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março 27, 2017

Meio Mundo por Joe Abercrombie

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788580416411
Editora: Arqueiro
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 368
Classificação: Ótimo
Sinopse: Mar Despedaçado – Livro 02.

Os tolos alardeiam o que vão fazer. Os heróis fazem.

Thorn Bathu não é uma garota comum. Mesmo tendo sido criada numa sociedade machista, ela vive para lutar e treina arduamente há anos. Porém, após uma fatalidade, ela é declarada assassina pelo mesmo mestre de armas que deveria prepará-la para as batalhas. Para fugir à sentença de morte, Thorn se vê obrigada a participar de um esquema do ardiloso pai Yarvi, ministro de Gettland. Ao lado dela se encontra Brand, um guerreiro que odeia matar, mas encara a jornada como uma chance de sustentar a irmã e conquistar o respeito de seu povo. A missão dos dois é cruzar meio mundo a bordo de um navio e buscar aliados contra o Rei Supremo, que pretende subjugar todo o Mar Despedaçado. É uma viagem desafiadora, em que Brand precisa provar seu valor e Thorn fará o necessário para honrar a memória do pai e se tornar uma verdadeira guerreira.

Comecei a leitura de Meio Mundo, segundo livro da trilogia Mar Despedaçado do autor Joe Abercrombie, com aquele misto de ansiedade e apreensão. Afinal, nada é mais desanimador do que a famosa e temida “maldição do segundo livro”. Mas, para minha surpresa novamente me vi envolvida pelo sedutor jogo de intrigas e conspirações criado pelo o autor. Até por que desde Meio Rei ficou claro que nessa história quem vence é o mais inteligente e não o mais forte.

Pode conter spoiler do livro anterior, por isso quem não quiser correr o risco pode pular quatro parágrafos agora.

Thorn Bathu pode ser chamada de muitas coisas, menos de mocinha frágil e delicada. E apesar de ter sido criada em uma sociedade regida pelo patriarcado, Thorn sabe que nasceu para lutar e principalmente, que é melhor que do que muitos homens nisso. Após anos treinando para ser uma guerreira do rei, ela vê seus sonhos ruírem quando depois de uma fatalidade é declarada assassina pelo mestre de armas e condenada à morte.

Mas enquanto na cela ela lamenta o seu terrível destino, uma nova oportunidade surgi. Pai Yarvi, ministro de Gettland lhe oferece a liberdade em troca da sua força e lealdade. Yarvi é conhecido por ser ardiloso e inteligente. E embora o ministro não seja um grande guerreiro, muitos sabem que ele é mais perigoso em um jogo de palavras do que segurando uma espada.

A sombra da guerra está cada vez mais próxima de Gettland, e o Rei Supremo e sua ministra estão dispostos a tudo para esmagar o pequeno país. Yarvi então parte a bordo do Vento Sul em uma viagem cheia de perigos cruzando meio mundo em busca de aliados. Thorn que sonhava em ser uma guerreira e ter canções compostas sobre seus corajosos atos, se vê presa em meio a nada ao lado estranhos e de Brand, um jovem com o qual ela tem um passado.

E nessa jornada árdua e cheia de acontecimentos inesperados, Thorn se vê cada vez mais enredada em intrigas políticas que a fazem questionar seu desejo de ser guerreira, ao mesmo tempo em que sem perceber vai sendo moldada para se tornar a arma mais mortal de Yarvi contra os inimigos de Gettland.

Confesso que ao contrário de Meio Rei que me fisgou logo nas primeiras páginas, aqui demorei um pouco mais para me envolver com a história. Achei interessante o autor ter deixado Yarvi o protagonista do primeiro livro em um papel mais "secundário", só que o problema é que a Thorn não é uma personagem “fácil”

O que mais me cativou na leitura do primeiro livro, foi justamente o fato de Joe Abercrombie fugir dos estereótipos com os quais estamos acostumados nos livros de fantasia. E nesse segundo livro o autor nos apresentou uma personagem feminina forte e decidida, mas que em algumas situações consegue ser arrogante e infantil. Algo que me incomodou bastante em vários momentos. E talvez por isso, eu tenha me apegado mais ao Brand do que a Thorn.

Brand é aquele personagem que vai se revelando aos poucos, camada por camada e que apesar do seu jeito mais calado é aquele que presta atenção nos detalhes e sabe a hora certa de agir. Joe Abercrombie trouxe novos e complexos personagens a sua obra, ao mesmo tempo em que antigos conhecidos desempenham mais uma vez um papel importante no desenvolvimento da trama, como a naja da Isrium e o imponente rainha Laithlin.

Yarvi mais uma vez me surpreendeu com sua sagacidade e inteligência. Ele pode até ter perdido o posto de "grande" protagonista da história em Meio Mundo, mas seu papel não ficou nem um pouco menor por isso. Sem sombra de dúvidas ele é a engrenagem mestre dessa obra e não duvido que até o final da trilogia ele esteja dominando todo o mar despedaçado.

O único ponto “negativo“ que Meio Mundo tem em minha opinião, é que senti o que o autor se estendeu muito em alguns momentos, em especial na batalha final.  Mas fora esse pequeno detalhe Joe Abercrombie conseguiu manter o ritmo surpreendente da série, me deixando ainda mais curiosa para saber como ela vai terminar. A Meia Guerra se aproxima, e tenho minhas dúvidas se ela será decidida no campo de batalha.

“– Às vezes grandes coisas certas precisam ser costuradas a partir de pequenas coisas erradas.”

Em uma narrativa com diálogos inteligentes, personagens fortes e um toque de romance, Joe Abercombrie faz com o que leitor embarque em uma aventura cheia de reviravoltas políticas e inimigos perigosos. Só não se esqueçam da dica que dei no começo da resenha, aqui nem sempre o mais forte e corajoso vence.

Veja Também:

outubro 31, 2016

A Senhora do Império por Raymond E. Feist e Janny Wurts

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788580415995
Editora: Arqueiro
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 752
Classificação: Ótimo
Sinopse: Saga do Império – Livro 03.
Em Kelewan, Mara, a Senhora dos Acoma, sente-se segura e em paz pela primeira vez na vida – até que seus inimigos tentam matá-la e acabam tirando a vida de seu filho. Abalada pela tragédia e cercada por espiões, assassinos e casas rivais, ela enfrentará o maior desafio de sua vida e sofrerá ainda mais perdas durante esse trajeto. Em busca de justiça, ela verá seus planos frustrados pela Assembleia de Magos, que detém o poder real do Império e mantém a população dócil e domesticada, e também pelos terríveis Mantos Negros, que encaram Mara como a ameaça suprema ao seu poder ancestral. Então, para assegurar a paz, Mara deverá viajar para além das fronteiras da civilização, desvendando antigos segredos até os portões de Chakaha, a cidade dos estranhos cho-ja. Reunindo toda a sua coragem e astúcia, a Serva do Império iniciará sua maior batalha em nome da sua vida e do seu lar.

Sempre que chego ao final de uma série sinto um misto de dever cumprido e aquela pontinha de tristeza por me despedir de personagens que ao longo da leitura se tornaram "meus amigos". E com a Saga do Império esse sentimento é ainda mais intenso, pois essa foi uma saga que me levou novamente para o mundo maravilhoso criado por Raymond E. Feist, que na companhia de Janny Wurts nos presenteou com uma história em que o único adjetivo que faz jus a toda a sua grandeza é, - épica.

Quem não quiser pegar spoilers dos livros anteriores, pode pular três parágrafos.

Mara, a Senhora dos Acoma venceu inúmeros obstáculos desde a fatídica noite que mudou completamente o seu destino e de sua casa. Jovem e completamente inexperiente, Mara precisou aprender a ser uma pessoa astuta e acima de tudo manipuladora, para sobreviver o terrível Jogo do Conselho para manter a todos e a si própria vivos e em segurança. Depois de muitas batalhas e agora como Serva do Império, e com cargo de Senhor da Guerra extinto, Mara possui um exercito poderoso e finalmente encontrou a sua tão sonhada paz.

Porém essa paz é passageira e alguém tenta matá-la. E embora o assassino tenha falhado no seu objetivo principal, Mara acaba perdendo seu filho.  Ela está devastada e seu único desejo é vingar-se, nem que para isso precise lançar uma terrível guerra sobre o Império de Kelewan. Mas em seu caminho ela tem os Grandes, os Magos que governam o Império. E mesmo que uma parte deles a apoiem, a outra ficará feliz de se livrar de uma vez por todas da influência e do poder da Senhora dos Acoma.

Estando ela e sua família sob a vigília dos Magos, Mara vai à busca de um caminho alternativo para fazer justiça e com isso começa uma jornada que a levará muito além das fronteiras do Império onde ela descobrirá segredos antigos. Em meio a conspirações e alianças perigosas, Mara e seu maior inimigo ficam frente e a frente. Só resta saber se dessa vez ela e aqueles que ama conseguiram sobreviver.

Diferente da Saga do Mago () escrita somente pelo Raymond E. Feist que me cativava logo nas primeiras páginas, A Saga do Império escrita em parceria com a Janny Wurts demorava um pouco mais para me envolver em sua a história. Durante a leitura dos dois livros anteriores sempre comentei que sentia que a narrativa era mais "lenta" e que em muitas ocasiões acabava se perdendo em detalhes “desnecessários”. Por esse motivo foi uma surpresa enorme ver como tudo aqui se desenvolve de forma mais fluida, apesar da narrativa conter e até mesmo precisar de um detalhamento mais profundo.

Ao contrário dos livros anteriores em que o ritmo na narrativa crescia gradativamente conforme a história avançava, A Senhora do Império foi um livro que desde o primeiro capítulo me vi arrastada para um mar de acontecimentos que me deixavam apreensiva e ao mesmo tempo curiosa. Um dos pontos que mais gostei era o modo como os autores criavam grandes reviravoltas e depois entrelaçam todos os fatos com perfeição. Eles não deixavam pontas soltas e por mais que alguns acontecimentos tenham partido o meu coração, eles foram extremamente necessários para a evolução enredo.

Porém o que mais me encantou durante a leitura de toda saga foi perceber o quanto os autores conseguiram criar e desenvolver uma personagem em todo o seu potencial. Acompanhar a trajetória da Mara de menina inocente a mulher que não tinha medo de sujar as “mãos de sangue” por quem amava foi incrível. Não que eu concorde com todas as atitudes que ela teve, só que em meio a tantas histórias com protagonistas superficiais, encontrar uma que foge completamente desse estereótipo é maravilhoso!

Outro ponto é que mesmo sendo sagas independentes, ou seja, você pode ler uma sem ter lido a outra em um determinado momento elas se encontram. E sim, eu fiquei extremamente feliz e até mesmo emocionada pela maneira como o Raymond E. Feist e a Janny Wurts amarram duas tramas tão complexas e grandiosas. A Saga do Mago sempre terá um lugar especial em meu coração, mas a Saga do Império mesmo que mais lentamente também me conquistou, provando ser uma leitura extraordinária.

A Senhora do Império foi uma leitura que me envolveu de tal modo que quando percebi que os capítulos finais se aproximavam, eu meio que “abandonei” o livro por uma semana. Sabe quando você não quer que algo acabe? Era assim que eu me sentia.  Quis evitar a hora de dizer adeus o máximo que pude, e quando ela chegou não consegui evitar as lágrimas. Que possam garantir a todos vocês que foram de felicidade e de orgulho.

“ – Vocês são do Império, humanos. A paz, para a sua espécie, não passa de um prelúdio para a traição.”

Com grandes batalhas e reviravoltas que tornam um capítulo mais envolvente que o outro, A  Saga do Império é uma leitura para quem ama fantasia, mas que também gosta de se aventurar por narrativas cheias de intrigadas e conspirações.  Sem sombra de duvidas uma das melhores trilogias que li na vida. Já posso pedir para a Editora Arqueiro mais livros do Raymond E. Feist e da Janny Wurts? Afinal, eu já estou com saudades.

setembro 29, 2016

Magônia por Maria Dahvana Headley

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501105882
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento:  2016
Número de páginas: 308
Classificação: Bom
Sinopse: Magônia – Livro 01.
Aza Ray nasceu com uma estranha doença incurável que faz com que o ato de respirar se torne mais difícil. Aos médicos só resta prescrever medicamentos fortes na esperança de mantê-la viva. Quando Aza vê um misterioso navio no céu, sua família acredita que são alucinações provocadas pelos efeitos do medicamento. Mas ela sabe que não está vendo coisas, escutou alguém chamar seu nome lá de cima, nas nuvens, onde existe uma terra mágica de navios voadores e onde Aza não é mais a frágil garota enferma. Em ''Magônia'', ela não só pode respirar como cantar. Suas canções têm poderes transformadores e, através delas, Aza pode mudar o mundo abaixo das nuvens. Em uma brilhante e sensível estreia no gênero young adult, Maria Dahvana Headley constrói uma fantasia rica em nuances e cheia de simbolismo.

Acredito que um dos grandes problemas nas séries literárias ultimamente é o fato que poucas conseguem trazer uma proposta original.  Por esse motivo assim que li a sinopse de Magônia achei sua premissa intrigante e por que não dizer, - diferente. Em partes a autora Maria Dahvana Headley realmente consegue apresentar algo novo, porém acaba “derrapando” em alguns clichês do estilo.

Aza Ray tem quinze anos e nunca soube como é ser uma pessoa "normal". Ela nasceu com uma doença desconhecida e incurável que afeta os seus pulmões. A única coisa que mantém Aza viva são os medicamentos fortes que usa e o amor incondicional de sua família. Certa manhã como outra qualquer, uma estranha tempestade se forma no céu e em meio às nuvens Aza vê um navio. Aza sabe que ao contrário do que todos pensam, ela não teve uma alucinação causada por algum dos remédios fortes que toma. Ela avistou um navio e alguém chamou seu nome. Jason o seu melhor amigo é único que acredita nela, mas antes que os dois possam encontrar alguma pista que explique o que um navio fazia entre as nuvens durante uma tempestade, algo ainda mais assustador acontece.

Aza acorda em um lugar estranho e  percebe que pela primeira vez na vida consegue respirar de verdade. Ela está em Magônia, uma terra encantada com navios voadores que sempre existiu acima de nós, mas que graças à magia é invisível aos olhos humanos. Aqui ela não é mais a frágil Aza Ray, ela é forte e possui um grande poder, seu canto pode mudar o mundo. Porém, enquanto ela navega pelos céus uma parte do seu coração a mantém firme na Terra e cedo ou tarde ela terá que decidir de que lado sua lealdade está. Nas nuvens com o magonianos ou no chão firme com aqueles que a ama?

Magônia possui uma narrativa rica e bem construída. Gostei da maneira como os personagens foram desenvolvidos e da forma que a Maria Dahvana Headley soube trabalhar os elementos mais complexos do enredo. Mas não nego que alguns pontos dele me remeteram a outros livros que li. Não é nada assim tão “absurdo”, só que no momento em que me deparei com esses detalhes na história, ela meio que perdeu um pouco de seu encanto inicial.

A Aza possui um humor sarcástico e apesar de todo o seu histórico médico nos dar a sensação que a qualquer instante ela vai pode quebrar, sua personalidade forte e determinada acaba se revelando uma agradável surpresa no decorrer da leitura.  Tudo bem que em algumas ocasiões ela tem seus momentos “drama queen” e a tentativa da autora inserir um triângulo amoroso na história me incomodou também. Mas esses são aqueles pequenos detalhes que quando olhamos no contexto geral da história, eles não interferem tanto em seu desfecho.

O Jason é um personagem carismático, mas em minha opinião a autora “forçou” um pouco a barra na construção de sua personalidade.  Maria Dahvana Headley deu a ele uma aura meio “exagerada” demais para um garoto de dezesseis anos. Não que pessoas de dezesseis anos não sejam capazes de grandes feitos. Só que o Jason é meio que uma mistura de James Bond, com Príncipe Encantado, Super-herói e bem, já deu para entender. E talvez por esse motivo eu tenha gostado mais do Dai, por que ele me pareceu mais humano, como defeitos e qualidades reais. Ele é menos onde o Jason é demais, por assim dizer.

Por ser o primeiro livro de uma série muitas perguntas ficaram sem respostas, ou deixaram parte da resposta solta no ar. Senti falta de um aprofundamento maior no simbolismo e na estrutura política de Magônia. A visão que a autora nos dá dessa terra mágica aqui é muito superficial, o que inevitavelmente fez com que eu não conseguisse me envolver por completo com a história. Outro ponto é que as motivações da “vilã” também não ficaram muito claras. E de verdade nem sei se posso chamar essa personagem de vilã, por que tudo sobre ela ainda é um grande  mistério.

Maria Dahvana Headley conseguiu até certo ponto trazer uma história diferente e envolvente. Magônia nos apresentou um mundo novo para ser explorado, mas para uma obra que se propõem mesclar fantasia e aventura ela possui um ritmo um pouco lento.  Isso se dá pela narrativa ser bastante descritiva do tipo que a autora guarda toda a ação propriamente dita para o final.

Faltou a autora explorar alguns pontos importantes da história? Faltou. Acho desnecessário o triângulo Jason, Aza e Dai? Com certeza. Mas Magônia se revelou um boa história, com uma trama que tem tudo para crescer e surpreender no futuro. Só me resta esperar pelo próximo capítulo dessa jornada e torcer para não me decepcionar.

“ Passei os últimos dez anos falando. Por que não pude dizer nenhuma das palavras certas? Não sei.”

Magônia se mostrou um bom prelúdio de uma série que pode não ser de todo original, mas que traz novos elementos inseridos em um mundo misterioso com personagens cativantes. Perfeita para fãs de fantasia que não abrem mão de histórias com um toque de romance e aventura.

julho 21, 2016

A Rebelde do Deserto por Alwyn Hamilton

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788565765992
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 288
Classificação: Ótimo
Sinopse: A Rebelde do Deserto – Livro 01.
O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher.  Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele. Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por lhe revelar o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.

Por mais curiosa que estivesse para ler A Rebelde do Deserto da autora Alwyn Hamilton, evitei começar a leitura com muitas expectativas. Afinal, sempre vale aquela de que melhor se surpreender do que se decepcionar, não é mesmo? E para minha imensa felicidade, A Rebelde do Deserto se mostrou uma história extremamente envolvente, do tipo que me deixou com um irresistível gostinho de quero mais.

De todos os lugares miseráveis do deserto de Miraji, a Vila da Poeira é o pior deles, em especial se você é pobre, órfã e mulher. Por isso se Amani Al’Hiza não quiser passar os resto dos seus dias presa em um casamento infeliz e a uma vida de submissão, ela precisa fugir, - e rápido. Dona de uma mira perfeita, ela resolve arriscar tudo o que tem em um campeonato de tiro no vilarejo vizinho. A ideia é passar despercebida em um universo dominado por homens, ganhar o dinheiro da competição e ir embora. Só que a essa altura da vida Amani já devia ter entendido que as coisas nunca são tão simples com ela gostaria.

Durante o campeonato, Amani esbarra em um misterioso forasteiro e tal encontro desencadeia uma série de acontecimentos que vira sua vida de ponta cabeça. Ao embarcar com Jin em uma perigosa jornada pelo deserto que ela sempre acreditou conhecer, Amani conquista sua sonhada liberdade, ao mesmo tempo em que descobre um mundo novo e completamente mágico. Entre uma parada e outra a jovem vai conhecendo melhor a si mesma e uma força que ela jamais imaginou possuir. E principalmente, ela aprende que não há como fugir do destino, quando os caminhos dele e do coração estão entrelaçados.

A autora Alwyn Hamilton foi buscar no universo das lendas árabes a inspiração para escrever uma história ágil e cheia de reviravoltas. A Rebelde do Deserto possui aquela narrativa em que você consegue “sentir” os elementos descritos na trama e nos faz mergulhar de cabeça em sua história, sem se preocupar com a nuvem de areia que vamos levantar ao fazer isso. Sem falar que, Amani Al’Hiza é uma personagem incrível.

Sério! Sei que vocês estão acostumados ao fato de essa que vos escreve sempre "reclamar" do temperamento das mocinhas. E foi justamente nesse ponto que a narrativa da Alwyn Hamilton me conquistou. A autora soube criar uma protagonista feminina forte, sem que ela perdesse a sua delicadeza. Em muitos momentos a Amani demonstra suas fraquezas, seus medos e dúvidas sem que para isso ela precise de um príncipe encantado vindo em um cavalo branco para salvá-la.

Sim é claro que o Jin a salva em algumas situações, da mesma forma em que ela salva a vida dele em outras. E a maneira como o relacionamento deles é construído, torna o romance presente na trama leve e gostoso de acompanhar. Os dois lutam juntos como iguais por aquilo em que acreditam. É lindo ver como o Jin respeita e deixa a Amani travar suas próprias batalhas. Ele pode até não concordar com algumas atitudes dela, mas ele a respeita. E se tratando de um livro que aborda uma cultura mundialmente conhecia por oprimir as mulheres, isso realmente é fantástico.

Alwyn Hamilton também consegue dar uma boa abertura aos personagens secundários, de modo que a história mesmo sendo narrada em primeira pessoa não fique centralizada demais na Amani. Inclusive nesse quesito a autora nos reversa uma boa surpresa, pois um personagem que no começo da trama praticamente não chama a atenção, acaba por se revelar uma peça importante no desfecho desse primeiro livro. O que me deixa ainda mais curiosa para saber qual será o papel dele na sequencia da série.

Só que como nem tudo são flores em minha vida literária, em minha opinião Alwyn Hamilton deu uma pequena “tropeçada”, ao recorrer a certos clichês. Não que isso tenha prejudicado a história como todo, só que dá aquela sensação que você já viu isso antes em algum lugar. Tudo bem que a maneira como autora usou esse clichê consegue dar aquele impacto na história. Mas não nego que teria gostado mais se ao invés deste “artifício”, A Rebelde do Deserto tivesse seguido uma linha mais “humana” por assim dizer.

Porém sem sombra de dúvidas, me vi encantada com o mundo que a autora criou e completamente envolvida em sua narrativa fluida. E bem, não vou negar que fiquei bem apaixonadinha pelo Jin também (). E posso garantir a vocês, que é praticamente impossível viajar pelo deserto na companhia desse moço, sem ficar caidinha por ele.

“– Estive em muitos lugares – Jin disse. – E as pessoas creem em verdades diferentes. Quando todo mundo parece ter tanta certeza, é difícil acreditar que alguém esteja certo.”

Com maestria Alwyn Hamilton mescla  temas atuais, fantasia e aventura em uma história relativamente simples e que ao mesmo tempo consegue fisgar o leitor logo em sua primeiras páginas. E claro, tudo isso com personagens cativantes e um toque de romance para deixar tudo ainda melhor. O único problema agora é ter que esperar até o ano que vem pela continuação.

julho 17, 2016

Silêncio por Richelle Mead

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501107381
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 280
Classificação: Bom
Sinopse: Pelo que Fei se lembra, nunca houve um ruído em seu vilarejo todos são surdos. Na montanha, ou se trabalha nas minas ou na escola, e as castas devem ser respeitadas. Quando algumas pessoas começam também a perder a visão, inclusive a irmã de Fei, ela se vê obrigada a agir e a desrespeitar algumas leis.  O que ninguém sabe é que, de repente, ela ganha um aliado: o som, e ele se torna sua principal arma. Ao seu lado, segue também um belo e revolucionário minerador, um amigo de infância há muito afastado em função do sistema de castas. Os dois embarcam em uma jornada grandiosa, deixando a montanha para chegar ao vale de Beiguo, onde uma surpreendente verdade mudará suas vidas para sempre. Fei não demora a entender quem é o verdadeiro inimigo, e descobre que não se pode controlar o coração.

Não é segredo para ninguém que acompanha o blog há mais tempo, que essa que vos escreve adora cultura oriental. Por esse motivo, confesso que assim que vi a capa de Silêncio da Richelle Mead pensei comigo mesma, “preciso ler esse livro”. Sim julguei o livro pela capa, então podem me julgar também. E embora a narrativa tenha apresentado elementos interessantes, não nego que no final da leitura acabei com aquela sensação “chatinha” de que ficou faltando alguma coisa.

No alto na montanha existe um vilarejo pobre, onde o silêncio reina absoluto e as castas são respeitadas. A jovem Fei nasceu aqui e graças ao seu talento, tanto ela com a irmã escaparam do trabalho braçal nas minas,  tornando-se aprendizes na escola. Fei e Zhang Jing são artistas, pessoas responsáveis por retratar através da arte o dia a dia do povoado onde todos são surdos. Esse é o trabalho de maior prestigio na pequena comunidade, e por essa razão quando Fei perceber que assim como outras pessoas do vilarejo sua irmã também está perdendo a visão, ela começa a ficar aflita. Fei sabe que se os tutores descobrirem que Zhang Jing está perdendo a visão, o destino de sua irmã será as ruas.

Desesperada para proteger a irmã, Fei está disposta a quebrar todas as regras, ainda mais agora que ela ganhou uma vantagem, - o som.  Ninguém no pequeno vilarejo sabe o porquê as pessoas estão perdendo a visão e aparentemente Fei é a única em que o sentido da audição voltou. Após uma tragédia o seu amigo de infância Li Wei, um jovem e destemido mineiro decide descer a montanha em busca de respostas, Fei resolve ir com ele. Juntos eles partem para uma jornada perigosa em que não somente suas vidas, mas o futuro do seu pequeno povoado estão em risco.

O Silêncio foi o segundo livro que li da autora Richelle Mead e mesmo ele tendo sido uma leitura “rápida”, alguns pequenos detalhes em seu desenvolvimento me incomodaram um pouco. Para começar senti que até a metade do livro a autora estava com dúvida se escrevia uma fantasia ou uma distopia, pois a narrativa passeia bem pelos dois estilos.  Outro ponto é que em determinados momentos você fica com aquela impressão de que a história “não sai do lugar”. São capítulos em que não acontece nada, absolutamente nada que cause um grande impacto na trama, ou surpreenda o leitor de alguma forma.

Richelle Mead se “perde” em detalhes que no meu ponto de vista foram desnecessários, o que torna na narrativa em algumas situações repetitivas. Tipo, a premissa promete uma história cheia de mistério e aventura, e em partes a autora entrega isso. Só que aqui acontece aquele velho problema do autor “levar uma vida” para desenvolver todo o mistério da história e revelar tudo de "supetão" nas últimas páginas.  Além disso, estamos tão acostumamos com enredos que trazem a mitologia grega ou romana como pano de fundo, que eu realmente estava empolgada em ler algo que abordasse a mitologia e o folclore chinês. E bem, não vou negar que fiquei um pouco desapontada nesse quesito também.

Mas, apesar de nem tudo ter sido flores durante a leitura de Silêncio o livro conta com alguns pontos que me agradaram bastante. O primeiro e o principal deles são os protagonistas. Fei a principio pode passar aquela imagem de menina insegura e “bobinha”, mas nos momentos importantes ela encontra dentro de si mesma uma coragem tão grande, que fazem dela uma personagem forte e cativante. Já o Li Wei é o típico protagonista clichê dos livros do gênero, que por mais que você tente não se encantar, ele consegue conquistar aquele lugarzinho especial no seu coração. O romance entre os dois é muito sutil e delicado, o que faz com que o relacionamento deles seja ainda mais bonito.

Silêncio pode ter-me “decepcionado” em algumas partes, mas no final de mostrou uma leitura agradável que conseguiu manter a minha curiosidade e torcida pelo final feliz de seus personagens até o último capítulo. Tudo bem que fiquei com a sensação de que ficou faltando alguma coisa, mas nem tudo é perfeito, não é mesmo?

“Somente viver um dia depois do outro já não basta. Tem que haver algo mais nesta vida, algo mais que de possa esperar.”

Em suma Silêncio tem uma boa premissa e que consegue mesmo com algumas falhas em seu desenvolvimento, prender a o leitor em suas páginas. Não vou negar que esperava um pouco mais, porém ainda sim a sua história se mostrou uma leitura envolvente com os toques de certos de fantasia, aventura e romance.

julho 14, 2016

Meio Rei por Joe Abercrombie

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788580415612
Editora: Arqueiro
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 288
Classificação: Ótimo
Sinopse: Mar Despedaçado – Livro 01.
“Jurei vingar a morte do meu pai. Posso até ser meio homem, mas sou capaz de fazer um juramento por inteiro.”
Filho caçula do rei Uthrik, Yarvi nasceu com a mão deformada e sempre foi considerado fraco pela família. Num mundo em que as leis são ditadas por pessoas de braço forte e coração frio, ser incapaz de brandir uma espada ou portar um escudo é o pior defeito de um homem. Mas o que falta a Yarvi em força física lhe sobra em inteligência. Por isso ele estuda para ser ministro e, pelo resto da vida, curar e aconselhar. Ou pelo menos era o que ele pensava. Certa noite, o jovem recebe a notícia de que o pai e o irmão mais velho foram assassinados e não lhe resta escolha a não ser assumir o trono. De uma hora para outra, ele precisa endurecer para vingar as duas mortes. E logo sua jornada o lança numa saga de crueldade e amargura, traição e cinismo, em que as decisões de Yarvi determinarão o destino do reino e de todo o povo.

Estou a alguns minutos olhando para tela de meu notebook sem saber ao certo como começar essa resenha. Meio Rei, o primeiro livro da trilogia Mar Despedaçado, foi um livro que realmente me surpreendeu.  Fui fisgada logo no primeiro capitulo pela narrativa do autor Joe Abercrombie, que de uma forma bem simples e sem grandes pretensões conseguiu criar uma história incrível. 

No reino de Gettland o valor de um homem é determinado pela quantidade de batalhas que ele venceu. Não existe um defeito maior do que não conseguir brandir a espada ou segurar um escudo. Por esse motivo, Yarvi o filho caçula do rei Uthrik com a rainha Laithlin passou a vida toda sendo desprezado pelo pai. Nascido com uma mão deformada ele é considerado uma vergonha para família e motivo de piada entre os fortes e arrogantes guerreiros do reino.  Porém se falta a Yarvi a força física necessária para acompanhar o pai em batalhas, a vida o “compensou” dando inteligência de sobra.

Com uma mente afiada e os ensinamentos de mãe Gundrign, Yarvi estuda para se tornar um sábio ministro, e passar o resto de sua vida curando e aconselhando o rei. Só que em uma noite chuvosa a noticia trazida por seu tio Odem arruína todos os seus planos de um futuro de paz e contemplação. Seu pai e seu irmão foram assassinados em batalha, não dando a Yarvi outra opção a não ser assumir o trono. Agora o jovem rei, terá que se tornar um guerreio mesmo que não tenha nascido com habilidade para isso.

Ele jurou se vingar do assassinato de seus familiares, mas quis o destino frustrar os planos de Yarvi novamente. Vitima de uma terrível traição ele acaba preso e sendo vendido como escravo. Porém, mesmo em seu calvário ele não desiste de cumprir seu juramento e principalmente de se vingar da traição que sofreu. Não importa como e nem quanto, mas ele vai retornar ao seu reino e ao seu trono. Custe o que custar.

Meio Rei é uma daquelas tramas que já te surpreende pelo fato de seu protagonista ser um personagem fora os “padrões” dos livros do gênero. Yarvi nasceu e cresceu em uma sociedade guerreira e por ser “incapaz” de segurar uma espada, ele se tornou uma pária no meio onde vive. À primeira vista o Yarvi nos passa a sensação de ser um garoto tanto amargo, que usa o seu raciocino rápido com uma boa dose de sarcasmo para tentar causar os mesmo danos que uma espada causaria. Porém conforme a narrativa avança vai se tonando cada vez mais perceptível como o desprezo do pai afetou a sua autoestima.

Mesmo possuindo outros talentos, em muitos momentos ele próprio despreza a si mesmo, se isolando das pessoas ou criando uma barreira de proteção entre si e o mundo ao seu redor. Particularmente gostei muito do modo como o Joe Abercrombie soube trabalhar essa “fraqueza” do protagonista, pois isso o tornou mais humano. E cá entre nós, acho que todo mundo anda um pouco cansado de personagens “perfeitos” demais e até mesmo ”irreais”.

Outro ponto que difere Meio Rei das narrativas mais “tradicionais” é que o autor não perdeu muito tempo com longas descrições e detalhes que poderiam ter sobrecarregado a obra. Tudo aqui é muito rápido e direto o que torna a narrativa ainda mais fluida. E apesar de que em determinados momentos Abercrombie deixa algumas coisas um pouco “óbvias” demais, o autor soube como contornar isso através de diálogos inteligentes e boas cenas de ação.

Os personagens secundários ao menos nesse primeiro livro não tiveram tanto destaque, embora todos tenham desempenhado um bom papel no desfecho da trama. Acredito no decorrer da trilogia a Isrium, vai se tornar uma peça importante na trama e por esse motivo é bom tanto o Yarvi, como nós leitores ficarmos de olho nela.  Afinal, Meio Rei foi apenas o capitulo inicial de uma história que tem campo para crescer e nos surpreender ainda.

“ – Quando se está no inferno – murmurou Yarvi –, só um demônio pode apontar a saída. ”

Com um protagonista forte, personagens carismáticos e ótimos diálogos, Meio Rei é uma leitura rápida e envolvente. Foi o primeiro livro que li do autor Joe Abercrombie, e posso afirmar como toda certeza que nós dois começamos com o pé direito. Mal posso esperar para ler outras histórias do autor. Se você assim como eu é fã de fantasia, ou apenas está em busca de uma boa aventura Meio Rei é uma excelente opção de leitura. #ficaadica!

maio 23, 2016

Maré Congelada por Morgan Rhodes

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788565765954
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 438
Classificação: Ótimo
Sinopse: A Queda dos Reinos – Livro 04.
As disputas pela Tétrade, quatro cristais mágicos capazes de conferir poderes inimagináveis a quem os encontrar, continua. Amara roubou o cristal da água, Jonas conseguiu o da terra, Felix enganou os rebeldes para ficar com o cristal do ar, e Lucia está com o do fogo. Mas nem todos sabem como libertar a magia da Tétrade, e apenas a princesa feiticeira conquistou poder até agora, aliando-se ao deus do fogo que libertou de seu cristal. Gaius, o Rei Sanguinário, também não desistiu de encontrar os cristais. Ele está mais sedento por poder do que nunca, especialmente agora que não conta mais com a ajuda da imortal Melenia nem com o apoio de Magnus, o herdeiro que o traiu para poupar a vida da princesa Cleo. Para conquistar todo o mundo conhecido, Gaius resolve atravessar o mar gelado até Kraeshia, e tentar um acordo com o imperador perverso de lá. No caminho, o rei vai encontrar muitas dificuldades e inimigos, como Amara, princesa de Kraeshia, que tem seus próprios planos para conquistar o poder.

Depois de tanta espera finalmente, essa que vos escreve pode voltar ao reino mágico de Mítica e se encontrar com personagens tão queridos dos quais ela estava morrendo de saudades. E posso afirmar com toda certeza que a espera valeu a pena, e que sim já estou desesperada pelo próximo livro. Nessa quarta aventura da série A Queda dos Reinos, Morgan Rhodes nos apresentou mais um capitulo incrível de uma história em que a cada livro fica ainda melhor.

Pode conter spoiler dos livros anteriores, por isso quem não quiser colocar sua conta em risco pulando três parágrafos em 3,2,1.

Após os últimos acontecimentos sombrios no Templo da deusa Valoria, Cleo se vê ainda mais presa ao enigmático príncipe Magnus na fria Limeros. Os dois sabem que é uma questão de tempo para que a fúria de Gaius o Rei Sanguinário se voltar contra eles, mas enquanto esse momento não chega cada um vai lutar com as armas que tem para salvar o seu povo e si mesmo.

Lucia a jovem feiticeira aliada ao deus do fogo Kyan vai deixando por onde passa um rastro de medo e destruição. Graças a ajuda de Kyan, Lucia vai descobrindo a extensão de seus poderes e cega pela dor de uma traição ela só consegue pensar em vingança. Outro que experimenta o gosto amargo da traição e da frustração é Jonas, o líder dos rebeldes de Paelsia, que está entre a vida e a morte depois do seu ultimo confronto com Felix.

Quando Gaius parte para o distante e exótico Império de Kraeshia, para dar inicio a um novo e terrível jogo pelo poder,  ele não faz ideia que é só mais um peão nessa partida. Afinal a princesa Amara já provou que está disposta a fazer o que for preciso para se conseguir a Tétrade e conquistar o mundo. A batalha final começa a ser desenhada e a pergunta que fica é, - quem sobreviverá a ela?

Uma das características mais marcante na escrita da Morgan Rhodes é que ela sempre vai te surpreender de alguma forma. Não somente a narrativa é fluida e envolvente, como a cada novo livro e personagens que vão surgindo você se vê encantado com a dimensão da história e principalmente como a autora construiu perfeitamente bem tudo isso. Maré Congelada foi um livro em que a espera valeu a pena. Não somente por ser perceptível o amadurecimento da escrita da autora, mas especialmente por ver a evolução da trama em si.

De verdade ao mesmo tempo em que eu ficava super ansiosa pelo próximo capitulo, sentia também aquele frio na barriga, pois a Morgan é aquele tipo de autora que não tem dó de fazer certos “sacrifícios” por uma boa história. E foi justamente esse detalhe na narrativa da autora que me deixou completamente apaixonada pela série lá em 2013 quando li A Queda dos Reinos.   Em Maré Congelada senti meu coração apertado em vários momentos de pura aflição, daqueles que eu fechava os olhos e rezava para a Morgan não parti-lo. E acredito que para qualquer leitor esse sentimento, esse grau de envolvimento com uma história é o que torna a leitura tão prazerosa.

Gostei muito de ver o quanto a Cleo e o Magnus () amadureceram nesse livro, em especial o Magnus que pelo visto finalmente resolveu tirar a máscara e mostrar quem realmente é. Fiquei mais uma vez triste pelo Jonas, e sério estou torcendo muito para que ele tenha um final lindo. Por que se tem alguém que merece isso é ele, pois apesar de todas as suas perdas e da comprovada “falta de sorte” o Jonas é aquele tipo de pessoa que não desiste de lutar por aquilo que acha certo e pelo seu povo.  A Lucia agora divide minha "birra" com a Amara, o que não sei dizer ainda se é algo bom ou não para ela.

Tipo nos capítulos finais eu comecei a sentir uma mudança até que significativa na postura da personagem. Porém acredito que é um pouco cedo para afirmar com certeza que a minha visão e opinião sobre a Lucia vai ser totalmente “diferente”, afinal, ainda temos dois livros para a série ser concluída.  A Amara é aquela personagem que até certo ponto eu consigo “entender” as motivações dela, só que o modo como ela age e usa as pessoas para atingir seus objetivos pelo menos no meu ponto de vista é imperdoável. Sim, aqui é bem aquele típico caso de que “os fins não justificam os meios”.

E isso é uma das grandes qualidades da série. Seus personagens são falhos, reais e extremamente humanos. Morgan Rhodes consegue expor o melhor e o pior de cada, com um equilíbrio perfeito, de modo que mesmo não gostando ou concordando com suas ações você os compreende. Agora só me resta esperar pelo próximo capítulo dessa série maravilhosa, até por que estou com um leve pressentimento que as coisas vão pegar fogo daqui para frente. E bem, confesso que estou bastante curiosa em ver isso.

“ É possível se entediar até com a beleza quando se está constantemente cercado por ela.”

Com uma narrativa cheia de ação, reviravoltas, magia e um toque de romance a série A Queda dos Reinos vem a cada novo livro comprovando o talento da sua autora, em criar uma trama surpreende com personagens incríveis.  Sem sombra de dúvidas uma das minhas séries favoritas. Se você é fã de histórias fantásticas, e ainda não se aventurou por Mítica e seus segredos, não sabe o que está perdendo viu. #ficaadica!

Veja Também:

junho 21, 2015

Jonathan Strange & Mr. Norrell por Suzanna Clarke

| Arquivado em: Resenhas.

Este livro foi enviado como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788535907148
 Editora: Seguinte
 Ano de Lançamento: 2015
 Número de páginas: 824
 Classificação: Ótimo
Onde Comprar: Submarino.
Sinopse: Em 1806, a maioria da população britânica acreditava que a magia estava perdida há muito tempo - até que o sábio Mr. Norrell revela seus poderes, tornando-se célebre e influente. Ele abandona a reclusão e parte para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte e coloca em prática seu plano de controlar todo o conhecimento mágico do país. Tudo corre bem até que Jonathan Strange, um jovem nobre e impetuoso, descobre que também possui talentos mágicos. Ele é recebido por Norrell como seu discípulo, mas logo os dois começam a se desentender… e essa rixa pode colocar em risco toda a Inglaterra. Misturando ficção e fatos históricos, Jonathan Strange & Mr. Norrell levou dez anos para ser escrito e foi baseado em uma extensa pesquisa da autora sobre a história da magia inglesa. O livro combina a mitologia fantástica de J.R.R. Tolkien com a comédia de costumes de Jane Austen, de quem Clarke é admiradora confessa, e ainda acena ao romantismo, à observação social de Charles Dickens e à literatura gótica de Anne Radcliffe.

J
onathan Strange & Mr. Norrell
foi um livro que sempre despertou a minha curiosidade, afinal não é segredo para ninguém que sou apaixonada por livros de fantasia. Por esse motivo, quando a oportunidade de finalmente conhecer essa história surgiu, eu a abracei com todo o meu amor e me joguei no mundo criado pela autora Suzanna Clarke. E vou contar uma coisa para vocês, foi simplesmente incrível.

Em 1806 muitos acreditavam que magia estava perdida na Inglaterra. A magia que existia estava restrita aos livros e mesmo que os magos continuassem a existir, nenhum deles demonstrava nenhuma aptidão mágica de fato. Porém, um dia durante a reunião de magos da Sociedade de York, Mr. Segundus questiona os outros membros do por que não se pratica mais magia na Inglaterra.  Enquanto alguns membros não ficam nada felizes com tal indagação, o gentil Mr. Honeyfoot acaba demonstrando certo interesse pela questão. A partir desse momento ele e Mr. Segundus passam a ter longas conversas sobre o assunto, sem imaginar que estavam muito próximos de resolver essa questão tão inquietante. E a resposta atendida por um nome, - Mr. Norrel.

Mr. Norrel é um mago recluso e um tanto arrogante, que por muitos anos escolheu manter seu poder escondido.  Porém, quando Mr. Norrel finalmente resolve se revelar para o mundo não demora muito para que ele se torne um mago influente tanto nos círculos mágicos como na política inglesa. E por um bom tempo acreditou-se que ele era o único praticante de magia vivo em toda Inglaterra. Mas, o aparecimento do jovem Jonathan Strange estava prestes há mudar um pouco essa história.

Jonathan Strange é um aprendiz audacioso, que logo deixa bem claro que possui ideais diferentes do seu mestre. Enquanto Norrel usa a magia em beneficio próprio com a desculpa que os conhecimentos nessa arte devem ser protegidos, Jonathan acredita que a mesma magia pode ser usada para ajudar a todos.  Para Jonathan o conhecimento deve ser compartilhado, pois teoria sem prática não vale nada.  Já Norrel quer guardar tudo para si e dessa forma se tornar cada vez mais poderoso. E esse “atrito” entre mestre e aprendiz pode colocar a Inglaterra de cabeça para baixo.

De verdade não consigo encontrar as palavras certas que descrevam essa obra. Suzanna Clarke construiu uma narrativa rica em detalhes que levam o leitor por uma deliciosa viagem ao mundo que ela magistralmente criou. Os personagens incluindo os secundários possuem uma personalidade marcante, e o detalhe que mais me agradou é o fato deles serem totalmente “humanos”, e diga-se com mais defeitos do que qualidades.  Aqui não existe a clássica disputa entre o herói e o vilão, não existe o bem e o mal. E isso faz com que tanto a história como seus personagens sejam ainda mais fantásticos.

Jonathan Strange & Mr. Norrell é um livro que nos leva a desvendar seus mistérios aos poucos. A forma como Suzanna desenvolveu toda a trama faz você acreditar que está lendo um raro exemplar do século dezenove.  Todos os diálogos, expressões e a maneira como ela inseriu acontecimentos históricos na narrativa contribuem para que essa sensação seja ainda mais forte.   Em um determinado ponto, você acaba se perguntando o que é real e o que é fantasia tamanha perfeição com que a autora mesclou tudo.

Confesso que só não marquei o livro como favorito, por que achei a primeira parte um pouco lenta.  E por ela ser focada no “simpático” Mr. Norrel, o meu ritmo de leitura funcionou meio que no modo “devagar quase parando” no começo. Tudo bem que eu reconheço, que Jonathan Strange & Mr. Norrell não é um livro para se ler em uma tarde preguiçosa de domingo, mas uma resumida nessa parte teria deixando a história um pouco mais dinâmica. Não é nada que prejudique narrativa como um todo.  Na verdade eu diria que esse é um pequeno detalhe dentro de toda a grandeza dessa obra.

“(...) Um explorador não pode ficar em casa estudando mapas traçados por outros. Um mago não pode aumentar o sortimento de magia estudando em livros escritos por outros. É-me bastante óbvio que, cedo ou tarde, Norrel e eu teremos que olhar além dos livros!”

Para os que assim como eu são fãs da literatura fantástica, Jonathan Strange & Mr. Norrell é uma leitura imperdível e inesquecível. Com doses certas de mistério, magia, humor e romance Suzanna Clarke nos apresenta uma história mágica e surpreendente. Recomendo!

fevereiro 26, 2015

Mago: As Trevas de Sethanon por Raymond E. Feist

| Arquivado em: Resenhas.


Este livro foi enviado como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788567296258
Editora: Saída de Emergência
Ano de Lançamento: 2014
Número de páginas: 480
Classificação:
Sinopse: Ventos malignos sopram sobre Midkemia. As legiões negras ergueram-se para esmagar o Reino das Ilhas e escravizá-lo com o terrível poder de sua magia. A batalha final entre a Ordem e o Caos está prestes a começar nas ruínas de uma cidade chamada Sethanon. Agora Pug, o mestre conhecido por Milamber, terá à sua frente a incrível e perigosa missão de viajar até a aurora do tempo e lidar com um antigo e temível inimigo. O destino de mil mundos dependerá apenas dele. Enquanto o Príncipe Arutha e os seus companheiros reúnem as suas hostes para a batalha final contra um misterioso demônio ancestral, o temido necromante Macros, o Negro, libertou mais uma vez a sua magia negra. O destino de dois mundos será decidido numa luta colossal sob as muralhas de Sethanon, quando são restaurados os laços entre Kelewan e Midkemia.


V
ou começar essa resenha com uma pequena confissão, “adiei o máximo que pude a leitura desse livro”. Tipo, eu queria muito ler e ao mesmo tempo não me sentia preparada para me despedir do reino de Midkemia e principalmente de personagens tão queridos. Mas, a hora de “dizer adeus” chegou e só posso afirmar que em, As Trevas de Sethanon, Raymond E. Feist conclui de forma magistral essa saga épica que terá para sempre um lugar especial em meu coração.

Pode conter spoilers dos livros anteriores. Quem não quer se arriscar pode pular dois parágrafos.

Após um ano de tranquilidade o perigo volta a rondar o Príncipe Arutha em Krondor. Porém agora que ele conhece o verdadeiro inimigo e o real perigo que todos correm, Arutha não está disposto a ficar de braços cruzados esperando pelo próximo ataque. Não, desta vez Murmandamus que será surpreendido. Enquanto isso Pug e Tomas partem em uma arriscada jornada por mundos desconhecidos. Começa então uma corrida contra o tempo, a procura de uma forma de derrotar esse terrível mal que ameaça a todos.

E o inimigo que vem do norte não mede esforços e vidas para alcançar seus objetivos.  Ele marcha para as muralhas da cidade de Sethanon, destruindo tudo e a todos que atravessam seu caminho.  Ele está em busca de um poder capaz de trazer das sombras do tempo, um mal tão nefasto que uma vez liberto não poderá ser mais contido. Antigas rixas serão deixadas de lado e mistérios serão revelados. A batalha final entre a Ordem e o Caos começa a ser travada, e o vencedor terá em suas mãos o destino de mil mundos.

Sinceramente não sei definir como me sinto a respeito desse livro. Talvez um pouco brava por causa da “pegadinha” sem graça que o autor faz e que me levou as lágrimas para depois me deixar feliz novamente. Ou extremamente orgulhosa por perceber o quanto os pequenos Pug e Tomas evoluíram no decorrer da história se tornando peças fundamentais para o desfecho dela.  Deslumbrada com toda a beleza de um mundo místico e seus deuses e deusas de uma assustadora crueldade. Triste por que mesmo sabendo que esse é o fim, ainda sim ele me pareceu um começo do qual não fui “convidada” a participar. De verdade não sei o que sentir (...).

O fato é que Raymond E. Feist foi esplêndido aqui. Desde o primeiro livro o autor vem construindo uma trama que encanta por possuir uma narrativa que além de ser rica em detalhes, ainda mescla aventura, fantasia, mistérios e romance sem se tornar cansativa. Porém em minha opinião uma história só se torna realmente grandiosa por causa de seus personagens. E na saga Mago não existem protagonistas, pois todos são peças únicas e especiais na composição desse enredo tão rico. Arutha, Martin, Jimmy, Pug, Tomas, Laurie, Gardan, Kulgan, Carline, entre outros, só posso agradecer pela maravilhosa companhia e dizer que vocês estarão para sempre em meu coração ().

Se eu tenho alguma “critica” a fazer a respeito de As Trevas de Sethanon, é que tudo acabou rápido demais. Não me importaria com mais cinquenta, cem, duzentas páginas de história. Fiquei tão envolvida com a leitura, naquela enorme ansiedade para saber como tudo iria terminar que quando dei por mim o fim chegou (...). Por mais que tenha adiado a despedida ela chegou e foi implacável. Deixando-me ainda com perguntas não respondidas, mesmo que de certa forma todas elas tenham sido dadas no decorrer na narrativa. Talvez eu esteja sofrendo de “apego literário” (...), quem sabe.

Só me resta torcer para que a editora Saída de Emergência lance em breve as demais obras do Raymond E. Feist que se passam no mesmo universo de Midkemia. Ai pode ser que eu “encontre“ as minhas repostas e me reencontre com meus amigos para viver novas, perigosas e fantásticas aventuras. 

“ – Nunca mais seremos os rapazes que éramos, Tomas. Mas nos tornamos mais do que aquilo que algumas vez sonhamos. Ainda sim, poucas coisas de valor são eternamente simples ou fáceis.”

Sempre acho mais difícil resenhar um livro do qual gostei muito, pois tenho receio de ficar parecendo muito fangirl. Mas, desde o primeiro livro me vi conquistada por uma história fantástica, que está entre as minhas favoritas ao lado de Harry Potter e Senhor dos Anéis.  É muito amor por uma saga só leitores ().

Veja Também.
•  Mago: Aprendiz.
•  Mago: Mestre.
•  Mago: Espinho de Prata.

janeiro 26, 2015

A Ascensão das Trevas por Morgan Rhodes

| Arquivado em: Resenhas.

Este livro foi enviado como
cortesia para resenha.

ISBN: 9788565765510
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2014
Número de páginas: 426
Classificação: Ótimo
Sinopse: A Queda dos Reinos – Livro 03.
Depois de conquistar Mítica inteira, o rei Gaius ainda não está satisfeito: sua nova missão é encontrar a Tétrade, quatro cristais mágicos perdidos, capazes de conferir poderes indescritíveis a quem os reunir. Para isso, ele conta com os conselhos de Melenia, uma imortal que o visita em seus sonhos e que o instruiu a criar uma estrada ligando todos os reinos. Gaius acredita que está no caminho certo e que Lucia, sua filha adotiva, será a chave para localizar e despertar os cristais. Para seu deleite, os poderes de Lucia estão cada vez mais fortes, e um vigilante exilado aparece para orientar a feiticeira. Mas o Rei Sanguinário não é o único que cobiça essa magia milenar: vindos de Kraeshia, um império vizinho muito influente, o príncipe Ashur e a princesa Amara conhecem as lendas de Mítica e desconfiam que a Tétrade não seja apenas um mito. Logo eles entram na disputa e buscam seus próprios aliados nessa corrida pelo poder. Um período de trevas se abate sobre Mítica, e nesses tempos sombrios Jonas, Cleo, Magnus e Lucia precisam descobrir o quanto antes em quem podem confiar.

Após um ano de espera pelo lançamento do terceiro livro da série A Queda dos Reinos, era de se espera que assim que ele finalmente chegasse a minhas mãos eu largaria tudo o que estivesse fazendo para lê-lo no mesmo instante. E o que dizer desse livro?  O que dizer sobre a forma imprevisível e maravilhosa como que a autora Morgan Rhodes guia a sua história?  A Ascensão das Trevas prova mais uma vez o talento dessa autora, de deixar seus leitores angustiados e eufóricos com uma narrativa que surpreende a cada capítulo.

Pode conter spoiler dos livros anteriores, por isso quem não quer se arriscar pode pular três parágrafos.

Jonas tenta desesperadamente descobrir o destino dos outros rebeldes após o resultado trágico do seu motim contra o terrível rei Gaius. Durante a sua fuga ele é salvo pelo misterioso Felix, que lhe oferece ajuda em sua luta para libertar Paelsia e seu povo das mãos do rei.  Ao mesmo tempo a princesa Cleo tenta se tornar amiga da jovem e poderosa princesa Lucia. Agora que ela descobriu a verdade por trás dos perversos planos do homem que destruiu a sua vida e roubou seu reino, Cleo sabe que a chave para ter Auranos de volta é conquistar a confiança da outra princesa.

Em meio a tudo isso Magnus, o príncipe herdeiro se sente cada vez mais dividido entre o desejo de provar ao seu pai que ambos nutrem os mesmos ideais e os seus sentimentos conflitantes em relação à mulher com quem foi obrigado a se casar. Magnus não confia na sanidade dos planos do pai, embora tenha que obedecer a suas ordens sem questionamentos. Quando estrangeiros de outro reino chegam a Mítica sua atenção fica redobrada, e talvez pela primeira vez em sua vida, ele o pai possuem um objetivo em comum.

Mas enquanto Lucia junto com Ioannes, um vigilante exilado aprende a confiar em seus poderes e se torna uma feiticeira cada vez mais forte, Jonas e Cleo se aliam em uma luta contra o tempo em busca dos lendários cristais do poder. Porém, uma nova ameaça surge e nunca as trevas estiveram tão próximas de devastar tudo aquilo que eles amam. A vida de todos e a própria Mítica estão correndo perigo. A hora de Magnus tomar uma decisão definitiva se aproxima, assim como é chegado o momento de todos assumirem os seus lugares para a maior batalha de todos os tempos.

O que mais me cativa na narrativa da Morgan Rhodes, é a forma como ela consegue criar uma trama envolvente que realmente transporta você para dentro da história. No decorrer dos três livros tanto o enredo como seus personagens foram amadurecendo, ao ponto que por mais que você ame uns mais que a outros, você acaba torcendo por todos eles.  Durante a leitura de A Ascensão das Trevas em muitos momentos eu senti raiva das atitudes ”infantis” da Lucia e fiquei com o coração na mão pelos riscos aos quais Jonas se colocava. O mesmo acontecia com o Magnus, em que desde o livro anterior venho nutrindo uma relação de amor e ódio na mesma intensidade.

Acredito que já comentei isso aqui, mas tem horas que essa personalidade fria em enigmática do Magnus me irrita profundamente. Porém, eu consigo “entender” os motivos de ser assim e agir de forma “estúpida” às vezes. Em relação à Cleo eu sinto praticamente a mesma coisa. Tipo eu torço por ela, mas tem horas que fico me perguntando por que ela tem que ser tão “imprudente”, mesmo que isso só reforce o fato de ela ser corajosa e determinada. E em minha opinião é justamente esse conjunto de elementos que torna a série A Queda dos Reinos tão fantástica.  Por mais que você tente prever os próximos passos da história a autora sempre vem com uma reviravolta que deixa você surpreso e querendo saber mais.

O que será desses quatro jovens tão diferentes entre si, mas ligados profundamente por um forte acaso do destino ainda é incerto. A única coisa concreta em tudo isso é que Morgan Rhodes deixou bem claro aqui, que os mistérios de Mítica estão longe de serem desvendados e que a aventura apenas começou.

“- Debaixo da sombra que meu pai sempre faz sobre mim, você é a única luz que consigo enxergar. E, custe o que custar me recuso a deixar essa luz a se apagar”.

Uma das minhas séries favoritas e perfeita para quem gosta de enredos imprevisíveis e aventuras mágicas cheias de mistério e ação. Só acho que se você ainda não começou a ler a série A Queda dos Reinos está marcando bobeira. Se eu fosse você mergulharia nessa fantástica história imediatamente.


Veja também:

julho 10, 2014

Mago: Espinho de Prata por Raymond E. Feist


ISBN: 9788567296173
Editora: Saída de Emergência.
Ano de Lançamento: 2014.
Número de páginas: 416
Classificação:
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Sinopse: O Mago – Livro 3.
Durante quase um ano, a paz reinou nas terras encantadas de Midkemia. Porém, novos desafios aguardam Arutha, o Príncipe de Krondor, quando Jimmy, a Mão - o mais jovem larápio do Zombadores, a Guilda dos Ladrões - surpreende um sinistro Falcão Noturno prestes a assassiná-lo. Que poder maléfico fez com que os mortos se levantassem para combater em nome da Guilda da Morte? E que magia poderosa poderá derrotá-los? Mas primeiro o Príncipe Arutha, na companhia de um mercenário, um bardo e um jovem ladrão, terá que fazer a viagem mais perigosa da sua vida, em busca de um antídoto para o veneno que está prestes a matar a bela Princesa no dia do seu próprio casamento.

Acredito que não é segredo para ninguém que a saga do Mago é uma das minhas séries favoritas. Porém, eu mesma não podia imaginar que nessa brilhante continuação o autor Raymond E. Feist me surpreenderia mais uma vez. O Mago: Espinho de Prata é repleto de ação e magia com um toque de mistério que deixou à narrativa ainda mais envolvente e apaixonante. O melhor livro da série até aqui em minha opinião.

Não vou entrar em muitos detalhes sobre certos pontos da história, por que a própria sinopse já entrega algumas coisas.  Mas, para quem não quiser correr o risco de algum spoiler, pode pular um parágrafo.

Um ano se passou desde que aquela que ficou conhecida como a Guerra do Portal acabou. Durante esse período os irmãos Lyam, o Rei dos Reinos das Ilhas, Arutha, o Príncipe de Krondor e Martin, o Duque de Crydee viajaram pelo reino todo, se apresentando ao povo como os novos governantes de Midkemia. Só Arutha, o mais novo dos três era o mais ansioso para que a viagem chegasse logo ao seu destino final. Pois, em Rillanon capital do reino a sua espera está princesa Anita. Porém enquanto a população celebra a felicidade de seus governantes e a paz alcançada, uma nova e perversa ameaça começa a surgir pelas sombras colocando tudo em risco mais uma vez.

O Mago: Espinho de Prata é um livro sombrio, o que levou o enredo para um lado mais místico que timidamente já vinha aparecendo nos livros anteriores que tinham a narrativa focada na guerra. Agora temos um inimigo que além de desconhecido e perigoso é assustador. O mais interessante é que a partir daqui, a história toma um novo caminho tendo não apenas príncipe Arutha () como protagonista, mas com a participação maior de personagens conhecidos, e a inserção de novos personagens e elementos que se tornam decisivos no decorrer da história.

Conforme a narrativa avançava o autor ia revelando aos poucos os muitos mistérios que cercam a origem de Midkemia, instigando em mim um desejo de descobrir quem era o ser maligno dono de uma magia tão poderosa capaz de superar a morte. Não vou negar que em alguns momentos fiquei com “medinho”, mas a maneira como Raymond E. Feist construiu a história é tão fantástica, que a minha curiosidade era infinitamente maior que meu medo, fazendo com que fosse impossível eu desgrudar do livro.

Gostei bastante dessa troca de protagonistas, mas não somente por que o Arutha é meu personagem favorito (que isso fique bem claro). Em meu ponto de vista, não apenas a narrativa se desenvolveu de uma forma mais rápida e dinâmica, como também ficou mais visível a real importância que o Mago Pug em toda a trama. Afinal, por mais que desde o principio o Pug seja o personagem central da história, ainda não estava muito claro o papel dele e de outros personagens em todo o contexto geral da saga, e com essa mudança o autor conseguiu mostrar um pouco dessa amplitude total da história.

Sei que pode soar um tanto repetitivo e que com certeza eu já citei isso nas resenhas anteriores. Porém é impossível não me encantar com a riqueza de detalhes e a beleza com que o autor descreve o reino de Midkemia.  Minha imaginação vai a mil durante a leitura, sempre fazendo como que eu me sinta mais uma personagem da história. Sofro, luto, comemoro e vivo cada instante narrado, como a mesmo intensidade dos personagens. É simplesmente fantástico!

“Desde que parti, pouco mais fiz além de pensar em você. (...) Você é minha alegria. É o meu coração.”

O Mago: Espinho de Prata foi uma leitura deliciosa, com as doses certas de ação, aventura, magia, suspense e romance.  O autor brilhantemente deixou várias pontas soltas, que prometem um final épico e eletrizante para a saga. Mal posso esperar!Eu já estou aguardando ansiosamente por Mago: As Trevas de Sethanon.


Veja também:

junho 15, 2014

A Filha do Sangue por Anne Bishop


ISBN: 9788567296104
Editora: Saída de Emergência.
Ano de Lançamento: 2014
Número de páginas: 432
Classificação: Regular
Onde Comprar: Livraria Cultura, Submarino

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Sinopse: As Joias Negras - Livro 01
O Reino Distorcido se prepara para o cumprimento de uma antiga profecia: a chegada de uma nova Rainha, a Feiticeira que tem mais poder que o próprio Senhor do Inferno. Mas ela ainda é jovem, e por isso pode ser influenciada e corrompida. Quem a controlar terá domínio sobre o mundo. Três homens poderosos, inimigos viscerais - sabem disso. Saetan, Lucivar e Daemon logo percebem o poder que se esconde por trás dos olhos azuis daquela menina inocente. Assim começa um jogo cruel, de política e intriga, magia e traição, no qual as armas são o ódio e o amor. E cujo preço pode ser terrível e inimaginável.


Mesmo após ter lido várias opiniões não “muito positivas” de A Filha do Sangue, resolvi dar uma chance ao livro e conferir por mim mesma do que realmente se tratava a história, já que a sinopse é bastante interessante. Porém confesso a vocês que, ainda não sei ao certo como me sinto em relação ao que li.  Na verdade eu não sei nem como começar a escrever essa resenha, (...) mas vamos lá.

O Reino Distorcido é um lugar sombrio e subdividido em três pequenos reinos; Terreille, Inferno e Kaeleer.  Nele habita diversas raças diferentes, incluindo mestiços que vivem a margem da sociedade, em que os mais poderosos são os “Sangue”. São eles que possuem o poder máximo entre todas as criaturas, supremacia essa que depende da cor da joia do poder que esse ser usa, sendo a branca mais fraca e negra a mais poderosa.

Com uma hierarquia bem definida, para que todos saibam exatamente qual é o seu lugar, os Sangues são divididos em ”Machos de Sangue”, “Príncipes dos Senhores de Guerra”, “Fêmea de Sangue” e a “Rainha”. O resto da população é composta pelos plebeus. A base da sociedade do Reino Distorcido é matriarcal, ou seja, não importa o quão forte e poderoso seja o “macho”, a sua principal função é satisfazer todos os desejos da “fêmea”, mais precisamente a Rainha. 

Os Sangues servem as trevas e suas principais funções são de proteger e defender o reino, porém como o passar do tempo e por conta do poder das joias, eles se tornaram arrogantes e brutais. A atual rainha Dorothea controla tudo e a todos com punhos de ferro e é terrivelmente cruel com quem se coloca em seu caminho. Mas, há anos Reino Distorcido espera pelo cumprimento de uma profecia. Essa profecia diz que uma nova Rainha, a Feiticeira o ser mais poderoso de todos está a caminho. Só que quando essa feiticeira tão poderosa finalmente chega, ela é jovem e ingênua demais para entender quem ela é e qual o seu papel nessa sociedade. 

Para ajudar a pequena Jaenelle Angelline a desenvolver todo o seu poder foi pedido, a Saetan Daemon SaDiablo, o Senhor Supremo do Inferno para ser o tutor e protetor de Jaenelle. Porém ele não contava que sua protegida ia acabar despertando a atenção e o afeto em seus dois filhos, Daemon Sadi e Lucivar Yaslana. Agora esses três seres poderosos, passam a viver e a servir de alguma forma a “criança feiticeira”, em um relacionamento cheio de intrigas, amor e perversidade. Poderá a Jaenelle sobreviver a todos os obstáculos que o caminho lhe reserva, sem se deixar corromper também?

Se vocês estão achando a história toda um pouco confusa, não se sintam os únicos. Eu mesma demorei um pouco para entender com a história era estruturada (e acho que ainda não entendi lá muito bem).  A escrita da autora Anne Bishop é interessante, mas eu tive muita dificuldade de visualizar os lugares relatados e dar “forma” aos personagens, que infelizmente não conseguem ser carismáticos e assim como toda a história, também são um tanto confusos.

O Daemon que tinha tudo para ser um personagem marcante é apático e superficial. Tudo bem que ele coloca um pouco de ação na história, mas é perceptível que ele tem mais potencial como personagem do que mostrado nesse primeiro livro da série.  Só que do Daemon eu ainda consigo relevar algumas atitudes infantis, afinal ele é um “menino rebelde” usado e abusado pela Rainha e suas súditas.  Mas, o Saentan “todo poderoso” do Inferno, que deveria ser o personagem mais forte, mais decidido, tipo “o cara” da história, se comportar de uma forma tão submissa e dependente perante a uma criança, foi demais para mim. A Jaenelle fazia o que bem entendia com ele, e tudo bem (...). Não de verdade, não está tudo bem, e isso não da aceitar. E até mesmo a Jaenelle que deveria ser centro da narrativa não tem de fato uma participação “expressiva” na história, enquanto o Lucivar (...) bem é melhor deixar quieto.

É triste, mas confesso que nenhum dos personagens conseguiu me cativar. Eu tentei gostar deles, tentei entender eles, mas não deu e isso tornou a leitura um pouco lenta e cansativa em alguns momentos. Tipo, apesar de ser uma história muito bem escrita (até por que se não fosse eu não leria até o final), A Filha de Sangue é um livro muito pesado e tudo nele é muito obscuro, amarrado e cheio de detalhes desnecessários. Totalmente desnecessários, diga-se de passagem. A autora ainda tentou dar um toque de erotismo a trama, porém ela foi um tanto infeliz no modo como explorou isso, ao mesmo em meu ponto de vista. Pois, o que era para ser o “algo a mais” do enredo só tornou tudo ainda mais estranho, chocante e “bizarro”.

"Há algumas perguntas que não devem ser feitas até que uma pessoa tenha maturidade suficiente para apreciar as respostas".

Enfim, não consegui curtir a leitura tanto como eu gostaria, mas recomendo a leitura de A Filha do Sangue para quem gosta de fantasias mais adultas e que tenha um estômago forte. Sim, por que aqui você vai precisar.

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