Quem acompanha o blog há mais tempo, sabe que não gosto de publicar resenhas
"negativas". Em minha opinião, a leitura é algo muito individual e às vezes um livro com o qual não tive uma boa experiência, pode ser o livro da vida de outra pessoa e vice-versa. Porém no caso específico de
A Coroa da Vingança da autora
Colleen Houck, preciso
desabafar.
De verdade, até agora eu estou me perguntando o que a Colleen tomou para escrever o último livro da série
Deuses do Egito. Sério, em alguns momentos os fatos narrados são tão inacreditáveis, que chegam a beirar o absurdo. Então já peço desculpas antecipadas porque sim, vou abrir meu coração para vocês e
sem dar spoilers.
• ISBN: 9788580417876
• Editora: Arqueiro
• Ano de Lançamento: 2018
• Número de páginas: 416
• Classificação: Tentando entender o que aconteceu até agora
Sinopse: Deuses do Egito - Livro 03
Em A Coroa da Vingança, terceira e última aventura da série Deuses do Egito, Colleen Houck nos presenteia com um desfecho tão surpreendente e inspirador quanto o elaborado universo mitológico que criou. Meses após sua pacata vida como herdeira milionária sofrer uma reviravolta e ela embarcar numa vertiginosa jornada pelo Egito, Liliana Young está praticamente de volta à estaca zero. Suas lembranças das aventuras egípcias e, especialmente, de Amon, o príncipe do sol, foram apagadas, e só resta a Lily atribuir os vestígios de estranhos acontecimentos a um sonho exótico. A não ser por um detalhe: duas estranhas vozes em sua mente, que pertencem a uma leoa e uma fada, a convencem de que ela não é mais a mesma e que seu corpo está se preparando para se transformar em outro ser. Enquanto tenta dar sentido a tudo isso, Lily descobre que as forças do mal almejam destruir muito mais que sua sanidade mental – o que está em jogo é o futuro da humanidade. Seth, o obscuro deus do caos, está prestes a se libertar da prisão onde se encontra confinado há milhares de anos, decidido a destruir o mundo e todos os deuses. Para enfrentá-lo de uma vez por todas, Lily se une a Amon e seus dois irmãos nesta terceira e última aventura da série Deuses do Egito.
Logo que iniciei a leitura de
O Despertar do Príncipe, já pressenti que teria algum tipo de problema com o desenvolvimento dessa série. Mas como amo tudo que tem o plano de fundo mitologias antigas, resolvi dar uma chance para a história da jovem
Lily e a múmia renascida, quero dizer o príncipe egípcio
Amon.
Mesmo com semelhanças com a
Saga do Tigre, outra obra da autora, O Despertar do Príncipe foi um começo promissor em especial porque apresentou bons personagens como, os príncipes
Asten e
Ahmose, além do carismático
Dr. Hassan. Porém no segundo livro,
O Coração da Esfinge a narrativa já trilhou um caminho perigoso em que a cada capítulo, a sensação que eu tinha era que estava
“relendo uma versão não tão boa" da história de Ren, Kelsey e Kishan, mas como personagens diferentes.
Gosto muito da escrita da Colleen Houck e a Saga do Tigre é uma das minhas favoritas, mas isso não me impede de ver os vários problemas na construção da sua história. Problemas esses, que infelizmente se repetem aqui e de certa forma, conseguem ser maiores.
O primeiro ponto pode até passar despercebido por quem não tem tanto interesse em mitologia, mas o fato de a autora inserir elementos de outras mitologias como a chinesa, grega e a celta em uma história que tem como base os mitos egípcios, deixou a narrativa em diversos momentos destoante. Em várias passagens parei a leitura e me perguntei:
“Mas o que isso tem a ver com o Egito antigo?”. A situação chegou a um extremo tão grande, que sempre que algo novo surgia, eu pesquisava para saber qual era a origem.
Só que isso é algo que mesmo eu sendo
chata consigo relevar, afinal temos a famosa
“licença poética” e talvez pouquíssimos leitores tenham se atentado a esse detalhe. Porém não tem como, (agora começa o desabafo) não ter uma síncope nervosa com o rumo que a Colleen deu para a história.
Lily sofre a síndrome da donzela indefesa e em perigo pela qual, todos os homens se apaixonam. Em A Coroa da Vingança, ela se comporta como uma criança mimada que age por impulso e com isso, acaba colocando a vida dos outros em perigo. Além disso, o recurso utilizado pela autora da personagem possuir duas outras pessoas em sua mente, a
Tia a leoa e
Ashleigh a fada e por isso, suas ações e sentimentos não são claros torna tudo ainda mais confuso e desnecessário. Não sei quantas vezes tive que parar e respirar fundo, para não gritar de frustração enquanto lia esse livro.
Amon que no segundo livro foi quase figura decorativa aqui repetiu o papel, o que só me fez pensar em qual parte da construção da série a Colleen resolveu que ele não seria mais o protagonista. O Asten coitado, entra mudo e sai quase calado, fora que há um drama gigantesco relacionado a ele que além de óbvio, termina de uma forma tosca como se nada tivesse acontecido. Até agora me pego pensando qual foi a necessidade de tantas lágrimas (dos personagens e não minhas porque quando chegou nessa parte, eu já estava soltando fogo pelas ventas) para depois ficar todo mundo com cara de paisagem.
Já o Ahmose, aí gente que dó desse moço. Tudo bem que dentre os três príncipes, o Ahmose é o mais sério e reservado, mas ele não merecia o que a autora faz aqui. A Colleen o transformou em um personagem carente, disposto a qualquer sacrifício por uma migalha de atenção que a Lily possa oferecer. A Tia e Ashleigh conseguem ser tão insuportáveis, quanto a sua
"hospedeira" e só deixam a narrativa mais caótica e dramática sem necessidade alguma. Aliás, o que não falta é coisa desnecessária nesse livro.
Todos os desafios apresentados aos protagonistas parecem ser impossíveis. Você lê páginas e mais páginas com os personagens lutando e sofrendo para no último momento, a solução milagrosamente aparecer.
Mas nada, nada mesmo consegue ser tão decepcionante quanto a participação do grande vilão da história, o deus
Seth. Peço perdão ao
Valentim Morgenstern, pelo dia que chamei ele de vilão decorativo. Não vou entrar em detalhes aqui para não dar spoilers, mas eu fique tipo:
“Gente! Como assim? Não acredito que li quatro livros para isso.” Quanto mais próximo do capítulo final, mais reviravoltas sem pé e sem cabeça a autora foi criando. E se já não bastasse a Colleen inserir na história mitos que não tem ligação nenhuma com o Egito, na tentativa de dar um final feliz para todo mundo, a solução encontrada pela autora, foi a gota d'água. A partir desse ponto eu comecei a chorar, mas de raiva mesmo.
Terminei a leitura exausta, sem saber o que pensar e o que sentir. Colleen Houck me encantou com sua escrita em A Saga do Tigre, mas depois da experiência desastrosa que tive com O Despertar dos Deuses, vou dar um tempo nas obras da autora.
|
© Ariane Gisele Reis.
|
“Não podemos mudar a direção do vento, meu amor, mas podemos nos alinhar de modo que ele não nos derrube.”
Antes que vocês pensem que as minhas expectativas que estavam altas, posso garantir que a única coisa que esperava encontrar, era um final satisfatório com toques de romance a aventura. Porém só me deparei com uma narrativa arrastada do começo ao fim em que nada fez sentido algum.
Conforme mencionei no começo da resenha, não gosto de trazer opiniões negativas. Mas como vocês puderam perceber, essa blogueira aqui realmente precisava desabafar. Por isso, se alguém que está lendo essa resenha tiver interesse de ler a série,- leia. Às vezes a sua visão da história, vai ser completamente diferente da minha.