisam descobrir se o amor que sentem é o suficiente para vencer as forças que querem destruí-los — e a toda a nação.

A Queda dos Reinos é aquela série que sempre terá um lugar especial em meu coração. Logo no primeiro livro fui completamente conquistada pela narrativa jovial e fluida da autora Morgan Rhodes, que ao longo de seus livros nos apresentou uma história que mescla literatura fantástica, aventura e romance com personagens que evoluem gradualmente junto com a narrativa. Porém, a pergunta que estou me fazendo desde que li o último parágrafo de Reinado Imortal é o porquê estou me sentindo tão frustrada com o que encontrei aqui.

Não que eu não tenha gostado do caminho que a autora tomou para finalizar a série. Alguns pontos eu achei bem interessantes e de certa forma, Morgan Rhodes soube como não deixar nenhuma ponta solta e finalizar “bem” a história que se propôs a escrever. A minha frustração é pelo modo como tudo isso aconteceu, - rápido e sem emoção alguma. Mas, estou me antecipando os fatos (...).

Quem não quiser pegar spoilers pode pular três parágrafos a partir de agora.

Os quatro deuses da Tétrade finalmente estão reunidos e prontos para submeter não apenas Mítica, mas todo o mundo ao seu poder destruidor. Lucia Damora, carrega nos ombros o fardo de suas escolhas erradas e está disposta a fazer o que for preciso para impedir que Kyan, o temível deus do fogo destrua tudo aquilo que ela ama. Só que ela não está sozinha nessa missão, pois embora prefira ignorar os riscos e o seu papel na batalha contra os deuses elementares, Jonas o rebelde de Paelsia sabe que de alguma forma quando o momento final chegar a feiticeira irá precisar dele e de sua estranha magia.

Do outro lado, o amor improvável que uniu a princesa Cleo e o príncipe Magnus passará por uma última prova de fogo, onde eles terão que ser fortes para vencer a magia maligna que está cada vez mais próxima do reino que ambos prometeram proteger. E se os deuses da Tétrade já não fossem preocupação suficiente para o jovem casal, Amara a imperatriz de Kraeshia e sua inesgotável sede de poder continua sendo uma ameaça no horizonte.

As peças estão postas e o tempo está se esgotando. Conseguirá Lucia se redimir dos erros do passado e encontrar uma forma de aprisionar os deuses elementais novamente? E Jonas, o que o destino reserva para o jovem rebelde? O amor de Cleo o Magnus será forte o suficiente para sobreviver a última e decisiva batalha entre os frágeis seres humanos e poderosos deuses imortais?

Talvez o meu maior “erro” foi ter aguardado esse livro com muitas expectativas. Mas, gente é o último livro de uma das minhas séries favoritas, em minha defesa digo que é um pouco óbvio que eu tinha muitas expectativas sim! E que infelizmente elas não foram atingidas (...). Não que o livro não seja bom, ou que a escrita da Morgan tenha perdido a qualidade. A verdade é que Reinado Imortal segue a mesma linha dos livros anteriores como de a autora não quisesse sair de sua “zona de conforto” e arriscar um pouco mais para dar a narrativa aquele toque de emoção que faria toda a diferença no resultado final da obra.

Ao contrário dos livros anteriores em que cada capítulo reservava uma reviravolta de tirar o fôlego em Reinado Imortal, nada chega a ser de fato surpreendente. A impressão que eu fiquei é que a própria autora estava com “pressa” de amarrar os pontos e finalizar a história de um modo que ficasse convincente para todos. E de fato ela consegue isso, mesmo que para tal tenha recaído em alguns pontos a certa “superficialidade” quando podia e devia ter explorado melhor os elementos presentes na trama. Um bom exemplo disso, é o desfecho que ela dá para o rei Gaius.

Como um dos pontos positivos a ser destacado é a evolução que cada personagem tem no decorrer da série. Confesso que até o final torci por um final diferente para a Lucia, afinal desde do primeiro livro ela fez questão de ser aquela típica personagem insuportável que por mais que você tenha um bom coração, deseja que ela desapareça (me julguem). Cleo e Magnus amadureceram bastante também e mostraram da forma mais clichê possível que, - o verdadeiro amor vence tudo.

Porém de todos os personagens o que realmente merecia, ao menos em minha opinião um destaque maior é o Jonas. Tipo, ele é aquele personagem que se “ferra” do começo ao fim. Faz uma burrada atrás da outra, e sim em muitos momentos é completamente mal aproveitado na história. Não sei o que eu como leitora esperava, mas com certeza era um final bem mais “heroico” para quem perdeu tanto no decorrer de cinco livros (...).

Em suma Reinado Imortal não entregou ao menos para essa leitora que vos escreve a história que prometia. Porém, mesmo que uma parte de mim se sinta frustrada com alguns pontos, Morgan Rhodes nos apresenta uma história cativante e com personagens que são reais e que estão dispostos a fazer o que for preciso para salvar aqueles que amam. Sem dúvidas a série A Queda dos Reinos terá para sempre um lugar especial em minha estante e no meu coração de leitora.

“- As pessoas têm formas diferentes de lidar com as adversidades. Não significa que estejam felizes.”

Para os fãs de literatura fantástica a série A Queda dos Reinos traz uma narrativa atrativa com personagens fortes e momentos que mesclam emoção, ação e aventura. Infelizmente o seu capítulo final deixa um pouco a desejar, porém isso não tira o mérito da autora Morgan Rhodes em nos presentear com uma história envolvente que nos deixa apaixonados e já saudosos nos parágrafos finais.

Veja Também:

maio 09, 2018

A Heroína da Alvorada por Alwyn Hamilton

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788555340680
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 384
Classificação: Muito Bom
Onde Comprar
Sinopse: A Rebelde do Deserto – Livro 03.
Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados. Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.

Não é segredo para ninguém que acompanha o blog há mais tempo, que a trilogia A Rebelde do Deserto a princípio me causou certa "desconfiança", para depois me conquistar por completo. Por isso, acredito que seja um pouco óbvio dizer que A Heroína da Alvorada, último livro da trilogia era um dos livros mais esperados por mim esse ano. Porém, mesmo que ao final a leitura tenha se mostrado emocionante e deixado aquele sentimento nostálgico de saudades, não nego que esperava um pouco mais.

Pode conter spoilers dos livros anteriores, por isso quem não quiser colocar sua conta em risco pode pular três parágrafos.

Depois de ser resgatada do palácio do sultão e reencontrar Jin, Amani se vê em uma posição que jamais se imaginou, - a de líder da Rebelião. Perdida e sem saber direito o que fazer ela parte em direção a Eremot, uma cidade mística em que segundo as informações que os rebeldes tiveram é onde Ahmed, Shazad, Rahim e outros membros importantes para a rebelião estão presos. Mas, chegar a Eremot não será uma tarefa simples, até por que para começar a cidade não aparece em nenhum mapa.

Entre as impiedosas areias do deserto e um reencontro com sua origem, Amani se vê cada vez mais vulnerável e com medo de estar levando o que restou da rebeldes e Jin em direção a morte. E agora, além de precisar encontrar um meio de libertar o povo de Miraji da tirania do sultão, um inimigo ainda mais poderoso e perigoso surge em seu caminho. Alguém que até mesmo os antigos djinni temem.

Quanto mais se aproxima do seu objetivo final, mais insegura do caminho que deve seguir Amani fica. Afinal ela está escondendo um segredo de todos, algo que pode mudar o destino da rebelião e selar o seu para sempre. Será que a aquela menina que saiu da Vila da Poeira, conseguira sobreviver as próprias escolhas? Ou o deserto e sua misteriosa magia serão implacáveis?

O meu grande problema com A Heroína da Alvorada foi começar a leitura com muitas expectativas. Sim a velha e nada boa expectativa (...). Por ser o último livro de uma trilogia marcada por uma narrativa ágil e com uma boa dose de ação, eu esperava que a história aqui mantivesse o mesmo ritmo. Porém, fui surpreendida por uma narrativa mais lenta o que em muitos momentos passava a sensação que a história “não saía do lugar”.

Gostei da inserção de pequenos contos entres os capítulos, pois algo que sempre me incomodou um pouco na narrativa era o fato dela ser focada apenas no ponto de vista da Amani. Através desses contos conseguimos conhecer melhor personagens importantes dentro do universo criado por Alwyn Hamilton e assim entendendo melhor as motivações que cada um tinha para estar ali, na rebelião.

É visível a evolução que Amani teve no decorrer da trilogia, assim como o de Jin (). Em um determinado ponto, ele deixa de ser um mero personagem coadjuvante para se tornar um protagonista forte. É nesse momento em que percebemos a dimensão do amor dele e Amani. O que mais agrada nos dois é que eles não são aquele casal clichê, que acabam colocando em primeiro lugar suas necessidades e sentimentos e por conta disso agindo de forma egoísta.

Amani e Jin, muitas vezes deixaram de lado o amor que sentem um pelo outro em prol de algo maior que acreditam. E isso é lindo e ao mesmo tempo angustiante de acompanhar, pois não há certeza que ao final eles terão o seu “feliz para sempre”. Afinal, a vida é feita de escolhas e na maioria das vezes elas não são fáceis (...).

Em A Heroína da Alvorada, Alwyn Hamilton teceu uma história que mesmo falhando em alguns pontos, consegue ser surpreendente nos capítulos finais. E não nego que a autora me levou às lágrimas, em especial nos momentos mais importantes da narrativa. Alwyn é aquele tipo de autora que não tem medo de tirar um personagem da história, se essa decisão for o melhor para o desenvolvimento dela. E por mais que algumas perdas doam, elas são fundamentais para o desfecho emocionante da trilogia.

Esperava um pouco mais? Sim, não nego. Só que mesmo com um começo tímido e um pouco lento, conforme fui avançando na leitura me vi cada vez mais envolvida pela narrativa. Alwyn Hamilton pode ter “errado” o tom em alguns momentos, mas soube conduzir a história que tinha em mente para um final que sem dúvidas, encanta e deixa os fãs da trilogia com o coração apertado de saudades.

“Ambos se dissolvendo em areia, poeira e faíscas, até sermos estrelas infinitas entrelaçadas na noite.”

Para os fãs de boas histórias de ação, magia e com aquele toque irresistível de romance, a trilogia A Rebelde do Deserto é uma opção maravilhosa de leitura! Não somente por conter os itens que citei, mas também por possuir personagens fortes e cativantes. No final mesmo com algumas "falhas de percurso" Alwyn Hamilton, conseguiu vencer a minha desconfiança e conquistar o meu coração.

Veja Também: 

janeiro 24, 2018

Uma Bolota Molenga e Feliz por Sarah Andersen

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788555340451
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 136
Classificação: Ótimo
Sinopse: As incríveis tirinhas de Sarah Andersen são para nós, que não economizamos dinheiro na livraria, vivemos à base de café, deixamos tudo para a última hora, somos especialistas em roubar o blusão alheio, não sabemos nos comportar em situações sociais e insistimos em Pensar Demais. Esta segunda coletânea continua exatamente onde a primeira parou: debaixo de uma pilha de cobertas, evitando as responsabilidades do mundo real. Este volume traz tiras que acompanham os altos e baixos da montanha-russa implacável que é o começo da vida adulta, além de ensaios ilustrados sobre experiências pessoais da autora ligadas a ansiedade, carreira, relacionamentos e amor por gatinhos. Tudo isso com o mesmo tom sincero, leve e divertido que já conquistou mais de 2 milhões de fãs no Facebook.

Ninguém Vira Adulto de Verdade foi uma daquelas leituras que ao final me deixou com gostinho de quero mais. Por esse motivo vocês podem imaginar a minha felicidade quando foi anunciado o lançamento de, Uma Bolota Molenga e Feliz, segundo livro de coletâneas em quadrinhos da autora Sarah Andersen. Aqui novamente me deparei com situações rotineiras narradas com uma ironia sutil e bom humor, o que claro tornou a leitura ainda mais divertida.
imagem: Ariane Reis.
Em Uma Bolota Molenga e Feliz, Sarah retrata situações pelas quais passou e passa em seu dia a dia e isso faz com que seja fácil se identificar com a autora. Momentos de ansiedade, desafios no trabalho e nos relacionamentos são mostrados de uma forma leve e verdadeira.
imagem: Ariane Reis.
Além disso, neste volume além dos quadrinhos com histórias curtas as quais já estamos habituadas, existem também quadrinhos com histórias mais longas que vão se conectando através várias páginas. Além de textos que complementam e dão um toque ainda mais original a obra.
imagem: Ariane Reis.
imagem: Ariane Reis.
Sei que sou suspeita para falar, afinal eu simplesmente adoro o trabalho da Sarah, mas de verdade é uma delícia pegar um livro como Uma Bolota Molenga e Feliz e se jogar no sofá em uma tarde preguiçosa de domingo. Você nem sente a hora passar enquanto se diverte e se questiona se fez as escolhas certas na vida e principalmente o que pode fazer para mudar, caso a resposta seja não. Afinal o importante é se sentir bem e feliz sendo a gente mesmo.

© 2010 - 2021 Blog My Dear Library | Ariane Gisele Reis • Livros, Música, Arte, Poesias e Sonhos. Tema desenvolvido com por Iunique - Temas.in