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maio 30, 2021

Os 12 signos de Valentina por Ray Tavares

| Arquivado em: RESENHAS

Os 12 signos de Valentina da autora Ray Tavares, foi um livro que me achou a atenção desde a época do seu lançamento, por um motivo um tanto óbvio para quem me conhece, o fato dele ter com plano de fundo um dos meus hobbies favoritos, - a astrologia.

Com uma narrativa leve e fluida, esse é o meu o primeiro livro que leio da autora e confesso que, comecei a leitura achando que ele ia entrar na minha lista de favoritos, pois os capítulos iniciais são bem promissores.  Só que infelizmente, no decorrer da leitura,  tive a sensação que a autora acabou "escorregando" um pouco tanto na construção, como no desenvolvimento da história e de seus personagens.


ISBN: 9788501110886
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 392
Classificação: Bom
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Sinopse: Isadora é ariana e seu ex-namorado pisciano... Inferno astral! Em busca da combinação astrológica perfeita, ela cria um blog para relatar suas experiências. Isadora descobriu da pior forma possível que o namorado a traíra. E com sua melhor amiga, ainda por cima! A estudante de jornalismo entra numa fossa sem fim. Sem nenhum estágio à vista, ela se afoga em filmes feitos para chorar, pizza e em sua mais nova obsessão: stalkear o perfil do ex-namorado no Facebook. Até descobrir exatamente o que deu errado entre ela e Lucas: seus signos são incompatíveis. Basta encontrar um rapaz de libra e seu mundo entrará nos eixos novamente. Com a nova obsessão e a desculpa do trabalho final de jornalismo online, uma reportagem investigativa sob um pseudônimo, Isadora une o útil ao agradável e cria um blog para relatar a experiência: Os 12 signos de Valentina. Já que precisa encontrar o libriano perfeito, por que não aproveita e experimenta os outros signos do zodíaco para ter certeza mesmo?


Isadora é uma estudante de jornalismo, que não está conseguindo lidar direito com o fim de seu longo relacionamento. Cansada de ver a jovem sofrendo por quem não a merece, Marina sua prima, a arrasta para uma balada. Depois de ficar bêbada e passar praticamente a noite toda se escondendo no banheiro, Isadora descobre o porquê seu namoro com Lucas não deu certo. Segundo a faxineira do local, os dois são "astrologicamente" incompatíveis, afinal ele é peixes e ela é de áries.

Tal descoberta acende uma luz na mente de Isadora que então, passa a mergulhar fundo no misterioso mundo da astrologia. Obcecada pelo assunto e disposta a comprovar que a culpa do seu namoro não ter dado certo é das estrelas, Isadora resolve unir o útil ao agradável e transforma o seu trabalho final de jornalismo online, em um meio de conhecer e se divertir com os outros signos do zodíaco enquanto não encontra seu paraíso astral, ou seja o libriano perfeito.

Mas o que Isadora não esperava, é que seu blog, Os 12 signos de Valentina em pouco tempo fosse se tornar um dos assuntos mais comentados pelos corredores da universidade. Agora ao mesmo tempo em que, segue a sua saga de encontros pela mandala astrológica, ela vai precisar lidar com dois problemas. O primeiro é evitar que todos descubram a verdadeira identidade de Valentina e o segundo, proteger o seu coração do charmoso Andrei.

Os 12 signos de Valentina, possui todos os elementos que compõem uma boa comédia romântica. A narrativa começa bem, mas conforme a história avança os dramas e algumas atitudes da Isadora vão se tornando cansativas, visto que na tentativa de criar uma protagonista desconstruída, a autora acaba “pecando” pela superficialidade.

O enredo como um todo têm pequenos, mas perceptíveis problemas em sua construção e isso, no decorrer da narrativa acaba gerando diversas incoerências. Os personagens no geral são pouco desenvolvidos e muitos deles parecem que foram simplesmente “jogados” na história para dar “volume”.

De todos o que senti falta de um desenvolvimento melhor foi o Andrei. Ele é um personagem carismático e com uma narrativa pessoal interessante, mas que acaba sendo pouco explorada por conta das aventuras pelo zodíaco da protagonista. Além disso, a facilidade com que a Isadora encontra os rapazes lindos de cada signo para o seu “experimento”, deixou tudo muito simplista e terrivelmente previsível.

Porém algumas situações na história me incomodaram mais que outras como, por exemplo, o modo como a Isadora lida com o fim do seu relacionamento. Consigo entender todo o sofrimento que o término causa na personagem, mas acreditar que seu namoro terminou por “culpa” da astrologia é no mínimo imaturo.

Em nenhum momento, vi a Isadora parar e refletir sobre os pequenos sinais de que seu namoro com o Lucas não vinha bem e quando confrontada sobre os problemas existentes na relação, a protagonista alega que suas atitudes foram motivadas pelo simples fato de ser  ariana.

“- O que seria das nossas vidas sem alguns acontecimentos inesperados? Completamente entediante.”


Outro ponto que reforça o que comentei acima, sobre a tentativa da autora criar uma personagem desconstruída, mas acabar acertando na militância e superficialidade é quando a Isadora confunde gentileza com machismo. A protagonista fica brava porque o rapaz abre a porta do carro para ela e paga a conta do jantar sozinho. Gente, quer dizer que agora é proibido um homem ser gentil? “Menos Isadora, bem menos”. Até porque a incoerência é tanta que em uma outra situação, ela não se incomoda do rapaz pagar a conta sozinho.

O estereótipo exagerado como os signos são apresentados também me pareceu "forçado". Desde o único rapaz gordinho, comilão e ciumento ser do signo de touro, o descendente de coreano reservado e sério do signo de virgem, o confuso de gêmeos, mulherengo de sagitário e por aí vai. De verdade, isso me irritou muito durante a leitura, porque fica claro que a única fonte de pesquisa que a autora consultou sobre o tema, foram aquelas revistinhas de banca que todo mundo em algum momento da vida leu.

Sei que o intuito do livro é ser divertido e em partes, a narrativa entrega exatamente isso. Porém a astrologia já é um tema muito "banalizado" e como uma pessoa que dedica uma parte do seu tempo para estudar o assunto, me senti profundamente incomodada, em ver que não houve uma pesquisa prévia e séria sobre o tema que é o plano de fundo da obra.

Ray Tavares acertou ao inserir na narrativa elementos, referências e expressões da cidade de São Paulo. Uma das coisas que mais gosto nos livros nacionais é me identificar com essa brasilidade. Os 12 signos de Valentina, se passa em lugares clássicos da capital paulista e isso, me deixo morrendo de saudades de uma época sem pandemia e nos meus passeios no bairro da Liberdade e na Avenida Paulista.

Além disso, mesmo com as minhas ressalvas não nego que em muitos capítulos fiquei com um sorriso no rosto, especialmente porque é impossível não se encantar com o Andrei durante a leitura. Em suma, Os 12 signos de Valentina é uma comédia romântica fofa e que funciona bem, para aqueles momentos em que estamos precisando de algo mais leve para deixar o nosso coração quentinho.

janeiro 23, 2019

O Amante da Princesa por Larissa Siriani

| Arquivado em: RESENHAS.


Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.




ISBN: 9788576866800
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 224
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Maria Amélia de Bragança é princesa do Brasil, prometida a Maximiliano Habsburgo, arquiduque da Áustria. Mas não há nada que ela deseje menos do que esse casamento: como alguém pode querer que ela se case com um homem que nem sequer conhece? O que Amélia não esperava é que seu noivo chegasse ao Palácio das Janelas Verdes, em Lisboa, acompanhado do amigo Klaus Brachmann, um homem charmoso e experiente que se sente compelido a seduzir a princesa apenas pelo prazer da conquista. Uma viagem inesperada que Maximiliano precisa fazer se mostra a oportunidade perfeita para que Klaus ensine uma coisinha ou outra a Amélia entre quatro paredes... E, conforme o jogo avança, a possibilidade de casamento se torna cada vez mais remota para a princesa, que agora precisa proteger seu coração a todo custo.

Para primeira leitura do ano, estava em busca de algo mais leve e por isso acabei escolhendo um dos romances de época da minha meta dos 12 livros para ler em 2019. O Amante da Princesa da autora nacional, Larissa Siriani acabou se revelando uma grata surpresa. Uma narrativa fluida e doce que conseguiu me cativar no primeiro capítulo e deixou meu coração mais quentinho.

Maria Amélia de Bragança, sabe que pessoas na realeza nunca se casam por amor. Por esse motivo, a princesa do Brasil não está nem um pouco ansiosa para o seu casamento como Maximiliano Habsburgo, arquiduque da Áustria. Afinal, como podem imaginar que ela esteja feliz em se casar com alguém não conhece. Por isso enquanto espera a chegada de seu noivo no Palácio das Janelas Verdes, Maria Amélia não está com o melhor dos humores, porém o que a princesa não imaginava é que o arquiduque não chegaria sozinho.

Klaus Brachmann é o melhor amigo de Maximiliano, e bastou apenas uma olhada para a princesa para que o jovem e charmoso marques decidisse a seduzir Maria Amélia só pelo prazer da conquista. A princípio Maria Amélia acha as investidas da Klaus um tanto quanto impertinentes, mas uma viagem inesperada de seu noivo, acaba tornando a relação da princesa com o marquês mais íntima por assim dizer.

E quanto mais tempo passa ao lado de Klaus, mais Maria Amélia tem certeza que não será feliz em um casamento sem amor. Do mesmo modo que o marquês vai percebendo que aquilo que começou com um simples desafio, acabou se tornando um sentimento maior e muito mais forte do que ele jamais imaginou sentir.

Será que Maria Amélia deixará de lado suas obrigações para com o seu país e a sua família por conta de um grande amor? E como o arquiduque da Áustria vai reagir quando descobrir que seu melhor amigo se apaixonou por sua noiva prometida. Entre beijos roubados na calada da noite e reviravoltas do destino, Maria Amélia e Klaus vão descobrir que o amor surge quando menos se espera por ele.

O Amante da Princesa seria um típico romance de época se não fosse as “licenças poéticas” utilizadas pela autora e seu final nada clichê. Larissa Siriani usou de uma forma bem concisa fatos e personagens reais para construir uma bonita história de amor, com personagens cativantes e uma narrativa envolvente. 

Não nego que achei as atitudes de Klaus a princípio um tanto mesquinhas, do mesmo modo que a “bênção” de Maximiliano para que o melhor amigo “cuidasse” de sua noiva me pareceu não somente absurda, mas um desrespeito com a própria Maria Amélia. Sei lá, isso me deixou com a sensação que para Max, a princesa era uma “propriedade” valiosa que precisava ser cuidada. Ok! Sei que posso estar problematizando algo que provavelmente era comum na época, mas isso não torna o comportamento do arquiduque aceitável de qualquer forma.

Gostei muito da Maria Amélia, e verdade seja dita ao começar a leitura o meu maior medo era que ela fosse daquelas protagonistas mimadas e cheia de futilidades. Só que para a minha surpresa, Maria Amélia é uma personagem forte que sabe o que quer. E mesmo com todos os seus ideais românticos e gentileza, sabe se impor e usar de sua mente rápida e língua afiada quando necessário. A química entre ela e Klaus é incrível, o que torna praticamente uma missão impossível não torcer pelo casal, apesar das atitudes nada “cavalheirescas” de Klaus no princípio.

Essa foi a minha primeira experiência com uma obra da autora Larissa Siriani e gostei muito do que encontrei. Com capítulos curtos, O Amante da Princesa possui um ritmo fluido e gostoso de se acompanhar. Embora seja um livro relativamente curto e com o enredo bastante focado nos protagonistas, a autora soube como trabalhar os personagens secundários dando a eles um peso importante no desfecho final da trama.

Porém não posso deixar de citar dois pontos que me incomodaram um pouco: O primeiro as frases em alemão presentes em alguns diálogos sem as notas de rodapé. E o segundo o desenvolvimento e andamento “instantâneo” da narrativa. Tipo as coisas acontecem “rápido demais” e alguns elementos acabam ficando perdidos na narrativa.

 “- Não é o tempo que determina o amor. Há pessoas que se apaixonam em poucas horas, outras que passam décadas sob o mesmo teto sem nunca se amarem.”

Para quem busca uma leitura rápida e envolvente, O Amante da Princesa é um romance leve e garante horas agradáveis de leitura. Além disso, mesmo com todos os clichês presentes na construção da história, Larissa Siriani escreveu uma história que me cativou, surpreendeu e ao final me deixou com lágrimas nos olhos e o coração quentinho. Ou seja, posso garantir a vocês que comecei meu ano literário com o pé direito.

Nota: A princesa Maria Amélia e o arquiduque Maximiliano realmente existiram. Mas, ao contrário do romance, O Amante da Princesa os registros históricos contam que os dois se apaixonaram perdidamente um pelo outro. Infelizmente Maria Amélia faleceu precocemente, antes de seu casamento. Já Klaus Brachmann é apenas um personagem fictício.

maio 16, 2018

Uma História de Verão por Pam Gonçalves

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9781934904541
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 304
Classificação: Regular
Sinopse: É o último verão de Analu perto de casa antes da faculdade. Entre a dificuldade de se entender com seus pais, que queriam que ela cursasse Direito e não Cinema, e as persistentes comparações com seu irmão gêmeo, André Luiz, o grande exemplo de filho que faz tudo para agradar, a garota está cansada de tanta hipocrisia e da cobrança de todos e só quer aproveitar suas férias com os amigos. O lugar é lindo, o clima está ideal e não faltam lembranças em cada cantinho da praia. Pena que nem todas são boas: a primeira decepção amorosa e grande paixão de Ana Luísa, Murilo, está de volta com o sorriso cafajeste de sempre e novas promessas. De um lado, o futuro em uma nova e incrível cidade, São Paulo; do outro, os amigos, a família e um amor traiçoeiro que ao mesmo tempo machuca e envolve.

Quando escolhi de forma aleatória Uma História de Verão da autora Pam Gonçalves para ler, esperava encontrar uma história despretensiosa que me tirasse de uma terrível ressaca literária. Em partes foi exatamente isso que encontrei, uma história leve e bonitinha, mas que ao mesmo tempo peca por sua superficialidade.

Ana Luísa, ou Analu como prefere ser chamada se prepara para o seu último verão em casa antes de começar vida adulta. Seu primeiro desafio será contar para os pais que ao invés de escolher ficar por perto e cursar Direito, ela escolheu ir para longe e cursar Cinema. Ela sabe que seus pais vão ver essa decisão como mais um ato de rebeldia e o que tornará as comparações com o seu irmão gêmeo e perfeito, André Luiz ainda mais insuportáveis.

Em uma tentativa de fugir da farsa que é a sua família e de aproveitar o último verão com seus melhores amigos Gisele e Yuri, Analu vai para a Praia do Rosa. Um lugar lindo, mas ao mesmo tempo manchado com as lembranças que ela tem de Murilo e de como ele partiu seu coração. Como se o destino tivesse testando a sua determinação de ir embora, Murilo ressurge em sua vida. E com isso todos os sentimentos que Analu acreditava ter superado.

Será que ao final desse verão Analu, terá coragem de deixar aquilo que sempre conheceu e sua família para trás em troca de um sonho? E Murilo, pode algo que acabou completamente errado no passado, ter o final reescrito? Entre dias ensolarados e a expectativa de um novo começo, Analu vai descobrir que em um único verão muita coisa pode mudar.

Meu maior problema com Uma História de Verão, foi a protagonista. Não só a personalidade, mas a construção da personagem como um todo. A verdade é que a sensação que eu tive foi que, a autora teve uma ideia que acabou se perdendo no meio do caminho. Tipo ao mesmo tempo que se tenta passar a imagem que a Analu é uma pessoa independente, madura e que sabe o quer da vida, ela tem atitudes infantis e bem controversas.

Além disso, o fato da autora ter focado a narrativa só nos “dramas” da protagonistas quando é perceptível que outros personagens como o Yuri, tinham um enorme potencial e que se tivessem suas histórias exploradas deixariam a obra muito mais rica me incomodou bastante também.

Outro ponto, é que Uma História de Verão esbarra em todos os clichês possíveis dos livros do gênero, sem falar que muitas coisas parecem “forçadas “. O tipo de coisa inserida no enredo apenas para dar um toque de emoção, mas que pelo menos no meu caso não funcionou. Porém, o que mais me incomodou em toda a construção da história é o fato de praticamente tudo nela girar em torno da desilusão que a Analu teve com o Murilo no começo da adolescência.

Não quero diminuir o sentimento de ninguém, afinal cada um sabe como lida com um “pé na bunda”. O problema é você basear toda uma história nisso, quando existem vários outros elementos interessantes nela para serem trabalhados. Isso que ao invés da protagonista dar a volta por cima *alerta spoiler*, ela acaba meio que cometendo os mesmo erros. Sério, eu não sabia se ria ou chorava de raiva, por que de verdade simplesmente não fez sentindo nenhum.

Eu tinha gostado bastante de Boa Noite, o livro anterior da Pam, mas confesso que Uma História de Verão foi um pouco “sofrível”, pois não consegui enxergar nenhuma evolução na escrita da autora. Espero realmente que no próximo livro, ela saia da “zona de conforto”, e escreva algo que transmita uma mensagem bacana, como é o caso de Boa Noite. Até por que, não há nada mais decepcionante, do que você passar horas lendo um livro em que a protagonista passa metade do tempo chorando por conta se seus problemas amorosos e superficiais, quando a coisas mais importante acontecendo em volta dela.

“– É difícil saber o que me deixa feliz, se tudo o que quero ser não agrada a ninguém.”

Para quem busca uma história leve, Uma História de Verão é uma boa opção. Mas, a minha dica é começar a leitura sem muitas expectativas, porque infelizmente a única coisa que você vai encontrar é uma narrativa que não traz nada de novo e que escorrega em inúmeros clichês forçados.

março 12, 2018

Treze por FML Pepper

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788501110930
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 460
Classificação: Bom
Submarino| Compare os Preços
Sinopse: Às vésperas de cometer o maior golpe de sua vida, a cética Rebeca vai a um parque de diversões decadente e se depara com uma enigmática cartomante que, contra a sua vontade, faz uma série de previsões bizarras sobre seu futuro. Para seu desespero, todas as nefastas previsões viriam a se concretizar e a arremessariam em um furacão de perdas e de derrotas. Quando sua vida chega ao fundo do poço, circunstâncias inesperadas lhe dão a chance de um recomeço e, querendo ou não, agora Rebeca não pode desprezar a última e mais perturbadora previsão da vidente: o número TREZE, ou melhor, o décimo terceiro namorado seria o homem que traria sua salvação. Longe dele, sua existência seria apenas caos e ruína. O que Rebeca jamais poderia imaginar, no entanto, é a que a cartomante camuflaria o predestinado atrás de charadas. Dois rapazes surgem em seu caminho e se encaixam perfeitamente nas pistas, mas apenas um deles será o grande amor da sua vida. É chegada a hora de decifrar o enigma do coração ou arriscar perder tudo para sempre.

Sempre tive curiosidade em ler os livros da autora FML Pepper, afinal a trilogia Não Pare!, é muito elogiada no meio literário. Assim que li a sinopse e vi a capa de Treze, fiquei interessada pelo livro. Afinal como vocês já sabem adoro tudo tem uma pitadinha de fantasia.  Mas, mesmo apresentando uma narrativa fluida, a construção da história peca em alguns detalhes.

Rebeca cresceu ouvindo de sua mãe que fé e amor são sentimentos que enfraquecem as pessoas, e que apenas dados e estáticas são confiáveis.  Nas vésperas do maior golpe de sua vida, uma enigmática cartomante cruza o seu caminho. Para Rebeca a mulher não passa de uma charlatã que ganha dinheiro fácil enganando as pessoas. Só que para surpresa de Rebeca, a previsão da cartomante para aquele dia fatídico se mostra verdadeira. A partir desse dia o seu mundo desaba e ela se vê perdida sem saber para qual direção seguir.

Porém, conforme as previsões da cartomante ela ganha uma chance de recomeçar. Quando Rebeca conhece Eric, ela tem certeza que encontrou a pessoa certa para colocar sua vida nos eixos. Eric é inteligente, lindo, divertido e rico, ou seja o partido perfeito. Mas, apesar de todos os caminhos apontarem na direção do príncipe encantado, ela se vê cada vez mais atraída pelo misterioso Karl. Karl é o completo oposto de Eric, e descrente Rebeca não está disposta a ignorar a previsão da cartomante. Até por que Madame Nadeje deixou bem claro, que o namorado número treze será aquele que trará a sua redenção. 

Entre as charadas e uma corrida contra o tempo, Rebeca não quer dar sorte ao azar novamente. Só que ela está prestes a descobrir que nas teias do destino nada é o que parece ser. Além disso, todos nós temos livre arbítrio e no final são nossas escolhas que determinam o nosso futuro.

Treze possui uma narrativa fácil e logo nos primeiros capítulos prende a atenção do leitor. FML Pepper construiu uma história envolvente, mas que falha um pouco no desenvolvimento dos personagens. Rebeca está longe de ser uma protagonista “fácil”. Ela se acha autossuficiente, e entendo que a intenção da autora era criar uma anti-heroína, algo que até certo ponto isso funciona bem. Porém, não nego que  em certos momentos as atitudes impulsivas e egoístas  da personagem me incomodaram.

Já o Karl é aquele típico bad boy que mesmo depois de ter apanhado feio da vida, não perdeu a pose de marrento e a arrogância. Acho que justamente por isso que ele e a Rebeca forma um bom casal, pois ambos só conseguem evoluir e rever suas atitudes a partir do momento em que se conhecem. É aquele bom e velho clichê de sempre, - “o amor muda as pessoas.”

Outro ponto que me incomodou foi que os personagens secundários são mal aproveitados. A narrativa fica muito centralizada nos protagonistas passando a sensação que os demais personagens foram apenas “jogados” no meio da história. Além disso, a autora deixou muitas pontas soltas e respostas não dadas.

Tipo, de verdade não engoli a história da Madame Nadeje, sei lá, a explicação que a autora deu a respeito da personagem me pareceu fora de contexto com a proposta inicial da história. Confesso também que não gostei muito do caminho que a autora tomou para finalizar a trama, pois senti que algumas coisas foram romantizadas e forçadas demais para que a protagonista enxergasse o óbvio, - que ela precisava ter fé.

Treze possui um enredo interessante, que infelizmente foi “apresentado errado”. Como comentei no começo da resenha, o que tinha me chamado a atenção no livro foi o toque de fantasia que a narrativa prometia. Por isso, ao iniciar a leitura essa blogueira que vos escreve esperava encontrar um romance new adult tendo como plano de fundo ingredientes da literatura fantástica. Algo que não acontece.

Não que o fato da narrativa ter pendido para o lado mais “religioso” tenha atrapalhando a minha experiência com o livro, só que talvez esse seja um pequeno detalhe que pode incomodar outros leitores. Em especial aqueles que tem a personalidade mais cética como a da protagonista.

“No desespero as pessoas fazem coisas incríveis, é verdade. Mas é no dia a dia que as ações são construídas e que separamos o joio do trigo.”

Apesar das ressalvas, gostei bastante da escrita da autora. FML Pepper é impecável na descrição de lugares e situações narradas, o que faz com que o leitor sinta que está vivendo aquele momento também. O romance é clichê, do tipo que mesmo não concordando com as atitudes dos personagens, torcemos por eles e ao final nos deixa com um sorriso bobo no rosto. 

Como meu primeiro contato com a escrita de FML Pepper, posso considerar o saldo final positivo. Pode ser que alguns pontos da história venha a “confrontar” um pouco de suas crenças pessoais, mas ainda assim, Treze possui uma narrativa envolvente e gostosa de acompanhar. Fica a dica!

outubro 22, 2017

Quando a Noite Cai por Carina Rissi

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.

  ISBN: 9788576865803
  Editora: Verus
  Ano de Lançamento: 2017
  Número de páginas: 476
  Classificação: Bom
Sinopse: Briana Pinheiro sabe que não é a pessoa mais sortuda do mundo. Sempre que ela está por perto algo vai mal, especialmente no trabalho. Por isso é tão difícil manter um emprego. E a garota realmente precisa de grana, já que a pensão da família não anda nada bem. Mas esse não é o único motivo pelo qual Briana anda perdendo o sono. Quando a noite cai e o sono vem, ela é transportada para terras distantes: um mundo com espadas, castelos e um guerreiro irlandês que teima em lhe roubar os sonhos... e o coração. Depois de ser demitida — pela terceira vez no mês! —, Briana reúne coragem e esperanças e sai em busca de um novo trabalho. É quando Gael O’Connor cruza seu caminho. O irlandês de olhar misterioso e poucas palavras lhe oferece uma vaga em uma de suas empresas. Só tem um probleminha: seu novo chefe é exatamente igual ao guerreiro dos seus sonhos. Enquanto tenta manter a má sorte longe do escritório, Briana acaba por misturar realidade e fantasia e se apaixona pelo belo, irresistível e enigmático Gael. Em uma viagem à Irlanda, a paixão explode e, com ela, o mundo de Briana, pois a garota vai descobrir que seu conto de fadas está em risco — e que talvez nem mesmo o amor verdadeiro seja capaz de triunfar...

Tem momentos na vida que tudo o que precisamos é de um livro bem açucarado para aquecer nossos corações.  Em partes foi exatamente isso que encontrei na leitura de Quando a Noite Cai da autora Carina Rissi. Com uma narrativa leve esse é aquele livro que não chega a surpreender, mas que com um romance clichê entrega o que promete uma história doce e bonitinha.

A dona sorte e Briana não estão se entendendo muito bem nos últimos tempos. Briana não consegue manter-se em nenhum emprego, parece até que a moça é um ímã para catástrofes. A prova disso é quando depois de mais tentativa desastrosa de conseguir um emprego a jovem é atropela pelo enigmático Gael O’Connor.

Após o acidente por um daqueles acasos estranhos que só o destino explica, Gael acaba se encantando com o jeito atrapalhado de Briana e oferece a ela uma vaga de emprego em sua empresa.  Incrédula com a virada de sua sorte Briana aceita, afinal ela precisa do dinheiro para manter a pensão em que ela e a família moram aberta.  O problema é que Gael é praticamente irmão gêmeo de Lorcan, o guerreio irlandês que há anos povoa os sonhos de Briana.  E talvez separar os sonhos da realidade se torne uma tarefa mais difícil do que ela imagina.

Quando ambos partem para a Irlanda, a atração que sentem um pelo outro fica ainda mais intensa. E por mais que eles tentem manter tudo no âmbito profissional e da amizade, o sentimento a cada dia se mostra mais forte e irresistível. Porém, Gael guarda um segredo de Briana, segredo este que se for descoberto deixará a jovem de coração partido. Conforme se aproxima da verdade, Briana vai percebendo que seus sonhos podem conter a respostas que procura e a chave para libertar o seu amor.

Quando a Noite Cai é uma história clichê do começo ao fim. Não que isso seja um defeito, até porque mesmo com tudo sendo óbvio a autora soube como construir um enredo envolvente. Gostei dos elementos da cultura irlandesa que a Carina Rissi usou como plano de fundo da história, e é visível que a autora fez uma extensa pesquisa para dar ao enredo o toque místico e misterioso que a cultura possui. Só que nem tudo foram flores (...).

Adoro histórias que mesclam fantasia e realidade, porém aqui infelizmente esse recurso não funcionou muito bem. A narrativa intercala o momento presente com os sonhos de Briana, só que mesmo se revelando uma peça importante no desenvolvimento do enredo, essas passagens deixam a narrativa com o ritmo mais lento e até um pouco cansativa.  Além disso, não nego que a imaturidade da protagonista também me incomodou em especial pelo modo “fácil” com ela aceita a falta de respostas e as mudanças de humor constantes de Gael.

Confesso que o maneira fast como a Briana se apaixona por Gael e o modo como relacionamento deles se desenvolve me deixou com uma impressão que aquilo não era tão “verdadeiro”como a autora tenta passar. Em especial por conta do passado do Gael. Tudo foi muito simples e volto a dizer fácil, deixando a sensação que as respostas dadas pela a autora foram poucas ou totalmente insuficientes. Não nego que achei a Briana e o Gael um casal fofo e torci para que os dois tivesse um final feliz. Porém acho que ao invés da autora ter se perdido com detalhes que não agregaram tanto a narrativa ela podia ter explorado de uma forma mais “realista” e não tão fantasiosa o relacionamento dos dois.

Os personagens secundários conseguem se destacar dando a narrativa um toque divertido. Gostei muito da Aisla irmã da Briana e do Lorenzo melhor amigo do Gael.  A Aisla é aquele tipo de pessoa que mesmo quando tudo está dando errado consegue manter a esperança e apesar de a primeira vista parecer um pouco cabeça de vento, é bem mais madura do que a protagonista. Já o Lorenzo é um personagem peculiar com um ótimo senso de humor.

Quando a Noite Cai é um livro gostoso. A escrita da Carina Rissi é fluida e nos conquista aos pouco.  Senti falta de algumas respostas mais conclusivas e de um maior desenvolvimento da relação dos protagonistas. Porém mesmo com suas falhas a leitura foi prazerosa e me deixou com mais vontade de ler outros livros da autora.

“– Pode repetir isso para si mesma, se traz algum conforto. Mas eu sei o que vi. Vocês se encontram. E, quando isso acontece , nada mais pode ser feito.”

Para quem está em busca de um livro que escorre açúcar nas páginas, Quando Cai a Noite possui uma narrativa açucarada, leve e perfeita para os românticos de plantão. Admito que eu esperava um pouco mais, só que mesmo não se mostrando uma das histórias mais surpreendentes que li, me vi  ao final com aquele sorriso no rosto e com o coração mais quentinho.

setembro 28, 2017

Ninguém Nasce Herói por Eric Novello

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788555340420
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 384
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Num futuro em que o Brasil é liderado por um fundamentalista religioso, o Escolhido, o simples ato de distribuir livros na rua é visto como rebeldia. Esse foi o jeito que Chuvisco encontrou para resistir e tentar mudar a sua realidade, um pouquinho que seja: ele e os amigos entregam exemplares proibidos pelo governo a quem passa pela praça Roosevelt, no centro de São Paulo, sempre atentos para o caso de algum policial aparecer. Outro perigo que precisam enfrentar enquanto tentam viver sua juventude são as milícias urbanas, como a Guarda Branca: seus integrantes perseguem diversas minorias, incentivados pelo governo. É esse grupo que Chuvisco encontra espancando um garoto nos arredores da rua Augusta. A situação obriga o jovem a agir como um verdadeiro super-herói para tentar ajudá-lo — e esse é só o começo. Aos poucos, Chuvisco percebe que terá de fazer mais do que apenas distribuir livros se quiser mudar seu futuro e o do país.

Não é de hoje que venho tendo a triste sensação que ao invés de evoluirmos estamos regredindo. E digo isso não somente a nível Brasil, mas são tanto absurdos que vejo todos os dias nos jornais que passei a sentir um pouco de “medo” do que o amanhã nos reserva.  Por esse motivo, logo que li a sinopse de Ninguém Nasce Herói, do autor Eric Novello fiquei bastante curiosa para conhecer a história. Até porque, a ficção e a realidade nunca me pareceram tão próximas.

Quando um fundamentalista religioso assume o governo do Brasil a população volta a viver um regime opressor semelhante aos anos da Ditadura Militar. Alguns livros foram banidos. Negros, homossexuais, transexuais e seguidores das religiões afros são perseguidos.  Porém, Chuvisco e seus amigos tentam de alguma forma lutar contra isso e fazer a diferença, mesmo sabendo os riscos que correm. O governo faz de tudo para esconder a brutalidade de suas ações através de um Pacto de Convivência, que como o imaginado funciona bem mais na teoria do que na prática.

Fato esse que se comprova em uma amanhã quando Chuvisco é espancado quase até a morte por defender um garoto da Guarda Branca, uma milícia urbana apoiada pelo governo do Escolhido. Chuvisco então percebe que precisa fazer mais do que apenas distribuir livros proibidos nas praças da grande São Paulo, ele precisa realmente entrar na luta contra a tirania que se instalou no país.

Enquanto tenta encontrar Junior em chats secretos usados por grupos LGBT, para saber se o menino sobreviveu às agressões causadas pela Guarda Branca, ele também começa uma busca perigosa. Chuvisco passa a procurar informações sobre a Santa Muerte, um grupo rebelde que pretende trazer a revolução ao país e acabar com o governo do Escolhido. Afinal, ninguém precisa de uma capa e um traje especial para ser herói e lutar por uma sociedade mais justa e um mundo melhor.

Ninguém Nasce Herói se mostrou uma leitura interessante e envolvente, mas ao mesmo tempo um tanto confusa em especial no começo. Eric Novello construiu um personagem complexo, que em muitas situações busca em sua imaginação uma forma de enfrentar a realidade. É justamente nos momentos mais importantes da narrativa que o Chuvisco permite que sua Catarse Criativa assuma o controle, o que faz com que o personagem se veja como um super-herói de verdade. 

Confesso que no começo essa mistura entre fantasia e realidade me confundiu e incomodou um pouco. Porém depois que entendi como essas crises funcionavam e principalmente a importância que esses episódios tem no desenvolvimento do enredo, a minha leitura passou a fluir melhor. Gostei do fato do autor não ter criado uma distopia "caricata", e sim ter usado como base para sua história o fanatismo religioso e o ódio cada vez mais crescente pelas minorias e o “diferente”. Além disso, como é uma história que se passa no Brasil a identificação com os personagens e lugares é praticamente instantânea.

Outro ponto que gostei bastante é que embora o Chuvisco seja o grande protagonista aqui, os demais personagens também se destacam nos momentos decisivos. Eric Novello consegue com maestria trabalhar a diversidade sem ser clichê, nos tornando a cada capitulo mais próximos de cada um dos personagens, o que me levou a sentir uma empatia enorme por eles. Em algumas ocasiões fiquei bastante triste com o as escolhas e caminhos que eles tomaram, por que no decorrer da trama senti como se cada um deles, fosse meu amigo também.

Ninguém Nasce Herói possui o tom certo de ação, drama e romance, mas o ponto chave de sua narrativa é o alerta que o autor faz.  Eric Novello nos mostra de um modo real e doloroso os perigos escondidos por trás do preconceito e do fanatismo. E o que mais me assusta é perceber como eu comentei no começo da resenha, que algumas situações descritas no livro não estão assim tão distantes de nossa realidade, infelizmente (...).

“Com maior ou maior dose de inocência, otimismo ou pessimismo, no fim das contas só estamos procurando uma maneira de seguir adiante.”

Apesar do início um pouco confuso, Ninguém Nasce Herói foi uma leitura gratificante e que deixou ainda mais acesa dentro de mim a vontade de lutar por um mundo melhor.  Até por que se formos pensar, ninguém precisa de superpoderes para ajudar o próximo e fazer a diferença na vida de alguém.

agosto 10, 2017

Um Acordo de Cavalheiros por Lucy Vargas

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788528621785
Editora: Bertrand Brasil
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 350
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Tristan Thorne, o Conde de Wintry, não é um homem para brincadeiras. Com uma vida de segredos, amado e odiado na sociedade, ele não é o parceiro ideal para uma dama. Dorothy Miller não sabe o que há por trás de suas motivações, apenas que ele é bastante intenso. Os jornais dizem que ele bebe demais, joga demais e ama escandalosamente. E até mata. Como uma dama determinada a ser dona do próprio destino como Dorothy Miller acaba em um acordo com um homem como Lorde Wintry? Você teria coragem de guardar um segredo com o maior terror dos salões londrinos? Lembre-se: Nunca faça acordos com ele, pois o conde sempre volta para cobrar.

Que essa que vos escreve é uma leitura assídua de romances de época, vocês já estão cansados de saber. Por isso, assim que soube do lançamento de Um Acordo de Cavalheiros da autora Lucy Vargas, eu fiquei muito curiosa para conferir a história. Afinal, depois tantos livros do gênero escritos por autoras estrangeiras, nada melhor do que se perder em uma narrativa com um toque de brasilidade. E para minha felicidade, acabei encontraram uma história envolvente e divertida.

Dorothy Miller está longe de ser o que se espera de uma jovem moça do século XVIII. Apesar de sua reputação imaculada, Dorothy ao contrário das outras jovens, não está em busca de um marido durante a alta temporada londrina. A verdade é que a ideia de se ver presa em um casamento sem amor sempre a deixou apavorada.  Porém, depois de uma noite regada a muito vinho, Dorothy acorda na cama do temido Conde de Wintry, Tristan Thorne.

Tristan Thorne é conhecido por ser um dos maiores devassos de Londres, o tipo de homem que jovens como Dorothy precisam manter distancia. Só que depois da noite que passou com a Dorothy, ele não está disposto a abrir mão da companhia da jovem em sua cama tão facilmente. Tristan promete não comprometera reputação da jovem e propõe a ela um acordo no mínimo indecoroso, que ele e Dorothy sejam amantes durante toda a temporada.

A primeira reação de Dorothy é o ultraje, mas essa pode ser a sua ultima oportunidade de viver uma aventura na vida. E o que começa com encontros semanais cheios de sedução, logo começa a despertar em ambos um sentimento mais forte e assustador. Dorothy faz de tudo para esconder o seus verdadeiros sentimentos, ao mesmo tempo em que Tristan faz de tudo para mostrar a ela que os dois podem sim, ter um futuro juntos. O problema é que Tristan esconde um segredo, algo que se descoberto colocará a sua vida e de todos aqueles que ele ama em risco.

Um Acordo de Cavalheiros possui uma narrativa deliciosa que me prendeu logo em suas primeiras páginas. Adorei o modo com a Lucy Vargas construiu a personalidade dos personagens e principalmente como ela desenvolveu a história. Por mais clichê, que Um Acordo de Cavalheiros possa parecer à primeira vista, ele possui elementos que surpreende durante a leitura, o que torna tudo ainda mais envolvente.

Dorothy possui uma personalidade forte e decidida, que mesmo com todos os receios em relação ao futuro, não está disposta a arriscar a sua liberdade em um casamento sem amor. Além disso, Dorothy é uma pessoa muito pé no chão que não se deixa levar pelas aparências. Sem falar que seu humor irônico aliado ao cinismo de Tristan, faz com que eles sejam perfeitos juntos.

Tristan () assim como Dorothy, está à frente do seu tempo. O conde acredita que uma mulher tem que ser dona da sua própria vida e seguir seus próprios instintos e desejos. E cá entre nós até nos dias de hoje homens como Tristan são raridade, quem dirá no século XVIII? Tristan é um personagem apaixonante, que diferente da má fama que tem possui um senso de lealdade enorme e jamais abandona aqueles que ama.

Os personagens secundários desempenham um papel importante na trama, em especial a prima de Dorothy,  Cecília e sua dama de companhia da Sra. Clarke. Lucy Vargas ainda inseriu no enredo boas doses de ação e mistério que deixaram a história ainda mais interessante e fluida.

O único ponto que não “gostei” muito na narrativa, foram algumas descrições nas cenas de sexo. Tipo não que eu seja puritana, mas alguns termos me soaram tão exagerados que comecei a dar risada na hora que li. Acredito que há formas de descrever cenas mais quentes sem usar termos muito “escrachados”. Além disso, senti falta da autora ter se aprofundado mais no passado do Tristan.

Um Acordo de Cavalheiros foi uma grata surpresa, e posso afirmar com toda certeza que estou bastante ansiosa para ler outras obras da Lucy Vargas.  A autora consegue nos presentear com uma narrativa que ao mesmo tempo em que possui todos os elementos que amamos nos livros do gênero, foge do clichê habitual.  Lucy ainda traz uma reflexão importante sobre a forma como a sociedade da época e a nossa ainda enxerga a mulher.  Durante a leitura sorri, suspirei, fiquei com o coração na mão e ao final me vi querendo mais. 

“Ninguém podia envolver-se tão intensamente sem entregar uma parte sua.”

Com diálogos inteligentes e personagens cativantes, Um Acordo de Cavalheiros é um livro que vai te conquistar logo nas primeiras páginas e te deixar a cada capítulo ainda mais apaixonado pela história. Doce, sexual e divertido, uma leitura que recomendo a todos que assim como eu não abrem mão de um bom romance.

agosto 07, 2017

As Cores do Amor por Camila Moreira

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
•  ISBN: 9788528621785
•  Editora: Paralela
•  Ano de Lançamento: 2017
•  Número de páginas: 350
•  Classificação: Bom
Sinopse: O que define uma pessoa? O dinheiro? O sobrenome? A cor da pele? Filho único de um barão da soja, Henrique Montolvani foi criado para assumir o lugar do pai e se tornar um dos homens mais poderosos da região. No entanto, o jovem se tornou um cafajeste aos olhos das mulheres, um cara egocêntrico segundo os amigos e um projeto que deu errado na concepção do pai. Quando o destino coloca Sílvia em seu caminho, uma jovem decidida e cheia de personalidade, Henrique reavaliará todas as suas escolhas. O amor que ele sente por Sílvia o fará enfrentar o pai e transformará sua vida de uma maneira que ele nunca pensou que fosse possível. Um sentimento capaz de provar que nada pode definir uma pessoa, a não ser o que ela traz no coração.

Confesso que ao começar a leitura de As Cores do Amor da autora Camila Moreira, esperava encontrar um típico romance clichê com aquela dose certa de drama, mas que ao final consegue deixar o nosso coração mais quentinho. Em partes a história conseguiu suprir minhas expectativas, porém alguns pontos no desenvolvimento da narrativa me ”incomodaram” um pouco.

Filho único de um dos homens mais poderosos da região, Henrique Montolvani desde criança foi criado para assumir o lugar do pai, Enzo. Porém, o barão da soja nunca foi um homem fácil de agradar. Conforme crescia Henrique foi se afastando cada vez mais do pai e dos planos que Enzo tinha para ele. Para o poderoso Enzo Montolvani, o filho foi um projeto que deu errado, já o jovem passou a não se importar com imagem de cafajeste e egocêntrico que passa para todos, incluindo os amigos mais próximos.

Quando Henrique e Sílvia se conhecem em uma festa de casamento, a atração que sente um pelo outro é instantânea. Sílvia ao contrário de Henrique, nunca teve uma vida “fácil” e desde muito jovem precisou a aprender a lidar com o preconceito e a fazer sacrifícios para sobreviver. Sílvia sabe que se envolver com Henrique pode ser um erro, em especial levando em conta a fama e algumas atitudes do rapaz. Porém, é parece que um ímã que a puxa para os braços do rapaz.

O relacionamento de Sílvia e Henrique está longe de ser um mar de rosa. Afinal, Enzo jamais vai aceitar que o filho se envolva com uma negra e ele está disposto a fazer de tudo para separar o casal. Mas o que sente por Sílvia é tão forte que Henrique finalmente encontra forças para enfrentar o pai e tomar as rédeas da própria vida. Os obstáculos nessa relação são enormes, mas nenhum dos dois pretende abrir mão do amor que sente tão facilmente. Mas, será que esse sentimento será forte o suficiente para sobreviver a tantas provas?

Esse foi meu primeiro contato com a escrita da Camila Moreira, e como comentei logo no começo da resenha gostei de alguns pontos que a autora abordou na narrativa, mas em alguns momentos senti que a autora “forçava” um pouco a barra.  Algumas situações descritas me soaram muito exageradas, além do fato que em nenhum momento senti que o casal protagonista tinha química.

Em diversas situações fiquei irritada com as atitudes do Henrique e apesar dele ter se redimido durante o desenvolvimento da história, eu já tinha pegado birra, e não consegui sentir aquela empatia pelo personagem. Já a Sílvia me pareceu uma personagem "caricata" e todo o drama construído em volta do relacionamento deles fez com que a narrativa me remetesse as novelas mexicanas e as séries turcas que são transmitidas pela Band que a minha mãe assiste.

Sem sombra de duvidas, As Cores do Amor se destaca por  abordar o preconceito racial na narrativa, e acredito que precisamos cada vez mais de livros que tragam temas como esse. Mas até esse detalhes que tinha tudo para ser o ponto mais alto da trama, acabou ser "perdendo". O problema aqui, pelo menos no meu ponto de vista foi o “exagero” como tudo acontece.  E sim, eu sei que em muitos lugares do Brasil e no mundo há pessoas que ainda vivem e pensam igual à Idade Média, mas ainda sim o excesso de clichês e de drama me incomodaram durante a leitura.

Não nego que senti um desprezo enorme pelo Enzo e em minha opinião a autora acertou em cheio, ao criar  um “vilão” detestável.  As atitudes mesquinhas de Enzo conseguiram me deixar enjoada e extremamente furiosa, mas essas foram às únicas emoções que a história despertou em mim, - infelizmente.  Já os demais personagens embora não tenham uma participação tão expressiva, conseguem contrabalancear os momentos mais dramáticos, dando leveza para a narrativa. Gostei bastante do Lucas e da Pietra e fiquei bem curiosa para conhecer a história deles.

Em suma As Cores do Amor foi uma leitura cheia de altos e baixos, que embora siga a mesma fórmula já conhecida pecou ao não apresentar nada de novo e ainda pecar pelo excesso em diversas ocasiões. Foi uma boa leitura, porém eu realmente esperava um pouco mais.

“Podemos passar a vida inteira ao lado de uma pessoa sem amá-la de verdade. Da mesma forma, podemos viver poucos momentos e descobrir que eles foram suficientes para mudar nossa vida para sempre."

Apesar de não corresponder totalmente as minhas expectativas, As Cores do Amor é um livro que indico para quem está em busca de um romance com toque hot, e que ao mesmo tempo traz para narrativa, elementos atuais e a discussão sobre um tema importante. Queria ter me envolvido mais com a história e seus personagens, mas não foi dessa vez.

novembro 03, 2016

O Garoto do Cachecol Vermelho por Ana Beatriz Brandão

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788576865353
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 294
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Melissa é uma garota linda, rica e mimada, que sempre consegue o que quer e tem todos na palma da mão. Ela acredita que a carreira de bailarina é a única coisa que realmente importa, porém suas certezas são abaladas quando faz uma aposta com um garoto misterioso, que parece ter como objetivo virar sua vida de cabeça para baixo. De repente, Melissa se vê dividida entre dois caminhos: realizar seu maior sonho, pelo qual batalhou a vida inteira, ou viver um grande amor. Mas, não importa aonde ela vá, todas as direções apontam para o garoto do cachecol vermelho...


Estou a um bom tempo encarando a tela do meu notebook sem saber ao certo como começar essa resenha e principalmente, como compartilhar com vocês tudo o que senti durante a leitura de O Garoto do Cachecol Vermelho da autora Ana Beatriz Brandão. Acredito que nunca li um livro em que as minhas emoções iam do amor a ódio de uma maneira tão rápida como esse. Sim leitores do My Dear Library, essa foi uma daquelas leituras contraditórias e justamente por esse motivo estou aqui, sem saber como começar (...).

Melissa está acostumada a ter tudo o que quer sem precisar pedir duas vezes. Linda, rica e popular ela tem todos na palma de sua mão e acredita que o seu destino é ser uma grande bailarina. Aliás, o balé é a única coisa que realmente importa em sua vida. Porém, tudo começa a mudar na noite de Ano Novo quando Melissa esbarra com um garoto misterioso usando um cachecol vermelho.   Para a jovem o garoto não passa de mais um vândalo, alguém que não merece mais do que poucos minutos de sua atenção. Mas logo ao chegar à faculdade no primeiro dia depois das férias de verão Melissa tem uma surpresa, o garoto do cachecol vermelho está lá.

Por algum motivo desde que se encontraram, Daniel se interessou pela jovem esnobe que cruzou seu caminho na noite de Ano Novo. De certa forma ele viu que por debaixo da mascara de arrogância e prepotência, Melissa era uma pessoa que precisa de ajuda, e ele sabia como ajuda-la. Melissa obviamente faz de tudo para afastar Daniel de sua vida, afinal ela era perfeita. Só que ele não está disposto a desistir da missão, então propõe a garota um acordo. Durante dois meses Melissa será à sombra dele. Ela terá que ir a todos os lugares que ele vai, conviver com o grupo de amigos dele e fazer uma tentativa real de ver o mundo com outros olhos. Depois desse tempo, Melissa estará livre para fazer de sua vida o que bem entender.

Sem ter outra opção ela aceita o acordo, sem saber que aquele era o sim mais definitivo que daria em sua vida. Em dois meses Daniel abre as portas de uma realidade completamente diferente e distante daquela que Melissa vive. E com a convivência um novo sentimento surge, os aproximando ainda mais. É possível que duas pessoas com valores e personalidades tão opostas vencerem a diferenças em nome do amor? E Melissa está disposta a abandonar todos os seus sonhos de brilhar nos palcos para viver esse amor ao lado de Daniel? Juntos eles acabam percebendo que quando não temos as respostas, o tempo se encarrega de reponde-las.

Como vocês podem reparar a premissa de O Garoto do Cachecol Vermelho é bem clichê, e confesso que foi justamente por conta dessa previsibilidade que o livro me chamou a atenção.  Porém apesar de em partes a história entregar o que promete, alguns pontos me incomodaram muito. Acho que fazia muito tempo em que eu não sentia tanta vontade de abandonar uma leitura como eu senti aqui. E o  motivo para esse meu descontentamento foi apenas um, - Melissa.

Pensem em um personagem I-N-S-U-P-O-R-T-Á-V-E-L. Pense em uma pessoa preconceituosa, egoísta, egocêntrica e que acha que o mundo gira de acordo com suas vontades. Bem essa é a Melissa. Tive uma enorme dificuldade para me envolver completamente com a leitura por que de verdade não consigo aceitar ou acreditar que uma pessoa tão iluminada, tão boa e gentil como o Daniel pode se sentir atraído por alguém assim. Por mais bonitinho que seja, essa história que opostos se atraem e que o amor muda as pessoas, eles são pessoas diferentes demais e o envolvimento deles infelizmente acabou me passando sensação que de ser um pouco “forçado”.

Outro ponto é que  mesmo Ana Beatriz Brandão abordando temas interessantes entre eles a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), senti que em alguns capítulos faltava continuidade na narrativa. Tipo as coisas aqui acontecem rápido demais em um momento a autora está falando de transtorno alimentar e no outro sobre abuso sexual.  É como se ela quisesse acrescentar no enredo a maior quantidade de assuntos complexos para que dessa forma o drama na história ficasse ainda maior. Em partes o resultado desejado foi alcançado, porém acredito que se a Ana Beatriz tivesse escolhido um tema e se aprofundado mais nele a história teria um ritmo mais fluido.

E antes que vocês achem que sou louca, por que “classifiquei” o livro como muito bom e até agora só apontei os pontos negativos dele, quero deixar claro que eu gostei do que encontrei aqui.  Afinal precisa ser muito coração de pedra para não se emocionar com a história que Ana Beatriz Brandão escreveu. Só que estaria mentindo ao afirmar que tudo foram flores durante a leitura. E admito que mesmo tendo achado o romance em partes forçado, em alguns momentos ele me deixou com um sorriso bobo no rosto.

É aquilo que comentei logo no começo da resenha. O Garoto do Cachecol Vermelho foi aquele livro que amei e odiei com a mesma intensidade. Gostei muito de algumas coisas e não gostei de outras tanto assim. É fato que achei que a Ana Beatriz forçou um pouco a barra em determinadas situações e foi rasa demais em outras. Mas para uma jovem autora de 17 anos, sem sombra de dúvidas podemos esperar muita coisa boa vinda por ai.

“- (...) mas se tem uma coisa que aprendi na vida é que a hora certa pode nunca chegar.”

Para alguns O Garoto do Cachecol Vermelho pode ser visto como mais um típico Young Adult clichê. Já para outros ele pode ser uma história que fale de recomeços, mudanças e amor. Porém o mais importante, ao menos para essa leitora aqui,  é que mesmo com toda a “oscilação” de emoções que senti  e com seus pontos negativos, consegui me envolver e me emocionar durante a leitura.  Pode até não ser o livro mais perfeito que li na minha vida, mas que torci pelo "felizes para sempre", - eu torci.

outubro 20, 2016

Quando o Amor Bater à sua Porta por Samanta Holtz

| Arquivado em: RESENHAS.

ISBN: 9788580415971
Editora: Arqueiro
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 304
Classificação:
Sinopse: Ele tem um passado do qual não se lembra. Ela precisa esquecer o seu. Malu Rocha é uma escritora de 29 anos independente, confiante e bem-sucedida. Mora sozinha em São José dos Pinhais, perto de Curitiba, onde mantém uma rotina regrada de pedalar todas as manhãs, escrever e, semanalmente, visitar o avô de 98 anos em uma casa de repouso. Porém sua vida toda controlada sai do eixo quando um homem bate à sua porta e se apresenta como Luiz Otávio Veronezzi, dizendo ter perdido uma reunião marcada com ela. Malu não se lembra do compromisso e sua primeira reação é dispensá-lo. Mas o belo desconhecido insiste, explicando que sofreu um acidente de carro, ficou em coma e perdeu a memória, assim como seus documentos. As únicas coisas que restaram foram um pouco de dinheiro e um papel com o nome e o endereço de Malu, o nome dele e a data da reunião. Luiz confessa que a escritora era sua última esperança para descobrir a própria identidade. O problema é que ela não tem a menor ideia de quem ele seja. Desconfiada, mas sentindo-se responsável pelo acontecido, Malu decide ajudá-lo e embarca em uma jornada para descobrir quem ele é – o que acaba trazendo à tona muitos fatos sobre si mesma, seus medos e segredos mais bem guardados, além de um passado que preferia esquecer. A bela narrativa e a trama que prende do começo ao fim nos convidam a acompanhar Malu e Luiz nessa busca que se transforma em uma história de amor de tirar o fôlego.

Confesso que sempre tenho uma dificuldade enorme em resenhar um livro do qual gostei muito. E é justamente nesse dilema que me encontro agora. Como resenhar um livro que com uma história tão singela e que ao mesmo tempo deixou uma mensagem tão importante em meu coração? Novamente Samanta Holtz me surpreendeu com o seu talento de escrever histórias cativantes e que nos emocionam profundamente.

Malu Rocha é uma jovem e conceituada autora de romances, o que não deixa de ser uma grande ironia já que ela própria diz não acreditar no tipo de amor que descreve em seus livros.  Malu tem uma rotina simples, porém regrada e ela gosta de como as coisas parecem funcionar em um ritmo perfeito, apesar das constantes trapalhadas de Rebeca, sua assessora. Mas, quis o destino que a vida de Malu saísse um pouco dos eixos.  Em um dia como qualquer outro um desconhecido bate em sua porta revelando que sofreu um terrível acidente e que a única coisa de que se lembra, é que tinha uma reunião agendada com ela.

Por sua vez a escritora não tem recordação nenhuma de ter uma reunião marcada com alguém chamado Luiz Otávio Veronezzi, tanto que a sua primeira reação é achar que tudo não passa de uma farsa. Só que conforme os dias passam e Malu encontra com Luiz vagando sem rumo pela cidade, ela começa a acreditar que o charmoso desconhecido pode estar falando a verdade.

Malu movida por um estranho sentimento de culpa, decide ajuda-lo a recuperar a memória e a voltar para casa, afinal Luiz Otávio tinha sofrido o acidente a caminho de uma reunião agendada com ela. Mas Malu não imagina que ao abrir a porta de sua casa para esse homem misterioso, corre o risco de acabar deixando aberta também a porta do seu coração. E com isso trazer de volta os fantasmas do passado que há anos ela evita enfrentar.

Fazia muito tempo que não me identificava tanto com a protagonista como me identifiquei com a Malu. Talvez por que mesmo eu sendo uma leitora ávida de romances, não tenho uma visão romântica da vida. Adoro ler histórias açucaradas e clichês, mas na minha vida pessoal sou bem “pseudo realista” e admito até um pouco fria. Por esse motivo em vários momentos senti que a Samanta Holtz estava de certa forma falando comigo.  É como se  Quando o Amor Bater à sua Porta tivesse vindo parar em minha mãos no momento que eu mais precisa ler ele, e talvez por isso ele me emocionou tanto.

Os personagens são todos muito bem construídos e não tem como você não se encantar pelo Luiz Otávio (). Ele possui uma serenidade rara de se encontrar hoje em dia, e o modo como o Luiz lida com toda a sua situação é surpreendente. É lindo ver ele e a Malu se ajudando mutuamente. Perceber que as defesas de ambos caindo aos poucos e com isso cada um ao seu modo se reencontrando com si mesmo e de certa forma se tornando alguém melhor.  O relacionamento deles é algo que evolui naturalmente e isso fez com que a cada capítulo eu torcesse ainda mais pelo tão esperado “e foram felizes para sempre”. Como falei acima posso não ser romântica, mas isso não me impede de adorar um bom e velho clichê.

Os personagens secundários também desempenham um papel importante na narrativa, e o fato da história não girar em torno somente da Malu e o Luiz foi uma surpresa agradabilíssima. Adorei as confusões da Rebeca, do mesmo modo que a personalidade meiga e gentil da Hanita fez com que eu quisesse ser amiga dela também. Mas, quem realmente ganhou um lugar especial em meu coração, o Sargento, ou melhor, dizendo o Senhor Ignácio o avô da Malu. É incrível como um personagem que às vezes pode parecer “pequeno” ou até sem "importância" no começo da história se torna tão especial para a gente.

É perceptível evolução na escrita da Samanta Holtz aqui. E apesar de Renascer de um Outono () continuar sendo o meu livro favorito da autora, arrisco-me a dizer que essa é a história mais completa que ela já escreveu. Aqui temos uma narrativa que mescla com maestria drama, leveza, superação e um “romance gracinha”. É um livro que nos faz sonhar e refletir sobre nós mesmos e sobre coisas amamos e que acabamos “abandonando” muitas vezes por causa dos outros.

 Quando o Amor Bater à sua Porta reacendeu em mim o desejo de concretizar sonhos e de voltar a me dedicar a projetos que eu praticamente já tinha desistido de levar em frente. Essa foi uma leitura especial de várias maneiras para essa que vos escreve. Samanta Holtz me deixou com lágrimas nos olhos e ao mesmo tempo com o coração quentinho. E admito que ultimamente são poucas histórias que andam conseguindo fazer isso.

"Porque o amor não foi feito para ser entendido, estudado ou explicado; o amor foi feito para ser sentido."

Esse é um daqueles livros que vai chegar de mansinho em sua vida e quando você se der conta já não vai mais conseguir parar de ler ele. Delicada e despretensiosa a típica história clichê irresistível, que conquista nosso coração e nos deixa com um sorriso bobo no rosto. Perfeito para os românticos de plantão e para os não tão românticos assim como eu. Afinal são histórias assim que nos fazem desejar viver um grande amor ().

outubro 16, 2016

Boa Noite por Pam Gonçalves

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788501106698
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 240
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação - em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa.

Uma das metas que essa que vos escreve estabeleceu para 2016 é ler mais livros nacionais. E a oportunidade de não apenas alcançar essa meta, mas também de conhecer uma nova autora surgiu com Boa Noite da Pam Gonçalves. Já conhecia a Pam blogueira e booktuber, e claro que estava com aquela pontinha de curiosidade para conhecer a Pam escritora. Com uma história quase  clichê, Boa Noite se revelou uma leitura envolvente que consegue se destacar por abordar temas atuais de forma leve e ao mesmo tempo realista.

A boa filha, boa aluna, boa menina a nerd esquisitona, esses foram os rótulos que durante toda a adolescência acompanharam Alina. Porém agora prestes a começar o curso de Engenharia da Computação em uma cidade nova, morando em uma república com pessoas que não conhecem o seu passado, Alina vê a oportunidade perfeita de deixar todos os rótulos para trás e começar de novo. Não que ela tivesse algo para esconder ou se envergonhar,  mas ser sempre a boazinha nunca fez dela a garota mais popular do colégio e no fundo Alina sempre quis ser descolada e sentir que pertencia a um grupo.

O inicio dessa nova vida se mostra promissor para Alina, e nem mesmo o preconceito e as piadinhas sem graça dos rapazes do seu curso conseguem desmotiva-la. Muito pelo contrário fazem com que Alina se sinta desafia a mostrar que eles estão errados. Seus companheiros de república são maravilhosos, e logo ela está indo para as festas mais badaladas da Universidade com Manu, Talita, Bernardo e Gustavo. Nesse ambiente de festas, bebidas e romances curtos uma página de fofocas surge. Nela são postadas todo o tipo de fofocas sobre os universitários, mas são as mensagens de abusos e uso de drogas que realmente tornam a página popular.

De repente o sonho de ser uma pessoa diferente se torna um pesadelo para Alina, e ela se vê tragada para um lado não tão glamouroso da vida universitária. E mesmo que sua vontade seja voltar para casa e sua rotina tranquila de antes, Alina percebe que lá não é mais o seu lugar. E que agora é a sua chance de realmente fazer a diferença.

Com um plano de fundo que aborda temas como, abuso sexual e o uso de drogas nas universidades, preconceito racial, homofobia e o machismo que infelizmente ainda está muito presente em nossa sociedade, Boa Noite é uma leitura que prende nossa atenção logo nos primeiros capítulos. Pam Gonçalves trabalha bem como esses elementos, embora em minha opinião tenha faltado um aprofundamento maior em alguns. E o fato de tudo se desenvolver rápido demais na história foi algo que infelizmente me incomodou um pouco também.

Além disso, fiquei com a impressão que a personagem principal não tinha muita “personalidade” e que se deixava levar muito pelos outros.  Sabe aquela típica pessoa “Maria vai com as outras”? Foi exatamente essa a visão que tive da Alina. Ela tem uma necessidade tão grande de fazer amigos e se enturmar que acaba se permitindo ser arrastada para lugares e situações que no fundo a própria Alina sentia que não combinavam com ela. Igual quando você sabe que uma coisa não vai dar certo e faz mesmo assim (quem nunca?). E tudo bem, entendo que para ela é tudo novo e que de certa forma ela buscava esse novo começo.

O problema é que as coisas não acontecem de forma gradativa e sim em um intervalo relativamente pequeno, o que acaba reforçando ainda mais a sensação que a Alina deixa-se levar muito facilmente pelas outras pessoas. Tanto que os personagens secundários conseguem se destacar mais do que a própria protagonista na história, mesmo ela se “redimindo” um pouco no final.

Gostei especialmente da Manu e fiquei bastante curiosa para saber mais sobre ela. A Manu possui aquele tipo de personalidade intrigante em que é visível que tem muito do seu passado que ela busca esconder. Outro personagem que me chamou atenção é Gustavo, que além de ser um fofo tem uma história própria bem interessante. A Talita e o Bernardo também desempenham um papel importante na trama, apesar de ambos ficaram mais em segundo plano na narrativa.

Boa Noite foi um livro que me surpreendeu, pela forma leve como a autora abordou temas tão complexos e pesados. No contexto geral gostei bastante do que encontrei aqui, porém não posso negar que senti uma certa superficialidade e que teria gostado mais se alguns pontos tivessem tido um aprofundamento maior. As coisas vão evoluindo de forma muita acelerada e quando você se prepara para o grande clímax a história acaba. E isso me deixou um pouquinho frustrada, afinal sou aquele tipo de leitora que adora reviravoltas impactantes, momentos de tensão e cenas emocionantes.

Pam Gonçalves soube aproveitar o cenário atual para escrever uma história que mesmo possuindo um final bem clichê, nos deixa com aquele sorriso bobo no rosto. Só que o mais importante aqui é a mensagem que a autora passa, sobre a igualdade de gênero, você ser você mesmo e que no mundo não há mais espaço para nenhum tipo de preconceito. A caminhada é longa e ainda estamos andando devagar e a passos curtos, mas o importante é que essa mudança já começou.

“Sentirei saudade, mas ali realmente não é mais o meu lugar. Eu preciso encarar a situação. Não vou deixar que outras pessoas definam que sou.”

Com uma narrativa fluida, Boa Noite é um livro que traz reflexões importante e ao mesmo tempo que agrada quem está em busca de uma leitura rápida e despretensiosa. Um começo realmente promissor para uma jovem autora nacional. Recomendo!

setembro 18, 2016

As Letras do Amor por Paula Ottoni

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.
ISBN: 9788581638430
Editora: Novas Páginas
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 224
Classificação: Regular
Sinopse: Bianca acabou de largar um curso de graduação de que não gostava, seus pais vão se divorciar e seus irmãos pequenos estão cada dia mais barulhentos. A oportunidade perfeita de escapar surge quando seu namorado, Miguel, resolve ir a Roma abrir uma empresa para o pai. Bianca decide que aprender italiano, arrumar um trabalho temporário e ajudar Miguel em seu negócio será um bom começo. O que parecia um sonho, porém, torna-se uma incerteza ainda maior quando Miguel fica sempre fora de casa, os empregos de Bianca não duram mais que uma semana, e, cada dia mais próxima de Enzo – o melhor amigo de Miguel, com quem moram –, ela começa a questionar seus sentimentos.

Gosto de intercalar livros com uma carga emocional mais “pesada” com histórias mais leves e bonitinhas. Por esse motivo A Letras do Amor da Paula Ottoni me pareceu à escolha perfeita para o momento. Porém logo nas primeiras páginas ficou evidente para essa que vos escreve, que a autora desenvolveria sua trama baseada em fórmulas antigas e que hoje em dia já não funcionam tão bem. O que infelizmente acabou resultando em uma narrativa que anda, mas que não sai do lugar.

Bianca está de malas prontas para passar seis meses em Roma com Miguel, seu namorado. A viagem veio em boa hora, afinal ela acabou de largar o curso de Pedagogia e o clima em sua casa com a separação eminente de seus pais está cada vez pior. A viagem começa como a promessa que Bianca ao lado de Miguel viverá um verdadeiro conto de fadas. Mas conforme o tempo passa e Miguel fica cada dia mais distante por conta das suas preocupações com o trabalho, Bianca encontra em Enzo, o melhor amigo dele a companhia perfeita com quem dividir e passar seus dias.

Os problemas começam quando o relacionamento entre Bianca e Miguel esfria, fazendo ela  se dar conta que seus sentimentos por Enzo são mais profundos do que uma simples amizade. Entre lugares deslumbrantes, tardes jogando vídeo game e empregos temporários, Bianca vai tentando descobrir qual é o melhor caminho a tomar. E embora ela não pretenda magoar ninguém durante o percurso, Bianca sabe que ela mesma corre o risco de terminar essa viagem mágica com seu coração partido.

As Letras do Amor chega com uma premissa de ser mais um típico “romance gracinha” e açucarado no melhor estilo Sessão da Tarde. Só que logo nas primeiras páginas Paula Ottoni “peca” deixando tudo óbvio demais, o que tornou toda a “enrolação” e principalmente o drama desnecessário. E vocês sabem que não ligo para clichê, mas acredito que mesmo em uma história previsível o “elemento surpresa” é bem vindo. Algo que não acontece aqui.

E de verdade a meu ver problema nem foi o “bendito” triângulo amoroso. O que me deixou realmente “frustrada” foi o fato dos personagens serem exageradamente estereotipados. Adoro acompanhar o crescimento emocional dos personagens nos livros que leio, e apesar da Bianca ter passado por algumas situações complicadas, em nenhum momento vi o amadurecimento da personagem. Ela termina exatamente do jeito que começou.

Outro ponto que me incomodou é à forma como a autora desenvolveu os personagens masculinos. Mesmo não gostando muito da ideia, não me “importo” com triângulos amorosos desde que esse recurso seja bem desenvolvido e os personagens em questão estejam em pé de igualdade. Só que aqui fiquei com a sensação que durante a narrativa somos meio que “induzidos” a gostar de um personagem por que ele é a caracterização perfeita de um príncipe encantado, enquanto o outro é a antítese de tudo isso.

Eles são tipo Yin e Yang, Capitão América e Homem de Ferro, Batman e Superman, - bem vocês me entenderam. E juro que em uma determinada situação o meu pensamento foi, “Fia porque você ainda está com ele?”. E tipo, por mais que o Enzo seja um fofo e tudo mais, ele tem algumas atitudes bem “infantis” e que me irritaram bastante. Já o Miguel, o moço fica meio que “sobrando” na trama o tempo todo (...). Triste, eu sei.

O detalhe que mais gostei do livro é que a narrativa da Paula Ottoni consegue nos transportar para Itália.  Ela foi impecável ao inserir os personagens em cenários reais, dando a história um toque agradável.  O grande problema mesmo em minha opinião foi que a autora não soube como desenvolver bem o que tinha em mente, criando uma trama que além de previsível não consegue de modo algum ser convincente.

“Os obstáculos não existem apenas para tornar as coisas mais difíceis ou interessantes, mas para mostrar que quando estes surgem, é também o momento em que a realidade se apresenta e surge a possibilidade de um recomeço.”

Apesar de As Letras do Amor possuir uma narrativa leve, não consegui me envolver com a história e seus personagens. Senti falta do romance propriamente dito, pois a história em si só dá voltas e mais voltas para retornar ao seu ponto de partida. Queria pelo menos ter sentido alguma empatia pelos personagens, mas isso também não aconteceu. Pode ser que eu tenha lido o livro em um momento “errado”, ou que a minha “chatice literária” esteja no seu nível máximo. Por isso sugiro que para quem tem interesse no livro leia ele sim, e tire suas próprias conclusões.

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