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março 14, 2021

Sobre o tempo ...

| Arquivado em: CRÔNICAS & POESIAS

Divagando
imagem: Unsplash

Sinto saudades das longas conversas que tínhamos. Quando passávamos horas falando sobre tudo ou apenas compartilhando um silêncio confortável. Dos sonhos e desejos sussurrados, de nossos pequenos segredos e cumplicidade. Me pergunto se me tornei tão chato e enfadonho ao ponto de você decidir seguir em frente, à passos rápidos demais para que eu conseguisse acompanhar.

Sei que já devia estar acostumado com isso, afinal já te vi chegar e partir tantas e tantas vezes. Só que por mais preparado que eu esteja para esse momento e da curta distância que nos separa, sinto um vazio imenso quando isso acontece.

Continuo sabendo de todos os seus segredos, porém gostava mais quando nós conversávamos e você os dividia comigo por vontade própria. Não pense que estou te espionando, só que a verdade é que mesmo que você quisesse não há como esconder algo de mim.

Enquanto permaneço aqui sozinho, você corre de um lado para o outro sem olhar para trás, até porque isso não faz muito o seu estilo. Sou eu que estou sempre preso ao passado e que em contrapartida, observa você experienciar o presente e sonhar com o futuro. A grande ironia de nossa relação é que todos dizem que sou eu, que ando rápido demais, quando a realidade, é que nem sempre consigo acompanhar tudo com tanta rapidez. Meus passos continuam iguais, seguindo seu ritmo constante e bem marcado, tic-tac, tic-tac...

Admiro a sua leveza, o sopro de felicidade que você traz a todos quem toca, tão diferente da minha presença que os assusta os faz lembrar de tudo o que perderam, de todos seus erros e que não há como voltar. Não faço isso por crueldade, mas esse de certo modo é o meu trabalho, a minha parte em nossa parceria. Neste ciclo infinito no qual estamos presos, estou fadado cedo ou tarde ao esquecimento mesmo que eu, continue te acompanhando e assistindo a tudo, dos seus primeiros e incertos passos até o momento que a sua luz de apaga.

Não me importo de ser visto como vilão em nossa curta jornada juntos. Minha única tristeza é perceber que muitas vezes, aqueles que te recebem como um presente não notam o quão frágil, passageira e bela você é.

Sendo quem sou, o Tempo contínuo diariamente em minhas imutáveis 24 horas, transitando entre seus momentos e realizações boas ou não. A única coisa que peço em troca é que você, minha querida amiga Vida os ensine: a sorrir mais, abraçar mais, beijar mais, perdoar mais, a amar mais.

Quem sabe dessa forma o nosso breve período, possa ser maior e ao invés de nos separarmos, possamos caminhar juntos sem presa, magoas, medos ou acusações. Somente aproveitando o que há de melhor em você e em mim, - o momento presente

texto escrito por: Ariane Gisele Reis.  ©  Todos os Direitos Reservados.

março 24, 2019

Nossas frágeis conexões

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO

imagem: Shutterstock

Vivemos tão conectados e nunca nos sentimos tão sozinhos. Acreditamos conviver em uma grande comunidade, mas desconhecemos as pessoas que moram na casa ao lado. Em um mundo onde tudo surge e acaba tão rápido, nossas relações se tornaram rasas.

Passamos a nos importar mais com a vida de uma celebridade do que com que anda acontecendo à nossa volta. Medimos o quanto somos amados pela quantidade de likes e comentários que recebemos em uma publicação. Deixamos de viver a vida real para nos contentar em ver a vida passar através de uma tela.

Comparamos nossas vidas e nos perguntamos o porquê coisas boas só acontecem com os outros e nunca com a gente. Trocamos relações por conexões, amizades por seguidores, relacionamentos por matchs.  Conversas por mensagens que nem sempre são respondidas.

Queremos tanto nos sentir parte de algo e na verdade sem perceber acabamos cada vez mais isolados em nossas bolhas virtuais. Competimos por atenção e popularidade, em um mundo feito de algoritmos e ações patrocinadas. Nos tornamos dependentes da opinião e aprovação alheia.

Quando vamos perceber o quanto isso tudo é frágil. Até quando vamos desejar viver uma realidade que não é a nossa. Aquele um por cento perfeito compartilhado em um dia ruim.

Quando vamos nos lembrar que não são os momentos publicados que nos marcam. E sim justamente aqueles que estamos tão envolvidos uns com os outros que esquecemos de fotografar.

Quando vamos entender que a vida é um sopro e a única coisa que deixamos e levamos ao partir não são números, e sim o bem que fazemos para o outro.

Tire um pouco os olhos da tela do seu celular e olhe para sua janela. Veja o dia lindo que está lá fora. Respire fundo e sinta o calor do sol e a brisa suave em seu rosto.

Deixe de curtir tanto a vida dos outros para curtir a sua. Perceba o quando ela é linda, plena, maravilhosa e frágil. Agarre-se a ela com toda força! Antes que ela passe por você rápido demais, como mais uma atualização no feed.

fevereiro 26, 2018

Conversas de final de tarde

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO

imagem: Shutterstock
A minha intenção era escrever sobre alguma série ou filme legal que vi nos últimos tempos. Mas, sabe quando não surge aquela inspiração? Pois bem, foi exatamente isso o que aconteceu com essa blogueira que vos escreve. Só que ao mesmo tempo em que não conseguia desenvolver o post que a princípio tinha em mente, senti a necessidade de vir aqui conversar um pouco com vocês. Sim, só bater papo, jogar um pouco de conversa fora.

Vivemos praticamente todas as nossas horas do dia conectados, mas pouco conversamos entre nós mesmos. Quando digo conversar não estou falando de troca de mensagens através de um aplicativo ou rede social, - estou falando de olho no olho de estar perto de quem nos faz bem e amamos. Compartilhamos fotos dos momentos felizes e esquecemos do mais importante, de viver o momento.

Nada me dá mais paz de espírito do que chegar em casa e jantar com a minha mãe, enquanto contamos uma para outra como foi o dia. Ou mesmo quando estamos assistindo algo juntas, dividindo o mesmo sofá pequeno e apertado para duas pessoas. Esses momentos por mais rotineiros que sejam, são o meu porto seguro em meio ao stress do meu trabalho e minhas crises de ansiedade. E para tudo ficar perfeito temos o nosso potinho de amor, o Hércules que sabe exatamente quando eu estou triste ou chateada com alguma coisa e do seu jeito canino fofo, sem expressar nenhuma palavra me diz que vai ficar tudo bem.

Adoro sair com as minhas amigas (Joy, Ju e Tha) e fazer o que carinhosamente chamamos de piquenique na praça de alimentação do Shopping. Aguardo ansiosamente pelos nossos encontros mensais, as nossas conversas que começam com um assunto e terminam em outro completamente diferente. Amo as risadas altas e as recordações que criamos em cada um desses encontro. Nunca vou esquecer do dia que recebi a notícia que o Arthur está chegando em nossas vidas, e como a partir daquele dia estou me esforçando ainda mais para ser uma pessoa melhor, para ser uma tia presente em todos os momentos da vida dele.

E nada me mostrou mais a verdade do ditado: “Amigos são a família que escolhemos para a gente.”, do que a minha gêmula (Fran). Entre cafés aos finais de tarde e conversas que deixam a alma leve, ela é aquela pessoa que acredita mais em mim e nos meus sonhos do que eu mesma.

Depois de anos, finalmente descobri o significado de ter melhores amigas.  E enquanto converso com vocês, leitores do blog, compartilhando uma parte de mim e falando sobre essas pessoas tão especiais da minha vida, penso em quando sou grata a Deus e ao Universo por telas por perto. Pertinho mesmo, para aquelas deliciosas conversas de finais de tarde, e principalmente no lugar mais seguro onde as pessoas que são importante e que se importam merecem estar, - no coração.

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